Mercado imobiliário pede ação imediata do governo
Os últimos números sobre hipotecas atrasadas indicam uma grave crise no mercado imobiliário, de acordo com a Threshold.
Os números, publicados na semana passada, mostram que 10,2% das hipotecas residenciais estão agora mais de 90 dias em atraso, contra 9,2% no final de 2011. Além disso, o número de hipotecas mais de 180 dias em atraso aumentou durante esse intervalo cerca de 1%: de 6,9% em 2011 para o atual 7,8%.
“Este é o quarto ano em que hipotecas em atraso têm aumentado”, disse o diretor da Threshold, Bob Jordan. Ele disse que isso indica uma crise que necessita de atenção imediata do governo: “A crise no nosso mercado imobiliário está piorando e, no entanto, o Governo continua a atrasar a implementação de políticas eficazes para ajudar a situação.”
“Tendo em conta o Relatório Keane e a Lei de Insolvência Pessoal, uma estratégia está sendo desenvolvida para lidar com atrasos em hipotecas residenciais. Mas o progresso tem sido lento, e a Lei precisa ser publicada e promulgada o mais rápido possível”, disse ele.
O Sr. Jordan também pediu que aconselhamento independente fosse disponibilizado aos proprietários em necessidade que têm de lidar com instituições financeiras. Ele exigiu que os conselheiros independentes devem ter experiência nas áreas de direito e finanças, e que deve haver assessores suficientes para garantir que cada proprietário em necessidade possa dispor de tais serviços.
“O governo deve agir imediatamente para implementar medidas como essas. Caso contrário, a crise das hipotecas residenciais em atraso só continuará a piorar”, disse Jordan.
Setor de arrendamento ainda pior
Além de destacar a crise em relação ao atraso de hipotecas residenciais, a Threshold advertiu que a situação no mercado de arrendamento também é extremamente grave.
De acordo com o presidente da Threshold, a Sra. Aideen Hayden, as taxas de atraso de hipotecas de arrendamento são ainda piores do que as de hipotecas residenciais.
“Nenhuma estratégia está sendo desenvolvida para lidar com atrasos em hipotecas de arrendamento. E se não agirmos para resolver esta questão agora, há um sério risco de que o setor privado alugado desmoronará”, disse ela.
Isso é especialmente preocupante, pois os problemas neste setor podem muito bem ter sérias repercussões para as famílias irlandesas.
Segundo a Sra. Hayden, “A maioria dos que possuem propriedades de arrendamento não são desenvolvedores e não detêm numerosas propriedades, são apenas pessoas comuns. Muitos deles foram incentivados a comprar imóveis durante os anos de boom e agora estão em situação de liquidez negativa. Muitas de suas propriedades são garantidas contra casas de família, assim, em última análise, um aumento no atraso de hipotecas de arrendamento coloca casas de família em risco.”
De acordo com o último censo, o número de pessoas alugando casas, ao invés de comprá-las, aumentou, com habitações alugadas perfazendo agora quase 20% de todo o estoque habitacional.
“Habitações privadas alugadas são uma rede de segurança padrão para pessoas que não conseguem ter acesso à habitação de qualquer outra forma. Se essa rede de segurança é tirada porque pequenos proprietários não podem mais pagar suas hipotecas de arrendamento, então, que opções são deixadas para os que atualmente dependem do mercado privado alugado?”, disse a Sra. Hayden.
Threshold foi fundada em 1978 e é uma instituição de caridade, cujo objetivo é assegurar o direito à habitação, especialmente para famílias enfrentando problemas de pobreza e exclusão. Seu trabalho principal é no setor alugado. A caridade opera um escritório nacional, com sede em Dublin, e três escritórios regionais, assessorando e representando quase 20 mil pessoas a cada ano. Mais informações estão disponíveis em www.threshold.ie