Crianças com memórias de vidas passadas surpreendem pesquisadores

28/12/2014 19:43 Atualizado: 28/12/2014 19:43

O universo é cheio de mistérios que desafiam o nosso conhecimento atual. Em “Além da Ciência”, o Epoch Times coleta histórias sobre alguns fenômenos estranhos para estimular a imaginação e abrir a mente para novas possibilidades. Elas são reais? Você decide.

Diversos pesquisadores têm investigado cuidadosamente casos de crianças que relatam memórias de vidas passadas. Foram verificados muitos casos em que os detalhes dados por crianças (algumas vezes com uma precisão surpreendente) correspondem a pessoas falecidas. Em outros casos, os dados são mais difíceis de se verificar.

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Mesmo nos casos mais convincentes, alguns encontrarão algum elemento de dúvida. Será que os pais influenciaram os seus filhos com uma certa linha de questionamento sugestionável? Será que as crianças ouviram informações e repetiram-nas, sem o conhecimento de seus pais? Poderia uma imaginação fértil ou desejo de atenção terem alimentado a conversa sobre uma vida passada? Talvez a probabilidade possa explicar como tais “memórias” correspondem a pessoas ou eventos reais, ou talvez sejam apenas palpites de sorte.

A psicologia

O psicólogo Dr. Erlendur Haraldsson, professor emérito da Universidade da Islândia, em Reykjavik, estudou 30 crianças no Líbano, que persistentemente falaram de memórias de vidas passadas, e as comparou com outro grupo de teste composto por outras 30 crianças. O Dr. Haraldsson se perguntou se as crianças que se associam tão fortemente a outra pessoa (sua encarnação de vida passada) são psicologicamente semelhantes a pessoas com múltiplas personalidades.

O Dr. Haraldsson testou as crianças para saber se elas estavam mais propensas a tendências dissociativas do que seus pares do grupo outro teste. Ele explicou em seu artigo “Crianças que falam de experiências de vidas passadas: Há uma explicação psicológica?”, publicado pela Sociedade Britânica de Psicologia, em 2003: “O conceito de dissociação tem sido usado para descrever uma variedade de processos psicológicos, que vão desde aqueles que são perfeitamente normais, como a atenção dividida e sonhar acordado, ao aparecimento de múltiplas personalidades na mesma pessoa com pouca ou nenhuma consciência umas das outras”.

Ele descobriu que as crianças com supostas memórias de vidas passadas “obtiveram pontuações mais elevadas em relação a sonhar acordado, busca de atenção, e dissociação, mas não em relação ao isolamento social e à facilidade de se deixarem levar por sugestões”. No entanto, ele descobriu “que o nível de dissociação foi muito menor do que nos casos de personalidade múltipla, e não foi clinicamente relevante”.

No mesmo artigo, ele fez referência ao seu estudo de campo no Sri Lanka. Ele descobriu que lá, as crianças que falavam de vidas passadas sonhavam acordadas mais do que seus pares do outro grupo teste, mas não houve nenhuma indicação de que elas eram mais propensas a fabricar experiências imaginárias. Nem foram encontradas evidências indicando que elas seriam mais  facilmente levadas por sugestões. Em um de seus estudos no Sri Lanka, ele descobriu que essas crianças têm vocabulários maiores, obtiveram maior pontuação em um breve teste de inteligência e tiveram melhor desempenho escolar do que seus pares do outro grupo teste.

Haraldsson citou o Dr. Ian Stevenson, conhecido por seu estudo sistemático iniciado na década de 1960, sobre milhares de casos de crianças que relataram memórias de vidas passadas. Stevenson reexaminou muitas das crianças e descobriu que elas cresceram de forma saudável, se ajustaram apropriadamente à sociedade, e não tiveram diferenças psicológicas significativas comparadas com seus pares do outro grupo teste. Apenas uma das crianças que Stevenson reexaminou tornou-se esquizofrênica na vida adulta.

A busca pela verdade

Psicólogos como Haraldsson e Stevenson esforçaram-se para detectar qualquer influência psicológica que pudesse gerar dúvidas sobre as supostas memórias que eles investigaram.

Em 1975, o Jornal da Associação Médica Americana escreveu sobre Stevenson: “No que diz respeito à reencarnação, ele cuidadosamente e sem emoção coletou uma série detalhada de casos na Índia, casos em que as evidências são difíceis de serem ligadas a qualquer outra razão. … Ele registrou uma grande quantidade de dados que não podem ser ignorados.”

