Crise na Rússia: BC anuncia moratória para salvar economia

18/12/2014 14:48 Atualizado: 18/12/2014 14:48

O Banco Central da Rússia comunicou na quarta-feira (17) a adoção de medidas com o objetivo de flexibilizar as normas bancárias para apoiar o sistema financeiro nacional, que enfrenta uma das maiores quedas da moeda russa desde a crise financeira de 1998.

Na segunda-feira (15), o rublo teve uma queda de cerca de 10%. Numa tentativa de frear esta desvalorização da moeda, o Banco Central russo divulgou à 1h da madrugada de terça-feira (16) a elevação da taxa básica de juros da Rússia. A taxa subiu de 10,5% pra 17%. No período de apenas um ano, os juros subiram seis vezes. A providência só surtiu efeito durante os primeiros minutos depois que os mercados da Bolsa de Valores abriram na terça-feira, conforme dados da Dow Jones Newswires.

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Houve uma pequena recuperação do rublo, mas a moeda começou a cair novamente logo depois, chegando a 26% de desvalorização frente ao euro. O Kremlin não quis fazer comentários sobre a medida do Banco Central russo de elevar a taxa de juros porque, de acordo com o porta-voz do governo russo, o Banco Central tem independência.

Durante toda a terça-feira (16), os bancos principais do país constataram um volume maior de pessoas sacando dinheiro e comprando dólares e euros, mesmo com os altos preços. Existe o temor de que a situação fique pior. O site do Banco Raiffeisen teve quatro vezes mais acessos do que o normal, informou o banco.

Mesmo com toda a crise da moeda, a população russa ainda não enxerga um cenário catastrofico. A quase totalidade das pessoas entrevistadas pela agência RFI Brasil de notícias mencionou a década “perdida” de 90 e disse que a crise atual está muito longe de parecer com o que viveram na década anterior, imediatamente após o fim da União Soviética.

Vladimir Putin disse que a culpa pela queda de preço do barril de petróleo é dos especuladores e do Ocidente. Os especialistas apontam como principais causas da desvalorização do rublo as sanções econômicas impostas devido ao envolvimento da Rússia na guerra civil do leste da Ucrânia e a queda do preço do barril de petróleo.

A inflação no país deve aumentar graças à elevação do preços dos produtos ao consumidor, causada pelo aumento da taxa de juros. É esperada uma taxa anual de 10% a partir de janeiro de 2015.

Na crise de 1998, a taxa de juros chegou a 100% ao ano e a desvalorização do rublo levou a Rússia a declarar uma moratória da sua dívida. A situação das finanças públicas e das reservas internacionais agora são muito melhores que a de 98, mas há um temor no mercado de que o país não consiga cumprir suas dívidas.