Apenas três meses atrás, eu era um firme defensor da ideia do aquecimento global causado pela atividade humana. Afinal, isso fazia todo o sentido para mim. A queima de combustíveis fósseis produziria dióxido de carbono, criando o efeito estufa que aqueceria o planeta Terra. Muitos dos principais cientistas do clima do mundo afirmariam isto, e eu acreditava que eles não podiam estar todos errados.
Então, o inverno canadense aconteceu. As temperaturas caíram para -27ºC no mês de novembro, algo que eu nunca tinha visto antes. Toda a América do Norte foi capturada neste clima congelante. Isso ocorreu na Índia também, onde as temperaturas baixas de dezembro em muitas partes do país quebraram recordes de 17 anos.
Estatisticamente, uma intempérie significa muito pouco. Então, eu verifiquei os registros históricos de temperatura globais pelas duas últimas décadas no website da NASA. Para minha surpresa, descobri que a temperatura global média nos últimos 17 anos não mostrava tendência de aquecimento significativo. Na verdade, a temperatura global em 2012 foi menor do que em 2002. Essa tendência, que se estende ao longo de 17 anos, não poderia ser descartada como um único evento climático.
Os cientistas do clima do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), patrocinado pela ONU, estão cientes desta tendência, que frequentemente eles chamam de uma “pausa” ou “hiato” no aumento da temperatura global.
Alguns tentaram explicá-lo, dizendo que o excesso de calor está sendo absorvido pelos oceanos e que as temperaturas subirão novamente. Alguns apontam para o aumento do nível do oceano como um indicador do aquecimento global, no entanto, os níveis do mar têm aumentado gradualmente por pelo menos 100 anos, muito antes de a atividade humana produzir quantidades significativas de gases de efeito estufa.
Alguns cientistas avançaram a teoria de que os ciclos climáticos naturais podem ter obscurecido os efeitos do aquecimento global provocado pelo homem. Eles apontam em direção a um ciclo de 30 anos em correntes oceânicas como a causa. Tudo o que isso realmente significa é que, talvez, os ciclos climáticos naturais desempenhem um papel mais importante no aquecimento ou resfriamento global do que foi antecipado pelos cientistas.
Como os cientistas sabem que o aquecimento global está ocorrendo? Eles baseiam suas previsões em modelos de computador que simulam os efeitos dos gases de efeito estufa “forçando” a temperatura global. Estes modelos foram desenvolvidos cerca de 20 anos atrás, quando a Terra estava numa fase de aquecimento. Para aquele momento específico e curto, os resultados dos modelos de computador correspondem aos dados históricos razoavelmente bem. Mas isto já não é o caso desde então.
Um estudo recente realizado por cientistas canadenses oferece algumas pistas sobre o que está ocorrendo hoje. Foi publicado na revista Nature Climate Change em setembro de 2013, intitulado “Aquecimento global nos últimos 20 anos foi sobrestimado”.
O estudo examinou 117 simulações de computador de 37 modelos diferentes de mudança climática no Projeto Comparativo de Modelos. Constatou-se que, nos últimos 20 anos, os modelos de computador superestimaram o aquecimento global em 50%.
Nos últimos 15 anos, o estudo observou que a tendência da temperatura global variou entre 0,05ºC para mais e 0,08ºC para menos por década, não significativamente diferente de zero, apontando para um hiato no aquecimento global. Na melhor das hipóteses, o aumento real da temperatura, se é que houve algum, foi quatro vezes menor do que os modelos de computador previam.
Cientistas frequentemente usam o termo “mudança climática” em vez de “aquecimento global”, mas a mudança de terminologia simplesmente confunde as questões. A mudança climática é mais difícil de quantificar do que o aquecimento global, tornando mais difícil a relação de causa e efeito. Se houver um furacão nas Filipinas, como podemos provar ou refutar se ele está relacionado às emissões de gases de efeito estufa? Se o furacão Sandy ataca, existe uma ligação com os gases de efeito estufa?
Por outro lado, é mais fácil quantificar o aquecimento ou resfriamento global. Tudo o que precisamos observar é a temperatura média da superfície do solo ou no mar durante um período de tempo. É relativamente fácil comparar isso com os níveis observados de dióxido de carbono na atmosfera para ver se há alguma correlação.
Independentemente de saber se o planeta está aquecendo ou resfriando, temos de reduzir a poluição do ar e da superfície. A poluição do ar está causando graves problemas de saúde em muitas partes do mundo, incluindo países como Índia e China. A poluição da superfície é ainda pior, já que os poluentes podem permanecer no solo por décadas, se infiltrando nos sistemas de água.
Acima de tudo, precisamos desenvolver fontes de energia mais limpas, que causem menos danos à Terra em que vivemos.
Niraj Chandra é engenheiro e autor de um livro sobre energia renovável