Cultura oriental: Terra divina, lar dos deuses

16/03/2012 00:00 Atualizado: 16/03/2012 00:00

Fu Xi and Nu Wa, meados do século 8, na Dinastia Tang. Desenterrados no Sepulcro de Astana, atualmente no Museu da Região Autônoma Uighur de Xinjiang. (Wikimedia)

Histórias que relatam como os deuses transmitiram a cultura à humanidade a partir do que hoje chamamos China

O nascimento da civilização chinesa no cenário de Zhong Guo, a “Terra do Meio” ou “Reino Central”, que depois de muito tempo passou a se chamar China, se sucedeu quando Nu Wa, Fu Xi, e Shen Nong, os três primeiros imperadores divinos nomeados por Pangu, o criador do céu e da Terra, baixaram do céu para guiar a humanidade.

Nu Wa, a primeira Imperatriz Divina, coincidindo com todos os relatos da criação do homem em diferentes culturas e épocas, criou os seres humanos usando o barro de terra amarela para modelá-los a sua própria imagem. Ela conferiu aos novos seres a maneira correta de se comportar, já que foram criados à semelhança dos deuses, e, sendo assim, os seres humanos definitivamente não poderiam agir como animais.

Em seguida, Fu Xi estabeleceu um sistema de governo e ensinou os chineses a pescar e a criar gado, e também como fazer símbolos para gerar registros. Mas o conhecimento mais importante que Fu Xi deixou para os descendentes chineses foram os Oito Diagramas, que foram usados para compreender as mentes dos deuses e os sentimentos de todos no mundo. Com base nisto, mais tarde se escreveu o “Livro das Mutações” também conhecido como “I Ching”. Os Oito Diagramas são uma ferramenta de comunicação entre o céu e o povo chinês. Em todas as dinastias, os imperadores seguiram os fenômenos astronômicos observados, ou as disposições do céu para governar seus súditos e seu país.

O terceiro monarca divino foi Shen Nong, ele veio para ensinar as pessoas a desenvolver ferramentas para a agricultura e a cultivar alimentos. Também elaborou o “Compêndio de Matéria Médica”, um livro que enumera todos os animais, vegetais e outros produtos naturais que se atribuem propriedades medicinais. Desde então, a China começou a praticar a medicina tradicional. Todo o desenvolvimento médico posterior na medicina tradicional chinesa é baseado neste compêndio.

A etapa da história chinesa dos Três Imperadores Divinos significa que por um determinado período de tempo os deuses coexistiram com os seres humanos e transmitiram diretamente a civilização aos seres humanos. Isto demonstra que a base fundamental da civilização chinesa é o respeito ao céu, assim como seguir as regras e leis do mesmo.

Os filhos do Imperador Amarelo

Huang Di, mais conhecido como o Imperador Amarelo, nasceu no mundo logo após os deuses nutrirem a civilização humana, ele foi o responsável pela transição de uma cultura conduzida pelos deuses para uma cultura conduzida pelo homem.

Com a chegada deste imperador se desenvolveu a língua chinesa escrita, e uma era cultural conduzida pelo homem. O povo chinês tem avançado lentamente até a civilização atual, com criações e invenções que enriqueceram a cultura humana. A base da civilização chinesa foi construída durante esta época, na qual o Imperador Amarelo estabeleceu a lei e a ordem, recrutou pessoas virtuosas e sábios para governar, adorou o céu e a Terra no cume e na base das altas montanhas e assim governou a China. Diversas invenções como símbolos, a medicina, os calendários lunares, a matemática, os instrumentos musicais, a cerâmica e até mesmo os fios de seda foram desenvolvidos no período.

