De repente, tudo está caindo: mercado financeiro, mercado imobiliário, negócios de financiamento de commodities, o crescimento econômico. Na China, a expansão da dívida é o principal motor por trás de tudo isso; e isso está afundando também.
Quarta-feira, o Banco Popular da China (BPC), o banco central do país, informou que os bancos e outras entidades financeiras criaram apenas US$ 44,3 bilhões em novas dívidas em julho, o menor valor desde outubro de 2008, nos dias negros da última crise financeira.
Para colocar as coisas em perspectiva, desde setembro de 2008, os bancos chineses sob o controle direto do regime chinês injetaram mais de US$ 16 trilhões em créditos – ou dívida, dependendo de que lado do balanço você olha a economia.
O crédito foi principalmente para o mercado imobiliário e projetos de infraestrutura, elevando os preços dos imóveis, das commodities e dos preços ao consumidor. Também indiretamente inflou o mercado de ações, embora muito brevemente. O Índice Composto de Shanghai ainda está 60% abaixo de seus picos de 2007 e tem deslizado por mais de três anos.
Talvez o mercado de ações saiba algo que os outros setores até agora não entenderam, ou seja, que a maior parte do dinheiro foi para empreendimentos não lucrativos; e os proprietários de ações, afinal de contas, querem obter lucros.
Mercado imobiliário trepida
Finalmente, em 2014, os preços dos imóveis começaram a cair por todo o país e em cidades de todos os níveis. Desesperados para vender estoques indesejados, os desenvolvedores imobiliários começaram a introduzir descontos pela primeira vez. A venda de casas caiu 28% ano-a-ano entre julho e julho, segundo a Bloomberg.
Num esforço para fortalecer este importante setor que representa 12% do PIB, as autoridades relaxaram os depósitos compulsórios para os bancos e bombearam liquidez adicional no sistema bancário.
Parece, no entanto, que as pessoas não estão tomando empréstimos, o que se reflete nos baixos números do BPC para novos créditos em julho. Regulamentos mais relaxados resultaram num pequeno aumento nas transações no final de julho, mas diminuíram rapidamente logo depois.
Isso ocorre porque a habitação na China se tornou tão inacessível que as pessoas têm de pagar até 14 vezes sua renda média anual em Shanghai, um das cidades de primeiro nível na China. Analistas chamam isso de excesso de oferta fundamental para habitação de alto nível.
A habitação a preços acessíveis ainda está em demanda, mas a habitação só será acessível se os preços declinarem, independentemente da qualidade. Se os preços diminuírem, no entanto, isso provocará perdas para os proprietários e desenvolvedores de estoques de imóveis existentes, e estimulará as vendas e a inadimplência de empréstimos bancários ruins. Várias centenas de inadimplências em hipotecas já ocorreram por toda a China, um processo similar ao que ocorreu nos Estados Unidos após o estouro da bolha de subprime.
Efeito sobre o crescimento
Como o mercado imobiliário representa uma grande parte da economia chinesa, seu efeito sobre o crescimento já pode ser sentido. O crescimento do PIB este ano deve ser de cerca de 7,5%, o mais baixo em 24 anos.
Investimentos em ativos fixos, que incluem imóveis, subiram 17%, mas este é o menor valor desde 2001. A produção manufatureira também diminuiu e as vendas no varejo não satisfizeram as expectativas. Apenas a exportação mostrou-se positiva.
O que pode ser feito? Com relação ao mercado imobiliário, não parece haver muitas opções. A menos que o regime chinês force os cidadãos a comprar casas ou lhes dê o dinheiro para comprar casas exorbitantes, o povo chinês abster-se-á de comprar até que sua renda se eleve ou os preços caiam ainda mais.