“Não deixe ninguém dizer a você que empresas e corporações criam empregos.” Hillary Clinton
Não, caro leitor, eu não estou inventando isso. A futura candidata ao cargo mais importante e poderoso do planeta realmente disse a frase em epígrafe. Quem não acredita, basta assistir ao vídeo.
É estupefaciente que uma candidata a presidência dos Estados Unidos da América, país considerado por muitos como o último bastião do capitalismo no mundo, diga uma asneira dessas e ainda seja aplaudida pela plateia. Que esta senhora tem uma veia marxista, não é novidade para ninguém, mas ter a coragem de dizer tamanha bobagem é algo digno de nota. Ainda assim, confesso que fiquei vários minutos olhando para a tela do computador, tentando entender o raciocínio tortuoso daquela mulher.
A mente coletivista da senhora Clinton provavelmente acredita que os produtos e serviços comercializados pelo mercado, assim como os empregos utilizados na sua produção, são obra da “sociedade”, e que os empresários são apenas meras ferramentas utilizadas por esta mesma “sociedade” para a consecução desses objetivos. Ela enxerga o coletivo como um ser pensante e atuante, capaz não só de tomar decisões como de agir por conta própria, desde que bem coordenado e tutelado pelos seus eminentes governantes, evidentemente.
É claro que Hillary Clinton está redondamente enganada. São os homens, individualmente, que têm valores, ideais, desejos, ambições, ideias, vocações, determinação, enfim, VIDA. Abstrações, como sociedade, comunidade, etc. somente “pensam” e “agem” em sentido estritamente figurado. Ações e decisões são e serão sempre individuais, ainda que, em alguns casos, possam estar sujeitas ao escrutínio coletivo.
Mas acho que ela tem razão num ponto. As empresas realmente não produzem ou criam empregos. Elas, na verdade, consomem trabalho. O trabalho, por seu turno, nada mais é do que um importante insumo, necessário para a produção de mercadorias e serviços. Empresas e grandes corporações tampouco são entidades criadas por geração espontânea. Elas são sempre resultado da ação de indivíduos, chamados empresários ou empreendedores.
Por sua vez, nenhum empresário que se preze abre um negócio pensando em criar empregos. Quando monta uma empresa, ele tem em mente produzir alguma coisa de valor para vender no mercado. Algo que as pessoas desejem consumir e pelo qual estejam dispostas a pagar um preço suficiente para cobrir os custos e conferir-lhe algum lucro. Os famigerados empregos (“jobs”) nada mais são, portanto, do que a expressão de um contrato de compra e venda de trabalho, que só é possível porque aquele que o compra espera tirar dele algum lucro, que por sua vez também é consequência de puro interesse INDIVIDUAL.
A abertura de uma empresa, por conseguinte, resulta exclusivamente de ideias, desejos, vocações e propósitos individuais. Nem mesmo a necessária cooperação entre pessoas, normalmente utilizada como um meio para a consecução de objetivos comuns, deve ser confundida com a ideia coletivista segundo a qual tudo é produto de uma suposta “vontade coletiva”.
Shame on you! Mrs. Clinton.
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo