Cruz Vermelha da China cobra hospitais por informação de órgãos para transplantes

10/07/2013 16:24 Atualizado: 10/07/2013 19:14
Engenheiros alemães e chineses levantam uma tenda num hospital de campo na província de Sichuan, China. A Cruz Vermelha da China tem cobrado hospitais pela informação de órgãos para transplante, segundo uma reportagem do Beijing News (Andrew Wong/Getty Images)

A Cruz Vermelha da China, cuja função é facilitar o transplante de órgãos, às vezes, é seletiva sobre que hospitais ela contatará para realizar o transplante, segundo um relatório investigativo recente. A Cruz Vermelha chinesa terá todo o prazer em ajudar os hospitais que pagam uma taxa gorda, mas expulsará do sistema os que se recusarem a pagar.

O artigo, publicado na segunda-feira no Beijing News, citou uma funcionária de um hospital na província de Guangzhou, que disse que a Cruz Vermelha cobraria em média 100 mil yuanes (US$ 16.315) por transplante e alegou que o dinheiro era para a prestação de assistência aos doadores. A Cruz Vermelha da China, chamada oficialmente de ‘Sociedade Cruz Vermelha da China’, opera sob a égide do regime chinês e,  frequentemente, está em desacordo com as normas internacionais.

Yao Lin, uma funcionária do Hospital Geral Militar de Guangzhou, também disse ao Beijing News que um coordenador da doação de órgãos na Cruz Vermelha da cidade de Shenzhen normalmente a notificaria quando um doador estaria prestes a morrer, para que uma operação de transplante de órgãos fosse organizada, mas desde que o hospital parou de repassar fundos à Cruz Vermelha da cidade, o coordenador deixou de dar novas informações. Yao Lin também disse que a Cruz Vermelha nunca explicou como os fundos eram usados.

O artigo do Beijing News disse que as organizações locais da Cruz Vermelha controlam a maior parte das informações de doadores de órgãos e, portanto, podem cobrar grandes somas para organizar transplantes de órgãos.

Mas a doação voluntária de órgãos na China é muito rara. Desde que o Ministério da Saúde chinês lançou um programa piloto, em março de 2010,  para incentivar a doação de órgãos em 19 províncias, menos de um milionésimo da população se mobilizou, segundo o Beijing News. O Centro de Gestão de Doação de Órgãos Humanos da China, criado pela Cruz Vermelha chinesa, em janeiro desse ano, estima que 2.250 casos de doação de órgãos se efetivaram desde que o programa piloto foi iniciado até maio desse ano.

Enquanto isso, um relatório do jornal chinês Diário Dahe afirmou que cerca de 1,5 milhões de pacientes na China precisam de transplantes de órgãos a cada ano, mas apenas 13 mil seriam atendidos. Devido ao número minúsculo de doadores voluntários, incompatível com o total de transplante realizados, grupos internacionais têm questionado a fonte dos órgãos transplantados.

O ex-vice-ministro da Saúde, Huang Jiefu, admitiu que órgãos eram retirados de prisioneiros executados para serem usados em transplantes. Mas especialistas dizem que o número de prisioneiros executados na China também é muito inferior ao número de transplantes realizados a cada ano. Investidores sugerem que a mais provável fonte de órgãos são os abundantes prisioneiros da consciência detidos nas prisões e campos de trabalhos forçados na China, a maioria dos quais são adeptos do Falun Gong, uma disciplina espiritual que é perseguida pelo regime chinês desde 1999.

Especialistas estimam que pelo menos 65 mil praticantes do Falun Gong foram mortos por seus órgãos, embora o número possa ser muito maior, devido à falta de transparência do regime chinês.

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