Demitido porta-voz do sistema de transplante de órgão do regime Chinês

17/03/2013 16:21 Atualizado: 20/04/2014 21:12
Reestruturação deixa vice-ministro Huang Jiefu sem emprego, semanas após ele sugerir reforma
O vice-ministro da saúde chinês Huang Jiefu numa reunião na Índia da Organização Mundial de Saúde em julho de 2006 (Raveendran/AFP/Getty Images)

Em 12 de março, o Conselho de Estado da República Popular da China (RPC) anunciou que a posição de vice-ministro da saúde, ultimamente ocupada por Huang Jiefu, seria eliminada no recente plano de reestruturação institucional. A demissão de Huang Jiefu vem na esteira de comentários que ele fez em 25 de fevereiro, sugerindo que menor dependência de prisioneiros executados seria necessária para a reforma do sistema de transplante de órgãos na China.

Huang Jiefu foi cercado por repórteres em 12 de março no portão norte do Grande Salão do Povo. O Diário Expresso de Guangzhou citou-o dizendo, “Como o último vice-ministro da saúde, eu acho que está bem […] Sairei e recomeçarei no Grupo Médico e de Saúde da Conferência Consultiva Política Popular (CCPP) e continuarei a apoiar a reforma.”

O analista Zhang Tianliang disse ao Epoch Times, “Não é incomum que oficiais de alto escalão que deixam seus cargos terminem no Congresso Popular Nacional (CPN) ou na CCPP por até cinco anos antes da aposentadoria integral.”

Como vice-ministro da saúde desde 2001, Huang Jiefu tem sido a face pública do sistema de transplante de órgãos na China.

Nesta função, ele foi o encarregado do regime a lidar com a descoberta de que os hospitais da China estavam envolvidos em crimes sistemáticos contra a humanidade. Em março de 2006, o mundo soube que o sistema de transplante de órgãos era abastecidos com órgãos retirados de prisioneiros da consciência, predominantemente praticantes do Falun Gong.

Huang Jiefu falou algumas vezes sobre a reforma do sistema, mas nunca teve poder para fazer algo a respeito. Ele não tinha autoridade sobre os hospitais militares, que, de acordo com investigadores, representam a maioria dos casos de colheita de órgãos.

No livro-relatório investigativo “Colheita Sangrenta” de David Kilgour e David Matas, eles afirmam que pelo menos 41 mil transplantes ocorreram entre 2000 e 2005, cujas fontes mais prováveis dos órgãos foram os adeptos do Falun Gong. Eles acreditam que a coleta de órgãos na China continua até hoje, com quase 10 mil órgãos transplantados por ano desses prisioneiros da consciência.

Em julho de 1999, o então líder chinês Jiang Zemin lançou uma campanha para erradicar a prática espiritual do Falun Gong, em parte por temer que os ensinamentos morais tradicionais da disciplina atraíssem o povo chinês mais do que a doutrina comunista, o que enfraqueceria seu poder e do Partido Comunista Chinês (PCC).

A conscientização sobre a atrocidade da colheita de órgãos na China – tanto a nível internacional como no próprio país – tem crescido nos últimos anos. Com a aposentadoria forçada de Huang Jiefu, a internet chinesa ganhou vida com teorias sobre as possíveis conexões entre os pontos de vista Huang Jiefu sobre a colheita de órgãos e sua demissão.

Questões levantadas

Em 5 de março, na abertura do CPN, um internauta com pseudônimo “Equidade e justiça proibidas” postou num microblogue no Sina Weibo (uma plataforma similar ao Twitter) imagens de tela de três notícias contraditórias divulgadas pelo Ministério da Saúde sobre a “colheita de órgãos de prisioneiros executados”. A postagem do internauta, apesar de eliminada pelos censores do regime, causou sensação e foi repostada amplamente.

“Quando tentei reunir os fatos em diferentes reportagens [sobre a colheita de órgãos], percebi que eu não tinha a sabedoria ou a informação necessária para seguir sua lógica”, escreveu o internauta.

O primeiro artigo citado por ele negava que órgãos transplantados tivessem sido extraídos a revelia dos prisioneiros executados.

O website do Dia Oriental citou Mao Qun’an, o porta-voz do Ministério da Saúde Pública, dizendo em 11 de abril de 2006 que, “A alegação de que órgãos transplantados na China vêm de prisioneiros executados é uma farsa.”

A manchete da segunda reportagem era, “Ministério da Saúde: A fonte principal de órgãos vem de prisioneiros executados”, que foi publicada pelo jornal Beijing Times em 7 de março de 2012.

A terceira reportagem foi publicada no China.org em 5 de março de 2013, o dia de abertura do CPN e era intitulada “Ministério da Saúde: Em dois anos, a fonte de órgãos transplantados não dependerá de prisioneiros executados”.

Em 25 de fevereiro, Huang Jiefu tinha admitido que a China era o único país no mundo a usar sistematicamente órgãos de prisioneiros executados. Em lágrimas, ele declarou que “os médicos chineses de transplante de órgãos finalmente podem mostrar suas habilidades no palco internacional” com a criação do Centro Nacional de Doação de Órgãos Humanos, segundo a mídia estatal Diário Jovem de Pequim.

O objetivo do Centro é estabelecer cooperação na distribuição de órgãos para hospitais de transplante na China. Mas com fortes proibições culturais sobre a doação de órgãos na China, resultando numa ínfima quantidade de órgãos doados voluntariamente, não está claro como esse Centro fará para safar o regime de sua dependência de órgãos de prisioneiros sacrificados, independente das esperanças expressas por Huang Jiefu.

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