Crise agrária na Índia: Agricultores exigem solução saudável

22/03/2013 13:39 Atualizado: 22/03/2013 13:39
Mulheres idosas e lactantes descansam sob o abrigo de uma fazenda numa vila tribal, localizada no sopé das Montanhas Velliangiri, em Semmedu, Coimbatore, Índia. Cerca de 60% da população indiana depende direta ou indiretamente da agricultura (Venus Upadhayaya/The Epoch Times)

Milhares de agricultores de 15 estados da Índia reuniram-se em Nova Déli, para um protesto que dura de 18 a 22 de março, exigindo a intervenção do governo para resolver a crise de agricultura no país.

Os agricultores protestaram sobre a aquisição de terras, rendas em queda, novos quadros jurídicos que ameaçam a subsistência das fazendas e a soberania alimentar e o uso de novas tecnologias agrícolas no país.

Num artigo da revista ambiental e científica ‘Down To Earth’, Naresh Tikait, o presidente da União dos Agricultores Indianos (União Bhartiya Kisan), disse que milhões de indianos produtores de alimentos estão sendo forçados a abandonar a agricultura e deixar suas aldeias em busca de trabalhos inseguros e limitados nos centros urbanos, enquanto muitos têm apelado ao suicídio por se verem em circunstâncias terríveis.

“É este um caminho sensato numa época de profunda crise ambiental, quando milhares de pessoas estão morrendo de fome e precisam de um meio de vida seguro? Se o governo indiano continuar a promover a industrialização desequilibrada e o consumismo da elite, de onde virá a água e a eletricidade para esses grandes projetos industriais e qual será o impacto sobre a natureza e os pobres?”, disse ele, segundo a reportagem.

Tikait preocupa-se que, no ritmo atual de suicídios, haja poucos agricultores restantes no país num futuro próximo.

Um fazendeiro e sua esposa viajam de charrete numa cidade remota em Raichur, distrito de Karnataka. Muitos agricultores indianos têm se suicidado por causa da crise agrária na última década, deixando para trás seus familiares e dívidas acumuladas (Vênus Upadhayaya/The Epoch Times)

De acordo com um relatório da Escola de Direito de Universidade de Nova York, mais de 250 mil agricultores indianos se suicidaram nos últimos 16 anos, a maior onda de suicídios registrada na história humana. Isso significa que a cada 30 minutos um agricultor comete tal ato na Índia.

Os manifestantes em Nova Déli incluíam agricultores do movimento ‘Comitê de Coordenação dos Agricultores Indianos’, um conglomerado de pessoas de todo o país, e o Movimento dos Agricultores de Karnataka. A reunião foi acompanhada ainda pela Aliança Nacional dos Movimentos Populares (ANMP).

A ANMP defende o acesso do povo indiano a terra, água, florestas e sementes – os recursos mais importantes das comunidades agrárias e a fonte de alimento e sustento para a maioria dos indianos.

As principais reivindicações feitas pelos manifestantes são:

• Sem posse da terra, mas direitos de acesso e uso da terra;
• Renda garantida para os agricultores por meio da Lei de Garantia da Renda Agrícola e da Comissão de Renda-Agricultura;
• Medidas imediatas e intervenções para impedir o suicídio de agricultores;
• Eliminar limitações legais que ameaçam a subsistência das fazendas e a soberania alimentar;
• Promoção de agrotecnologias ecologicamente sustentáveis, por meio de agroquímicos e agroecologia em vez de culturas geneticamente modificadas;
• Proibir projetos que exploram a água e a desviam da agricultura para infraestrutura, projetos de energia térmica e lazer;
• Defender a soberania de grãos das comunidades indianas.

Na Índia, onde quase 60% da população depende direta ou indiretamente da agricultura, políticas governamentais corretas e de incentivo podem aumentar a capacidade dos agricultores de alimentar o país com alimentos saudáveis e nutritivos produzidos localmente.

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