Em 1994, Haraldsson publicou um artigo intitulado “Estudos de Replicação de Casos Sugestivos de Reencarnação por Três Investigadores Independentes”, no Jornal da Sociedade Americana para a Pesquisa Psíquica, delineando estudos que replicaram a obra de Stevenson.

Ele resumiu: “Até o momento, Jurgen Keil estudou 60 casos na Birmânia, Tailândia e Turquia; Erlendur Haraldsson estudou 25 casos no Sri Lanka; e Antonia Mills estudou 38 casos no norte da Índia. … Em 80% dos 123 casos, foi identificada uma pessoa falecida que aparentemente correspondeu a algumas ou todas as declarações da criança. … Em 51% dos 99 casos resolvidos, a pessoa que a criança alegou ser era desconhecida pela família da criança; em 33% era conhecida e em 16% era parente. Da amostra combinada de 123 casos, apenas um dos casos [um estudado de Mills] parecia estar na fronteira entre o engano consciente perpetrado e o autoengano.”

O trabalho incluiu alguns exemplos de casos em que foram verificados os detalhes das memórias. Um desses casos foi o de Engin Sungur, nascido em dezembro de 1980 no Hospital Antakya, em Hatay, Turquia.

Caso de um menino na Turquia

Quando Sungur era um jovem garoto, fez uma viagem com sua família para longe de sua aldeia natal, Tavla. Durante a viagem, ele apontou para uma aldeia pela qual passava, chamada Hancagiz, e disse que ele morava lá. Ele disse que seu nome era Naif Cicek, e que ele tinha ido para Ancara antes de morrer.

Realmente existiu um Naif Cicek, que havia morrido naquela aldeia um ano antes de Sungur nascer. Mas a família de Sungur ficou sem saber disso por algum tempo. Eles não cederam imediatamente aos pedidos de Sungur para visitar a aldeia de sua vida passada.

Em data posterior, quando a filha de Cicek estava na aldeia de Tavla, onde Sungur vivia, antes da família de Sungur e Cicek terem qualquer contato, Sungur se aproximou dela e disse: “Eu sou o seu pai”.

A mãe de Sungur eventualmente levou-o para Hancagiz para conhecer a família de Cicek. O menino identificou corretamente vários membros da família, incluindo a viúva do falecido. Ele apontou para uma lamparina a óleo na casa de Cicek e disse que ele a havia feito sozinho. Ele disse que seu filho uma vez acertou-a com seu próprio caminhão enquanto estacionava de ré.

Todas as declarações feitas por Sungur estavam corretas, todas elas combinaram com os detalhes da vida de Cicek. Algumas outras declarações que ele fez não puderam ser verificadas, mas ele não fez nenhuma declaração incorreta.

O Dr. Jim Tucker, sucessor de Stevenson em estudos de reencarnação da Universidade de Virginia, contou casos semelhantes em que puderam ser verificados os detalhes das memórias de vidas passadas de uma criança, em seu livro “Retorno à Vida: Casos Extraordinários de Crianças que Lembram de Vidas Passadas”. Mas, ele observou, com relação aos casos que não podem ser verificados, “no mínimo, eles levantam a questão sobre o que poderia levar as crianças a acreditar que lembram dos acontecimentos que algumas delas relatam”.

Caso de uma menina no Canadá

O Dr. Tucker citou alguns exemplos, um dos quais envolveu uma menina do Canadá, que pareceu lembrar-se de ser uma senhora idosa. O pai da menina não tinha nenhum interesse por hóquei. Na verdade, ele evitava assistir ou falar sobre este assunto porque ele tinha más associações com o esporte – seu próprio pai era apaixonado por hóquei e sua falta de interesse pelo esporte havia afetado negativamente a relação entre os dois.

A menina, Hannah, quando tinha 3 anos de idade, perguntou ao seu pai por que o filho dela nunca mais levou-a para assistir jogos de hóquei. O pai perguntou quando o filho dela havia feito isso, e Hannah respondeu: “Você sabe, papai, quando eu era uma senhora idosa”.

Depois de algum tempo, ela falou mais sobre seu filho, dando detalhes como o carro branco com ferrugem que seu ele costumava dirigir e sua jaqueta de couro.

O 

Dr. Tucker escreveu: “Mesmo que as declarações da criança não possam ser verificadas neste caso, eu acho que são bastante impressionantes. O que levaria uma criança de 3 anos de idade, especialmente cuja família nem gostava de hóquei, a imaginar que ela tinha sido uma mulher idosa que desejava que seu filho a levasse para assistir a jogos de hóquei?”

* Imagem de “galaxy” via Shutterstock