Gravidade da doença é pouco conhecida mundialmente, fator que provoca a demora no diagnóstico
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) como uma das dez doenças mais debilitantes. Apesar disso, o transtorno é, muitas vezes, considerado uma doença leve, peculiar ou mesmo divertida. Uma das barreiras que atingem os que sofrem com esse transtorno mental é medo do rótulo de insanidade por parte de terceiros, o que gera uma falta de consciência coletiva sobre o tema.
“Ser diagnosticado com TOC significa que o impacto na sua vida é muito grande. Você está gastando de cinco a sete horas do seu dia com as compulsões”, diz Joel Rose, diretor da instituição britânica OCD Action, que atua na divulgação de informações sobre a doença.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo é dividido em duas fases: a de pensamentos obsessivos e a compulsão que alimenta esses pensamentos. A compulsão se torna um ritual, como lavar as mãos ou verificar se a porta da frente está trancada. Ela também pode ser uma rotina mental, usada para sufocar um sentimento de ansiedade ou parar um pensamento particular.
“As pessoas ficam em um círculo vicioso e a quantidade de tempo que eles precisam para gastar com a compulsão e o desenvolvimento dessas compulsões têm crescido”, alerta Rose.
“Não é como uma psicose em que alguém não sabe que seu comportamento é ilógico. Alguém com TOC sabe, por exemplo, que permanecer de pé na frente de uma porta por cinco horas não faz sentido, mas eles se sentem obrigados a cumprir esse tipo de ação”.
Portadores de TOC são, muitas vezes, pessoas inteligentes e criativas que tentam proteger a si e a seus entes queridos de futuros problemas, o que gera um estado de alerta constante.
Rose explica que em muitos casos não há nenhuma conexão lógica entre os pensamentos obsessivos e os comportamentos compulsivos, mas apenas padrões de pensamento repetitivo que ocorrem de maneira isolada como: contar até 30 ou até pensar que seus pais podem morrer em um acidente horrível, que são fatores que podem caracterizar a doença.
Barbara Lloyd, 49, diagnosticada com a doença desde a infância, diz que o TOC não se compara a situações como o medo de chegar perto de uma faca com medo de agressão. “No meu caso o medo é de que eu, se cozinhasse, prejudicasse alguém com a minha comida ou o que eu poderia causar caso não trancasse a porta de casa corretamente”, diz ela.
A doença de Barbara é uma versão grave: ela gasta até oito horas por dia com lavagem, limpeza e verificação da segurança de casa. Diariamente, antes de sair de casa, ela verifica o funcionamento de todas as chaves e fechaduras do acesso principal em um ritual que demora cerca de 30 minutos. “eu puxo a maçaneta da porta com tanta força que parece até que vou conseguir arrancá-la”, relata Barbara.
Segundo a paciente, outra mania adquirida está em verificar se todos os equipamentos eletrônicos da casa estão desligados. “Eu olho ao redor da sala e verifico se tudo está desligado, mas custa acreditar que, realmente, os equipamentos estão desligados apesar da sinalização deles. Isso fez com que eu desenvolvesse uma enorme ansiedade”.
Antes do TOC chegar à níveis alarmantes, Barbara atuava como médica microbiologista da Universidade de Liverpool. O ritmo de trabalho mais lento fez com que Bárbara fosse considerada incapaz de manter um cargo que exigisse grande nível de responsabilidade.
“O TOC me fez perder o emprego, contribuiu para o fim de meu casamento, me fez perder um tempo precioso com minha mãe e meu pai e faz com que eu tenha um limitado convívio social”, diz Barbara.
Uma estratégia que ela utilizou para garantir sua presença pontual em compromissos importantes é ficar hospedada em um hotel próximo ao encontro na noite anterior.
A médica tem tentado muitos tratamentos diferentes ao longo dos anos, tais como diferentes medicamentos e terapia comportamental cognitiva (TCC), uma terapia da fala, mas ambos tiveram poucos resultados.
Compartilhamento de experiências
De acordo com Rose, a OCD Action tem como objetivo capacitar alguém para responder de forma diferente ao pensamento obsessivo através da exposição gradual para o que está causando a preocupação. Compartilhar suas experiências com outros portadores de TOC em grupos de apoio tem sido a saída mais efetiva de Bárbara para superar os problemas.
“Há um grande conforto na sensação de que você não está sozinho. Uma das coisas mais emocionantes é encontrar alguém que faz coisas parecidas comigo”, diz ela. Apesar da condição limitadora, Barbara demonstra ter grande humor e perspicácia. “Eu rio sobre como eu perco tempo pensando sobre o itinerário do ônibus, o que faz com que eu acabe perdendo a hora e, consequentemente, não saindo de casa”.
Segundo o site da OCD Action, estima-se que cerca de 3% da população do Reino Unido sofra com a doença. Entre as celebridades que sofrem do transtorno estão o jogador de futebol David Beckham e a ciclista olímpica Victoria Pendleton.
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