Segundo os registros históricos desde 2.698 a.C., durante os cem anos que o Imperador Amarelo reinou, não houve furtos ou brigas nas ruas. As pessoas eram gentis, contidas e muito atenciosas umas com as outras. As pessoas na China viviam em harmonia. O clima era favorável para o cultivo, e o povo tinha boas colheitas a cada ano. Esta é a síntese de uma época próspera quando “o Tao governou a China e as pessoas viviam num mundo humano divino”. Esta é a razão pela qual as gerações posteriores ao Imperador Amarelo reverenciaram-no como o ancestral da humanidade.

No ano de 2598 a.C., o Imperador Amarelo construiu um grande barco na base do Monte Qiao. No momento em que o barco foi terminado, uma fenda apareceu no céu e um dragão dourado desceu para buscá-lo. O Imperador Amarelo e mais de 70 funcionários da corte real, montados no dragão, subiram ao céu em plena luz do dia, e alcançaram a perfeição espiritual. Dezenas de milhares de pessoas viram esta cena sagrada e magnífica com seus próprios olhos. Com grande admiração e saudade, funcionários e outras pessoas enterraram as roupas do Imperador Amarelo no Monte Qiao, que hoje é um monumento ao Imperador Amarelo na província de Shanxi.

O Imperador Amarelo mostrou as pessoas da China que os homens também podem retornar ao céu através do cultivo. Desde então, o céu representa o mundo dos deuses para os chineses. Eles também aprenderam que os deuses criaram o homem, que o homem veio do céu, e que o homem poderia finalmente voltar ao céu através do Tao.

O povo chinês crê inevitavelmente que o único canal de comunicação entre o homem e Deus é através da melhora de si mesmo, cultivando o coração de acordo com o Tao. “O homem segue a Terra, a Terra segue o céu, o céu segue o Tao e o Tao segue o que é natural”, do livro “Tao Te Ching”, de Lao Tse. A sabedoria da unidade entre o céu e a humanidade corre nas veias da cultura chinesa. O ser humano se integra com o céu e a Terra, e existe em dependência mútua com eles. O Tao do universo não muda. O universo se desdobra de acordo com o Tao numa ordem natural. A Terra segue as mudanças do céu. Seguindo a ordem natural do céu e da Terra, a humanidade desfruta de uma vida de gratidão e bênçãos. Assim, para os chineses, a astronomia, a geografia, o calendário, a medicina, a literatura e as estruturas sociais seguem este princípio.

Embora o povo chinês tenha sofrido muitas invasões e ataques ao longo de sua história, a cultura tradicional sempre mostrou grande vigor e energia, e sua essência continuou a ser passadas através das gerações. Ao longo dos séculos, sempre houve pessoas que buscaram o Tao, e distintas dinastias foram regidas pelo Tao. Aos olhos do povo, o imperador é o “filho do céu”, e o céu está sobre ele. Se este era imoral, não iluminado pelo Tao, o povo podia se levantar e derrubá-lo.

Com estes princípios orientadores, a cultura chinesa encarnou a honestidade, a bondade, a harmonia e a tolerância. Assim, ao longo da história da China, as pessoas colocavam grande atenção no controle da respiração e em limpar seu coração, todas as pessoas de diferentes idades e profissões cultivavam este estado.

Somente nos últimos 60 anos, o terror vermelho do Ocidente invadiu com força trazendo violência, mentiras e medo às mentes e aos corações do povo da China, e tentando destruir a alma da nação e “revolucionar” a cultura chinesa para aniquilar seus espíritos. Assim, alçou sua bandeira de “batalhar contra o céu, lutar contra a Terra, e brigar com os seres humanos, aí reside a alegria eterna”, a doutrina marxista é “a verdade inquebrável” e o Partido é sempre “grandioso, cheio de glória e correto”. A China parece haver perdido os seus laços com o céu.

Porém, 50 anos é apenas uma gota no oceano dos 5 mil anos de história chinesa. Hoje, estamos vivendo esta grande época, onde o povo chinês está despertando e se animando para romper com as mentiras e o ódio, a fim de reavivar a verdade e a bondade de uma civilização que é dinâmica, mágica, misteriosa, profunda e eterna!