Crise bancária na China avança: Alguns bancos suspendem atividades de empréstimo

26/06/2013 16:34 Atualizado: 27/06/2013 14:35
Clientes usam caixa eletrônico numa agência do Banco Industrial e Comercial da China em Pequim. Recentemente, o ICBC ficou inoperante por cerca de uma hora, o que inquietou muitos chineses devido à instabilidade financeira geral percebida na China atualmente (Frederic J. Brown/AFP/Getty Images)

De repente, tudo se parece com 2008 novamente. Notícias sobre bancos em dificuldades pululam por todos os lados nos últimos dias. Em 2013, no entanto, os Estados Unidos não são o epicentro da crise; agora é a vez da China e as coisas estão piores a cada dia. Segundo a mídia chinesa, os bancos estão restringindo as atividades de empréstimo na tentativa de reduzir os riscos e reparar seus balanços.

O problema começou no final de maio, quando surgiram relatos de que o Banco Industrial e Comercial (ICBC) não poderia pagar um empréstimo interbancário. Mais tarde, em junho, o banco central chinês foi obrigado a intervir para resgatar o Banco da China, segundo fontes do mercado. O Banco da China negou “solenemente” esses relatos, mas o estrago estava feito.

O mercado de ações entrou na descendente e as taxas de juros para empréstimos interbancários subiram para 13,4% em 20 de junho, algo que não era visto desde a crise de 2008. Na sequência, um relato relativamente menos sério sobre o Banco da China ter suspendido as transferências de e para contas de negociação de futuros em 24 de junho agiu como uma verdadeira bomba nas bolsas de valores em 25 de junho.

De acordo com artigos da respeitável revista de negócios Caixin, os bancos encerraram suas atividades de crédito em alguns ramos. O jornal citou uma fonte do ramo de Shenzhen do ICBC dizendo que foi a matriz que ordenou diretamente a suspensão de todos os empréstimos.

“Todos os nossos empréstimos foram postos em espera”, disse a fonte, indicando que os bancos estão se esforçando para satisfazer as taxas regulamentares de crédito. As oscilações recentes no mercado interbancário têm tornado difícil para os bancos se financiarem, então, eles têm de cortar a concessão de crédito.

Embora não seja incomum que os bancos restrinjam os empréstimos que filiais podem fazer no final do mês, o período de suspensão é preocupante. O Banco da China, por exemplo, planeja recomeçar a emprestar somente em 15 de julho, uma moratória de três semanas.

A Caixin citou um funcionário da sede do Banco da China dizendo que “mais ênfase deve ser colocada na gestão de liquidez e no controle de empréstimos”, para reduzir a razão empréstimo-depósito, ou seja, quanto a instituição pode emprestar em relação ao dinheiro que ela possui depositado.

O Banco CITIC e o Banco Huaxia suspenderam apenas o crédito hipotecário, segundo a Caixin. O Diário Metropolitano Yanzhao citou um agente imobiliário dizendo que os bancos ainda consideram pedidos de empréstimo para imóveis, mas que eles demorariam muito mais para analisar. “Quando o empréstimo poderá ser aprovado é algo que nenhum de nós pode garantir”, disse o funcionário de um ramo do Banco de Desenvolvimento Shanghai Pudong ao Diário Yanzhao.

Outros relatos da mídia indicam que o corte dos empréstimos visa principalmente os empréstimos para segundas propriedades. Estas são o veículo preferido para a especulação e, portanto, apresentam risco elevado para os bancos.

No entanto, o impacto sobre a economia chinesa é significativo. Na China, os grandes bancos controlam o crescimento econômico por meio da emissão de empréstimos para o setor imobiliário e investimento em infraestrutura. Se a injeção de dinheiro pelo Estado e consequentemente o crescimento dos empréstimos sofre uma parada, a mesma coisa ocorre com o PIB.

A contenção dos empréstimos para investimento imobiliário especulativo é um passo necessário para reduzir a bolha do mercado imobiliário. No curto prazo, porém, isso colocará pressão nos preços e poderá levar à liquidação por atacado de especuladores avançados. Semelhante ao estouro da bolha dos subprime nos Estados Unidos, isso poderia levar a consequências inesperadas para a economia como um todo.

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