A demanda reprimida da direita brasileira

30/01/2014 13:39 Atualizado: 30/01/2014 15:11

Não resta dúvida de que há muito espaço para as mentalidades liberais e conservadoras no Brasil e que haja uma grande demanda reprimida por indivíduos que assumam tais posições na política, na mídia, na educação e na cultura.

Em 2013 vimos livros de autores liberais e/ou conservadores entre os mais vendidos, como “O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” (de Carvalho, Olavo, Editora Record, Rio de Janeiro/RJ, 2013) e “Esquerda Caviar”, do economista Rodrigo Constantino.

Também houve a conquista de mais espaço nas grandes mídias, como a entrada do jornalista Reinaldo Azevedo, junto com Rodrigo Constantino (que também entrou para a equipe de colunistas do Blog da maior revista do país: a Veja, que já contava com Reinaldo Azevedo) e do jornalista e sociólogo Demétrio Magnoli no jornal Folha de São Paulo, que já contava com o filósofo Luiz Felipe Pondé.

Falando da Revista Veja, temos o compositor e cantor Lobão no time de colunistas, logo após conquistar enorme sucesso de vendas com seu livro “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”, onde, principalmente, faz diversas críticas à esquerda brasileira, diversos ícones desta e sobre sua área de atuação. Também aproveitando o gancho da Veja, um de seus principais colunistas (desde 1999), Diogo Mainardi, entrou em 2012 para a equipe de apresentadores do programa dominical Manhattan Connection, transmitido pela Globo News (canal de TV por assinatura).

Todos estão situados à direita, sejam conservadores e/ou liberais. Essa expansão de formadores de opinião da “direita conservadora” e dos liberais resultou na atração de diversos leitores ávidos por entrar em contato com opiniões, posições e pensamentos dessas “escolas”, ajudando a desmistificar muito do que se fala sobre a direita.

Mesmo que ainda estejamos numericamente em desvantagem, e não me surpreenderá se em cada 10 formadores de opinião 8 forem esquerdistas, começa-se a notar a formação de uma minoria organizada da direita para combater a massa arrogante da esquerda. E bota arrogante nisso, pois enquanto a minoria precisa se organizar e estudar muito, ou seja, se preparar seriamente, a massa acredita que possui o monopólio de todas as virtudes e que somente o que pensa está correto, não se preocupando com essa preparação.

Logo, enquanto vemos indivíduos melhor preparados entre conservadores e liberais, na esquerda há a clara manifestação dos discursos emocionais, falaciosos e desprovidos de lógica e razão. Um grande exemplo disso é quando confrontamos os esquerdistas com fatos históricos, dados, pesquisas, estudos, fontes, lógica e razão e temos de volta a negação da credibilidade de toda fonte apresentada e de destruir a credibilidade do debatedor através de ataques pessoais ao invés de apresentação de argumentos para refutar o que foi exposto.  Quando tais táticas não funcionam e surgem as agressões diretas é que ficam ainda mais óbvias a falta de preparo e a arrogância dos esquerdistas e idiotas úteis.

Quando, por exemplo, ao defender os índices de Cuba e ser confrontado com os fatos de que já eram altos antes da revolução e que apesar de um pequeno aumento perderam muitas posições nos rankings das organizações que os medem, somado à apresentação de fontes que legitima, tais dados, os esquerdistas não fogem ao comportamento citado.

Por esse comportamento e pelas constantes agressões às liberdades individuais, a esquerda tem cedido mais espaço (ainda que não tão maior) às ideias de conservadores e liberais. E há a percepção da esquerda desse aumento do espaço para a direita e isso é fácil de notar quando reparamos nas reações da esquerda sempre que há aumento da visibilidade ou conquista de espaço na mídia de um conservador e/ou liberal. Bastou Reinaldo Azevedo entrar para a Folha de São Paulo e outros colunistas do próprio jornal fizeram ataques, o mesmo a Rodrigo Constantino que também entrou para a equipe. Bastou Lobão entrar em evidência e criticar a esquerda expondo suas falácias e vícios, para que Emir Sader escrevesse um artigo criticando o compositor, cantor e escritor, que respondeu com maestria. Há até blog dedicado a difamar o colunista da Veja, Diogo Mainardi, e cuja criação ocorreu após a entrada deste para o Manhattan Connection, do qual já participava da mesa de debates desde antes de 2010 quando ainda era na GNT e o jornalista morava em Veneza.

