Cuba nos lembra por que não podemos deixar o socialismo vencer

25/07/2014 12:48 Atualizado: 25/07/2014 12:48

Em janeiro completou 55 anos de um dos episódios mais tenebrosos da História latina: a revolução cubana. De lá para cá, o país tornou-se uma fazenda particular de um ditador carismático e mentiroso. Fome, contrabando e mortes arbitrárias acontecem escancaradamente enquanto os figurões do partido fumam charuto e vivem como os burgueses que anteriormente combatiam.

Antes da revolução, Cuba era um polo turístico promissor. Apesar das falácias esquerdistas de que a Ilha era um “Cabaré Estadunidense”, Cuba era um destino desejado pela classe média de todo o continente. E o inverso também ocorria, as receitas com o turismo produziram uma classe média e rica que adorava visitar Nova York, Flórida entre outras cidades americanas. Não só investidores americanos empreendiam na Ilha como também ocorria o contrário: em 1957 havia mais de meio bilhão de investimentos cubanos no EUA.

Muitos entusiastas do regime cubano usam o argumento de que Fidel e seus lacaios fizeram de Cuba um referencial em educação. Porém isso não é verídico, o sistema público de ensino cubano foi implantado durante a ocupação americana entre 1891 e 1903. Ou seja, os “imperialistas e ambiciosos” americanos foram os precursores de um dos melhores sistemas de educação da América Latina. Em 1958 existiam na Ilha 1.700 escolas privadas e mais de 22 mil escolas públicas. Além disso, o orçamento em educação era de 23%. Atualmente o orçamento não supera os 10 % Sem falar na educação doutrinária que as pobres crianças recebem, onde são levadas a acreditar que seu futuro é serem mantenedores da Revolução.

A Ilha estava sempre na ponta dos mais relevantes rankings de qualidade de vida. Era uma época de efervescência cultural e econômica que teria permanecido se não fosse por um grande detalhe : a política.

Cuba era governada desde 1952 pelo ditador militar Fulgêncio Batista, que impunha pesadas perseguições aos seus desafetos políticos e praticava a censura contra meios de comunicação da oposição. Batista também era conhecido pela escancarada corrupção de seu governo, que enriquecia ilicitamente a si e seus aliados. Apesar dos indicadores econômicos e sociais serem altos, o despotismo de Fulgêncio estava dificultando o cotidiano da Ilha. Quando as perseguições aumentaram, tanto a classe pobre quanto a classe média e rica começaram a apoiar um grupo de guerrilheiros barbudos liderados por um culto advogado: Fidel Castro.

Castro, com a ajuda de seu irmão Raúl e um médico argentino chamado Che Guevara (conhecem?) formaram no México uma resistência armada ao regime de Batista. Fidel já tinha participado de uma tentativa frustrada de golpe que culminou em sua prisão. Porém, a popularidade do advogado era grande entre as classes baixa e média, o que fez com que ele fosse libertado. Ao voltarem a Cuba, a guerrilha montou base na famosa Sierra Maestra e atacava tropas governistas e vilas, além de colaborar com outras resistências armadas já existentes.

Antes da tomada de poder, as tropas de Fidel já entravam em conflito com as demais guerrilhas, principalmente por causa do gênio arrogante e psicopata de Che Guevara, que era conhecido por não tomar banho e matar a sangue frio. Porém, a reação do governo Batista ficava mais violenta a cada dia, o que forçou os grupos a selarem uma paz temporária. Devido ao endurecimento do regime, Fulgêncio começou a perder seus antigos aliados, inclusive os próprios Estados Unidos e a classe rica Cubana. Os últimos a retirarem o apoio ao General foram (pasmem) os integrantes do Partido Comunista Cubano, que apoiava o ditador devido a algumas ações que beneficiaram os trabalhadores e prejudicaram empresários. Fidel, provavelmente para não perder o abrangente apoio que conquistara entre as classes média e rica, negava veementemente ser comunista. Fez várias viagens para os Estados Unidos para arrecadar fundos e apoio para sua causa. Chegou a declarar enfaticamente “[…] Eu não concordo com o comunismo […]” em uma entrevista ao New York Times em 1956.

Com cada vez menos apoio popular e político e com suas tropas sendo derrotadas pelas guerrilhas, Batista fugiu para a República Dominicana nas primeiras horas do dia 1º de Janeiro de 1959. Houve conflitos entre as tropas rebeldes pela elevação do novo governo, enquanto isso ainda havia confrontos entre os rebeldes e as tropas legalistas em várias cidades. Fidel Castro chegou a Havana no dia 8 de janeiro de 1959 e escolheu Manuel Urrutia Lleó para presidir (de fachada) o novo governo.

Logo após a tomada do poder, principiou-se a perseguição. Soldados das tropas leais a Batista eram condenados em julgamentos ridículos e fuzilados em várias partes do país. O maior desses locais de fuzilamento era a fortaleza militar de La Cabaña, cujo comando foi cedido a Che Guevara. Fuzilamentos, torturas, humilhações públicas e prisões em massa espalhavam o terror pela Ilha. Qualquer um poderia ser preso ou morto pela simples acusação de ter sido simpático ao regime anterior.

