Cúpula da OTAN discute Afeganistão, Líbia e Irã

23/05/2012 03:00 Atualizado: 23/05/2012 03:00

O presidente afegão Hamid Karzai fala durante a reunião com presidente Barack Obama dos EUA durante a cúpula da OTAN em 20 de maio em McCormick Place, Chicago, EUA. (Mandel Ngan/AFP/Getty Images)O presidente Obama disse no domingo que as capacidades de defesa da OTAN e do Afeganistão seriam o foco principal das reuniões entre os líderes mundiais na cúpula da OTAN realizada em Chicago até segunda-feira.

“Nós antecipamos não só ratificar o plano de avançar o Afeganistão […] mas também falaremos sobre o progresso que fizemos na expansão das capacidades de defesa da OTAN”, disse Obama ao se reunir com o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen. Obama elogiou a liderança de Rasmussen como chefe oficial da aliança estratégica, e disse que o encontro garantiria “que todos os membros da OTAN se comprometam e estejam envolvidos e integrados nos esforços mútuos de defesa”.

O presidente norte-americano já havia se reuniu com o presidente Karzai do Afeganistão, quando destacou a centralização do Afeganistão no encontro de Chicago. “A cúpula da OTAN será em grande parte dedicada à ratificação e reflexão do amplo consenso que muitos dos nossos parceiros e membros da ISAF concordaram”, disse Obama numa entrevista coletiva com Karzai, referindo-se aos países que dispuseram tropas para a guerra.

Obama disse que as nações da OTAN focariam numa visão para o Afeganistão “pós-2014”, quando as tropas serão retiradas e a Guerra do Afeganistão estaria terminada. “O Acordo de Parceria Estratégica, [e] esta cúpula da OTAN fazem parte de uma visão partilhada que temos em que o Afeganistão seja capaz de transitar de décadas de guerra para uma década de transformação de paz, estabilidade e desenvolvimento”, disse ele.

Karzai agradeceu aos contribuintes norte-americanos por seu apoio e reafirmou o compromisso de seu país no processo de transição para a retirada completa das forças da OTAN em 2014.

A reunião de Chicago é a primeira vez que uma reunião da OTAN foi realizada fora da capital dos EUA e a primeira vez que muitos líderes mundiais reuniram-se desde a última reunião da OTAN em Lisboa em 2010. Embora existam 28 países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), 61 países estiveram em Chicago, bem como a UE, as Nações Unidas e o Banco Mundial.

Além do Afeganistão, discutido formalmente na manhã de segunda, a cúpula de dois dias resolverá uma série de questões urgentes, incluindo o papel potencial da aliança na Síria e no Irã, o programa de defesa antimíssil e as questões fiscais, este último particularmente pertinente enquanto a Europa e os Estados Unidos se esforçam para conter despesas e reduzir os déficits.

A aliança da OTAN é considerada “pedra angular” para os interesses nacionais dos Estados Unidos, e o foco do presidente tanto no G8 como na OTAN reflete o valor crescente dado pela administração Obama as alianças dos EUA, diz Tom Donilon, conselheiro da Segurança Nacional. “Nenhuma outra nação no mundo tem o conjunto de alianças globais que os Estados Unidos têm. Nenhuma outra nação no mundo […] tem uma série de países que pode ir a todo o mundo e trabalhar com esses países”, disse ele numa entrevista coletiva antes do G8 e da cúpula da OTAN.

Donilon ressaltou a força das alianças como “coalizões de vontade”, dizendo que as alianças são mais valorizadas e estabeleceram linhas de comunicação e arquitetura organizacional. “Você tem capacidades operacionais que pratica e desenvolve, e pode chamar quando necessário”, disse ele, citando como exemplo a velocidade com que a OTAN respondeu à Líbia.

Plano frustrado

Enquanto o presidente Obama falava sobre a paz e a estabilidade nos limites do local da cúpula, o grande centro de convenções McCormick Place, manifestantes do lado de fora faziam suas vozes serem ouvidas. Milhares apareceram no Parque Grants no domingo para uma passeata aprovada pela prefeitura e desfilaram até a sede da cúpula; cerca de um mil manifestantes antiguerra e anti-OTAN se reuniram ao redor da cidade na noite de sábado.

Enquanto os protestos têm sido em grande parte pacíficos até à data, houve relatos de que um manifestante foi atropelado por um veículo da polícia no sábado à noite na Jackson Street Bridge. “O carro da polícia número 6751 de Chicago acelerou ao passar entre a multidão, atingindo várias pessoas e ferindo gravemente uma vítima, que mais tarde foi transportada para uma sala de emergência”, relatou o website Boing Boing, com uma declaração e um vídeo do incidente.

A polícia de Chicago também afirmou ter frustrado um plano terrorista, prendendo três homens na quarta-feira e acusando dois outros no sábado.

Os três primeiros eram de fora do estado, informou o Chicago Tribune, e foram acusados de planejar atacar a sede de campanha do presidente Obama, a casa do prefeito Rahm Emanuel e delegacias de polícia com coquetéis molotov. Outros dois homens foram acusados no sábado por ofensas semelhantes.

A polícia de Chicago confirmou também que o website da cidade e do departamento de polícia local foram invadidos. Ambos foram relatados inoperantes na manhã de domingo. “Estamos cientes do problema potencial com o website da cidade e estamos trabalhando com as autoridades federais para resolver a situação”, disse Pete Scales, um porta-voz da cidade segundo um comunicado.