Demissão de oficiais em Xangai indica queda de ex-líder, Jiang Zemin

28/04/2015 15:02 Atualizado: 28/04/2015 15:02

A silenciosa remoção de alguns oficiais da indústria do aço, da segurança e da vigilância em Xangai, que há muito vêm sendo a fortaleza de Jiang Zemin, o antigo líder do Partido Comunista Chinês, indica que Xi Jinping, o atual dirigente do Partido, está consolidando o controle sobre a cidade desde que assumiu o poder, há dois anos.

Recentemente, isso tornou-se evidente com a substituição de alguns oficiais no 14.º Congresso do Comitê Municipal de Shanghai, que ocorreu nos dias 15 e 16 de abril. Três chefes do governo local foram removidos, e novas nomeações foram instituídas: Dong Weimin substituiu Zhu Xiaochao na Agência de Segurança do Estado de Xangai; Zhu Qinhao sucedeu a Shi Xiaolin na Administração Civil de Xangai; e Zhang Xiaosong sucedeu a Li Mingjun como chefe das Relações Exteriores do Governo Municipal de Xangai.

A demissão do anterior chefe de segurança de Xangai, Zhu Xiaochao, parece fazer parte de uma tendência mais generalizada: Ma Jiang, vice-ministro da Segurança do Estado e chefe do Zhu, foi investigado por corrupção em janeiro, e Zhou Yongkang, o antigo czar da segurança do regime chinês, foi acusado de três crimes em março.

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Zhu, Ma e Zhou têm ligações com Jiang Zemin, que tem tido o papel de “padrinho” no regime chinês desde que deixou de ser o dirigente do Partido em 2002. A remoção destes oficiais de segurança sugere que Xi Jinping está assumindo o controle da segurança nacional, libertando a agência da influência dos oficiais leais a Zhou Yongkang e a Jiang Zemin, que efetivamente fizeram da agência um reinado pessoal por mais de uma década.

Um estudo sobre outras recentes investigações à corrupção em altos cargos entre os oficiais de Xangai sugere que Xi pretende realizar uma ampla purga na base de poder de Jiang Zemin, e que não se trata de uma simples renovação na agência de segurança.

No dia 17 de março, Dai Haibo, o ex-vice chefe da Zona de Comércio Livre de Xangai, foi investigado por “violação grave das leis e disciplina do partido”, um termo do Partido Comunista para designar corrupção grave. Dai foi demitido no dia 8 de abril. Foi dito que Dai mantinha relações políticas e comerciais com os filhos de Jiang Zemin.

Há também o caso da remoção de Ma Xiadong, o antigo responsável principal pela agência de ciência e tecnologia de informação do Partido Comunista, que ocorreu em meados de março deste ano.

Sabe-se que Ma teve um papel proeminente no desenvolvimento do “Projeto Escudo Dourado”, um sistema de vigilância que visa dissidentes usando operações de vigilância sofisticadas. Uma ação no tribunal da Califórnia, assim como investigadores, apontam que os praticantes de Falun Gong, um grupo que pratica meditação e se rege por valores espirituais, contra o qual Jiang Zemin ordenou uma brutal perseguição, são um dos principais alvos do projeto. O ativista chinês e escritor, Wang Yuanfei, afirma que Jiang Zemin se envolveu pessoalmente com o projeto “Escudo Dourado”, junto com seu filho Jiang Mianheng, com o antigo chefe de segurança Luo Gan, o chefe de segurança pública Zhu Entao e outros.

No final de março, Cui Jian, um executivo da Corporação Shanghai Baosteel Group, foi investigado por “sérias violações de disciplina”. O comentador político Xia Xiaoqiang, afirma que a ação que visa a Baosteel, uma proeminente companhia estatal do ramo do ferro e aço, representa um avanço significativo na campanha anticorrupção de Xi, pois muitas empresas estatais em Xangai são controladas pela família de Jiang e seus aliados.