Atividades do crime organizado, como contrabando de migrantes, tráfico de marfim e pirataria marítima, estão cada vez mais frequentes no leste da África e devem ser combatidos por meio de uma série de medidas, tanto na região quanto nos mercados para onde as mercadorias ilícitas são destinadas, afirmou um relatório das Nações Unidas divulgado semana passada.
O documento “O crime organizado transnacional no leste da África: uma avaliação da ameaça”, produzido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), destaca as principais ameaças criminosas enfrentadas na região, além de seus custos para a sociedade.
De acordo com o relatório, mais de 100 mil pessoas foram contrabandeadas para fora da região só no ano passado, gerando mais de 15 milhões de dólares para as redes criminosas que operam na travessia marítima do Chifre da África. Muitos migrantes sofrem abusos sexuais, extorsões e confinamento.
A caça ilegal de marfim corresponde a um lucro de 30 milhões de dólares aos mercados ilícitos asiáticos. Pesquisas recentes indicam que a taxa da caça na região está ameaçando a população local de elefantes. Entre 5.600 e 15.400 elefantes são caçados no leste da África anualmente, produzindo entre 56 e 154 toneladas de marfim ilegal. Dois terços foram destinados à Ásia.
As drogas também estão tendo maior participação no mercado ilícito, com até 22 toneladas de heroína sendo traficadas na região a cada ano. O tráfico dessa substância sempre ocorreu na região, mas uma série de apreensões recentes faz crer que a quantidade aumentou significativamente.
Na Somália, a pirataria teve um lucro de 150 milhões de dólares em 2011, o equivalente a quase 15% do produto interno bruto (PIB) do país. Nos últimos anos, no entanto, políticas internacionais têm contribuído para diminuir a incidência desse crime na região.
De acordo com o relatório, os mercados ilícitos que afetam o leste da África, muitas vezes, são originários e/ou destinados a outros continentes. Como resultado, as intervenções puramente locais são insuficientes para resolver o problema. A comunidade internacional deve reunir esforços para acabar com estes mercados ilegais.
Esta matéria foi originalmente publicada pela ONU Brasil