O que dizer então da apresentadora do SBT Brasil, Rachel Sheherazade, uma conservadora apresentando o principal jornal televisivo de uma grande emissora? Que absurdo! Pior ainda saber que ela chegou lá por mérito, algo que a esquerda odeia. No fim de 2013, rendeu votos de um esquerdista conhecido, Paulo Ghiraldelli Jr., para que em 2014 fosse estuprada.

Imagina então quando a mesma emissora, o SBT, contrata um liberal em ascensão na televisão, o comediante Danilo Gentilli, que terá um Talk Show nos moldes do que apresentava na TV Bandeirantes. A revolta com Gentilli já era grande por suas críticas públicas ao esquerdismo e suas sátiras sobre personagens como a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e outros tantos. Quando vazou a notícia sobre a possibilidade de contratação pelo SBT, a revolta e desespero foram tantos que indivíduos da Militância em Ambientes Virtuais (MVA) do Partido dos Trabalhadores (PT), militantes pagos pelo partido para fazer propaganda e atacar “inimigos” na internet (normalmente utilizam perfil falso), denunciaram falsamente seu perfil no Facebook até que este saísse do ar. O perfil foi recuperado e blindado contra tais ações.

Ao serem questionados sobre o episódio com Gentili, os responsáveis pela cibermilitância e imprensa do PT mostram posições distintas. Enquanto o responsável pela imprensa, Geraldo Magela, afirma que pode ter sido uma ação isolada de determinado grupo, o responsável por essas ações, Alberto Catalice, afirma que Gentili é um difamador e que o PT é vítima de censura.

Vale ressaltar dois pontos:

1 – Magela também disse que não é possível controlar essas coisas. Ora, Magela, como você tem um serviço que não consegue controlar? Vai-me dizer que cuidam do partido igual o fazem com o país? Isso é absurdo. Não ter controle algum sobre os próprios funcionários.

2 – Catalice, por favor, me responda: como é sofrer censura em um país governado há 11 anos pelo próprio partido?  Quem censura o PT sendo que há diversos veículos financiados pelo Governo Federal e jornalistas, autores, atores, etc, em todos os lugares que são defensores do partido? Vai começar a pensar antes de falar a partir de quando? Ou você é desonesto intelectual mesmo?

Por fim, 2013 finalizou com o Globo News Painel tendo a participação só de conservadores e liberais para discutir justamente sobre o tema deste artigo. Participaram: Reinaldo Azevedo, Luiz Felipe Pondé, o sociólogo Bolivar Lamounier e o jornalista William Waack (responsável pela condução do debate).

Chamo a demanda de reprimida, pois por muitos anos houve sim repressão e censura aos autores, escritores, colunistas, jornalistas, enfim, personalidades ou não, indivíduos com entrada na mídia e visibilidade que assumissem posições conservadoras e/ou liberais. Tudo isso ocorreu através de campanhas difamatórias, sufocamento político e econômico de veículos midiáticos, ataques de militantes organizados, demonização do pensamento e manutenção e expansão de falácias de interesse da esquerda.

Há muito espaço para expansão e divulgação das posições, pensamentos e argumentos conservadores e liberais no Brasil e esse é um dos principais temores da esquerda, que é capaz de fazer qualquer coisa para impedir.

Roberto Barricelli, Jornalista e colaborador do Instituto Liberal. Autor de blogs, jornalista, poeta e escritor. Roberto Lacerda Barricelli é paulistano, assumidamente Liberal, e um voluntário na resistência às doutrinas coletivistas e autoritárias

Esse conteúdo foi originalmente publicado no site do Instituto Liberal