Decisão turca sobre aquisição de mísseis chineses permanece incerta

01/10/2013 13:30 Atualizado: 01/10/2013 13:30
O vice-secretário de Defesa norte-americano Ashton B. Carter fala com as tropas numa base militar turca em Gaziantep, Turquia. A Turquia indicou que deve comprar um novo sistema de mísseis da China (Glenn Fawcett/Departamento de Defesa)
O vice-secretário de Defesa norte-americano Ashton B. Carter fala com as tropas numa base militar turca em Gaziantep, Turquia. A Turquia indicou que deve comprar um novo sistema de mísseis da China (Glenn Fawcett/Departamento de Defesa)

O presidente turco Abdullah Gul anunciou ontem que um acordo para comprar mísseis chineses não era final, trazendo uma segunda surpresa aos observadores.

“A compra não é definitiva”, disse Gul, conforme citado pelo Hurriyet Daily News. “Há uma lista e a China está no topo dela. Devemos observar as condições, mas não há dúvida de que a Turquia está principalmente na OTAN”, informou a Al Arabiya.

O presidente turco explicou enquanto embarcava num avião para casa dos EUA: “Estas são questões multidimensionais, há dimensões técnicas e econômicas e, por outro lado, há uma dimensão de aliança. Estas estão sendo avaliadas. A Turquia precisa de um sistema de defesa.”

Como um aliado de bom tempo dos EUA, a decisão da Turquia na semana passada para comprar mísseis terra-ar de um negociante de armas chinês sancionado veio como uma surpresa para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e para o fabricante de mísseis Raytheon.

O ministro da Defesa da Turquia anunciou nesta sexta-feira que a Turquia, um membro da OTAN, tinha escolhido os mísseis HQ-9 da ‘China Precision Machinery Import and Export Corporation’ (CPMIEC) em preferência a outros sistemas de defesa antimísseis de longo alcance oferecidos por empresas da Rússia, EUA ou Europa.

A CPMIEC ofereceu os HQ-9 à Turquia por US$ 1 bilhão a menos do que os sistemas oferecidos pelos fabricantes de defesa dos EUA e da Rússia, informou o IHS Jane, um publicador conhecido em matéria de defesa.

A CPMIEC é o braço comercial da indústria estatal de míssil da China e está sob sanções dos EUA por violações da ‘Lei de Não-Proliferação ao Irã, Coreia do Norte e Síria’.

“Nós transmitimos nossas sérias preocupações com as discussões do contrato do governo turco com uma empresa sancionada pelos EUA por um sistema de defesa antimísseis que não será interoperável com os sistemas da OTAN ou as capacidades de defesa coletiva”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA à Reuters.

A Raytheon Co., que fabrica o sistema de defesa Patriot implantado pela OTAN na Turquia, também participou da licitação para o sistema de mísseis.

“A OTAN tem apoiado bastante o sistema, instalando Patriots em cinco países alinhados e, em 2012, satisfez uma implantação de Patriots solicitada pela Turquia. Devido a este forte desempenho, esperamos ter a oportunidade de interrogar e saber mais sobre esta decisão”, disse Mike Doble, o porta-voz da Raytheon, no blogue China Defense.

A Turquia tem a segunda maior força militar implementável na aliança da OTAN, diz o blogue China Defense, mas não possui no momento seu próprio sistema de defesa antimíssil de longo alcance, embora a OTAN tenha implantado o sistema de defesa antimísseis norte-americano Patriot lá desde 2012.

A China vê a decisão da Turquia como uma prova de que os fabricantes chineses de defesa estão prontos para entrar no mercado europeu de defesa, disse Jane. Com 5% do mercado no ano passado, a China assumiu a posição de número cinco entre os fornecedores de armas mundiais, segundo o Instituto de Pesquisa para a Paz Internacional de Estocolmo.