A crise financeira europeia tem o potencial de descarrilar o processo de recuperação econômica global, a menos que sejam tomadas medidas para contê-la, afirmou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) num relatório publicado em 22 de maio.
A organização caracterizou a recuperação como frágil e extremamente desigual em diferentes regiões, acrescentando que a zona do euro poderá enfrentar uma severa recessão. “Com crescimento lento, desemprego elevado e pouco espaço de manobra no espaço político macroeconômico, as reformas estruturais são um remédio de curto prazo para estimular o crescimento e aumentar a confiança”, disse Angel Gurria, secretário-geral da OCDE, num comunicado.
A OCDE disse que a recuperação nos países economicamente saudáveis é boa, mas poderia não compensar o crescimento negativo plano de seus vizinhos. Economias com grandes dívidas externas terão de se concentrar em melhorar a competitividade. “A crise na zona do euro continua a ser o maior risco de queda enfrentado pela perspectiva global”, afirmou Pier Carlo Padoan, economista-chefe da OCDE.
Houve aumento da tensão na zona da moeda comum de 17 país após as eleições indecisas na Grécia em 6 de maio. Nenhum partido recebeu um mandato claro e nenhum bloco de partidos foi capaz de formar uma unidade de governo. Um governo interino de funcionários não eleitos foi nomeado para manter as coisas juntas até novas eleições no próximo mês.
Não há garantia de que os eleitores gregos elegerão um governo que apoie as medidas de austeridade severa vinculadas ao empréstimo de resgate de 170 bilhões de dólares da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. A extrema esquerda, o partido Syriza antiausteridade ficou em segundo lugar em 6 de maio e considera-se que vencerá em 17 de junho.
O líder do Syriza, Alex Tsipras, disse em Paris nesta terça-feira que medidas de austeridade são “um experimento europeu para infligir um choque político neoliberal num país, o que levará a uma crise humanitária sem precedentes”, relatou o jornal Ekathimerini.
“O capital financeiro, banqueiros e capitalistas uniram forças numa União Europeia contra os gregos. Eles querem destruir a Grécia para que possam atacar a Europa”, acrescentou ele.
Apesar das declarações mordazes de Tsipras, ele disse na semana passada que não quer ver a Grécia parar de usar a moeda comum, mas ainda se opõe com veemência as medidas de austeridade.
O vice-presidente Vítor Constâncio do Banco Central Europeu disse dias 23 que espera que a Grécia fique na zona do euro. “Eu não acho que o pior acontecerá na Europa. Eu não anteciparia a saída da Grécia […] mas isso não significa que a Grécia não enfrentará uma situação difícil”, disse ele, segundo a agência Notícias de Atenas.