No fim de 1959, Che Guevara foi escolhido para presidir o Banco Nacional de Cuba e posteriormente assumiu o Ministério da Indústria. Além de não ter o mínimo preparo ou experiência para esses cargos, Che destratava os especialistas no assunto e forçava-os a concordar com suas medidas inconsequentes. Uma das primeiras ações de Guevara foi baixar medidas para diminuir a dependência da balança comercial da exportação de açúcar. Porém, o ministro desestimulou a produção do produto (que baixou de seis milhões de toneladas para 3,8 milhões entre 1958 e 1963) sem conseguir alavancar a produção de outras atividades. Resultado: déficits cada vez maiores na balança comercial.

Posses de empresários foram expropriadas, empresas nacionalizadas e os meios de produção estatizados. As medidas econômicas adotadas pelo regime levaram a uma comum prática de países socialistas: os cartões de racionamento. Cada vez menos turistas chegavam ao país, que perdia assim sua maior fonte de renda. E para piorar, o governo fechava cada vez mais o país ao comércio internacional. A população via sem poder reagir um líder que se declarava anticomunista instalar uma ditadura de esquerda no seu país.

Em 1962, enquanto a economia ia para o buraco, Fidel dava definitivamente a prova de que havia enganado o mundo. Depois de negar veementemente perante a mídia suas intenções comunistas, declara-se Marxista-Leninista e se aproxima da União Soviética, com a qual faz um pacto militar. Durante uma assembleia da ONU, Guevara confirma a violência praticada no país e deixa claro que irá continuá-la. Os comunistas instalaram mísseis nucleares na ilha, o que gerou a maior ameaça de guerra nuclear da história, impondo medo e incertezas a todo o planeta durante treze dias. Felizmente o episódio teve um desfecho pacífico com a retirada dos arsenais militares soviéticos em Cuba e a retirada também dos arsenais americanos na Turquia. Porém, a decisão foi duramente criticada pelo regime castrista, que queria levar a cabo uma guerra contra os americanos em represália a uma tentativa de invasão no ano anterior.

Após o episódio, o governo fechou ainda mais o país às relações internacionais. A situação dentro da ilha estava caótica e a repressão era cada vez mais violenta. A crise de abastecimento estava cada vez mais grave e milhares de habitantes morriam ao tentar fugir para os EUA. Mesmo com uma “mesada” bilionária dada por Moscou, a situação econômica da Ilha estava indo de mal a pior devido às diretrizes econômicas socialistas. O país que havia sido o primeiro na América a ter automóveis, bondes e um sistema de iluminação elétrica público agora estava marginalizado e fadado ao atraso. Com o fim da União Soviética nos anos 90, o regime perdeu sua mesada, o que piorou ainda mais sua situação econômica e social.

Os prédios deteriorados e a indústria sucateada não lembram em nada a promissora realidade dos anos 50. A maioria da população tem de recorrer ao mercado negro para satisfazer necessidades básicas e a prostituição é uma pratica cada vez mais comum. Nos bares de Havana toca-se “La cucaracha” à exaustão. O país que foi o segundo do mundo a realizar transmissões televisivas em cores não tem acesso à internet ou a uma imprensa livre. Andando pelas ruas das cidades, vê-se no rosto dos cidadãos a frustração de se viver em tão precárias condições. “Cuba parou no tempo”, falam alguns. Não, caro leitor, Cuba voltou no tempo e de lá não consegue sair.

Após a doença e afastamento de Fidel, seu irmão Raúl iniciou uma série de medidas para tentar melhorar a economia do país. Abriu pequenas brechas ao investimento estrangeiro e demitiu milhares de funcionários que não faziam absolutamente nada. Porém, devido a falta de liberdades civis e a ainda intensa repressão, essas medidas estão produzindo resultados pífios. Além disso, o país vem sofrendo graves consequências da crise econômica mundial. O preço do níquel, principal produto de exportação da ilha, vem caindo no mercado internacional, derrubando as receitas do país e dificultando ainda mais a vida dos cubanos.

Depois de 55 anos de atraso e violência, a ilha mostra que vem despertando. Opositores do regime já são mais influentes e a avançada idade dos governantes faz com que a maioria da população tenha a esperança de que dias melhores virão. Entretanto, é preciso mais do que isso. Cuba ainda exerce uma influencia gigantesca sobre líderes políticos de todo o continente. No Brasil, o regime castrista é elogiado pelos nossos governantes. As supostas conquistas de Fidel em educação e saúde são como açúcar na boca de partidos como PT e PSOL. Castro e sua corja encontram na política latino-americana o apoio político que já não tem de sua população a mais de cinco décadas.

Com um modelo político e econômico insustentável, e sem uma geração jovem para sucedê-los, o povo de Cuba tem esperança de que o regime “Morra de Velhice” junto com Fidel e Raúl. E acreditam que só assim o país possa recuperar o tempo perdido e começar a andar depois de 55 anos da mais duradoura ditadura de nosso continente.

Artur Fonseca é estudante de Direito e líder do grupo Estudantes pelo Liberalismo – Amazonas

Instituto Liberal

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