Um estudo da Universidade de Nova York revelou os efeitos adversos causados pela maconha e pelo álcool logo após o seu uso, segundo a percepção dos próprios consumidores.
Os cientistas explicaram que a ideia da investigação nasceu após o debate que ocorreu quando o presidente Barack Obama declarou em janeiro que “não está convencido de que a maconha é mais perigosa do que o álcool”.
No que diz respeito à maconha, os consumidores declararam percepções negativas, como aumento do risco ao dirigir, menos interesse para fazer as coisas, menos capacidade e energia, e maiores problemas com os professores e a polícia. Para as mulheres, muitas reclamaram de um comportamento inadequado que logo após se arrependeram, embora este foi mais notado com o álcool, segundo o relatório da Universidade de Nova York em 02 de setembro.
A pesquisa foi publicada pela revista de drogas e abuso do álcool: The American Journal of Drug and Alcohol Abuse.
“Esperamos que os resultados deste estudo possam contribuir para o debate em curso sobre políticas de maconha e seu dano percebido em relação ao álcool”, disse o pesquisador e médico Joseph J. Palamar, Professor Assistente de Saúde da População no Centro Médico Langon University of New York.
A Universidade assinalou ainda a “escassez de pesquisas” sobre o assunto, sendo que “é motivo de preocupação para a saúde pública levando em conta que essas são as duas substâncias psicoativas mais utilizadas entre os adolescentes”, acrescentou o relatório.
“Quase a metade dos estudantes do ensino médio usaram maconha durante a sua vida, e mais de dois terços consumiram álcool, mas poucos estudos têm comparado os resultados psicossociais adversos do álcool e da maconha como um resultado direto de seu uso”, disse Dr. Palamar.
Outra pesquisa científica revelou recentemente os danos cerebrais em adolescentes usuários de maconha. O consumo ocasional causa danos cerebrais, e o consumo regular antes dos 16 anos é perigoso pois causa “maior dificuldade em tarefas que exigem julgamento, planejamento e função inibitória”, segundo o Centro de Medicina Geral de Dependência de Massachusetts, em 2014, bem como o relatório de Murdoch Research Austrália, em 2012.
No novo estudo da Universidade de Nova York, para endossar os dados dos resultados de 7.437 estudantes do ensino médio em todo os EUA, foram analisados por meio de registros do programa chamado “Monitoring the Future”, que descreve anualmente os comportamentos, atitudes e valores dos alunos americanos. Alguns resultados foram os seguintes:
Perigos de condução
Tanto os consumidores da maconha como os do álcool, relataram uma condução insegura. Usuários de maconha “eram três vezes mais propensos a relatar condução insegura, como resultado direto de seu uso”, segundo Dr. Palamar.
Com o consumo do álcool a condução insegura foi relatada pelos que bebem frequentemente, sendo 13 vezes maior do que aqueles que não bebem.
Baixo desempenho e relações deterioradas
O consumo da maconha fez com que os adolescentes colocassem “menos interesse e energia na escola”, dando como resultado um “menor rendimento no trabalho” de acordo com as suas próprias conclusões.
Por sua vez, as relações com os professores e supervisores deteriorou com maior frequência.
Com o consumo de álcool, foi encontrada uma maior frequência de efeitos negativos ligados a relacionamentos com amigos e outras pessoas importantes, como por exemplo, noivos.
O maior problema com a polícia
Tanto os consumidores da maconha como do álcool afirmaram que tiveram grandes problemas com a polícia após o uso.
“Frequentes usuários de maconha eram 23 vezes mais propensos a relatar problemas com a polícia”, disse a Universidade.
Os pesquisadores também descobriram que “os usuários de maconha são mais propensos do que aqueles que bebem álcool a terem percepções negativas.”
Relatórios advertem que os consumidores estão frequentemente estão envolvidos com pessoas de influencias “negativas” e ilegais, já que “os companheiros que usam ou vendem, estão sujeito a desaprovação.”
As mulheres queixam-se de resultados adversos
A respeito do álcool, as mulheres “foram mais propensas a envolver-se em comportamentos lamentáveis depois do consumo”.
“Elas também eram mais propensas que os homens a relatar que sentiam instabilidade emocional, e de não ser capaz de pensar de forma clara”, disse o relatório.
Observou, em particular, que “a relação entre o uso de álcool frequente e o arrependimento era muito mais forte do que a relação entre o uso de maconha frequente e arrependimento.”
No entanto, o Dr. Palamar destacou que “como era esperado, verificou-se que quanto maior a frequência de uso, maior será o risco de um resultado adverso”.
O especialista afirmou que “em geral, as mulheres se encontram em maior risco”, ao usar maconha e álcool.
No caso de diferentes grupos raciais ou étnicos, “na maioria dos casos, os estudantes negros tiveram um menor risco de muitos resultados adversos, e este efeito ‘protetor’ tende a ser mais pronunciado para o álcool do que a maconha.”