A economia chinesa cresceu a uma taxa de 7,4% no primeiro trimestre de 2014 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais divulgados recentemente. Esses números são muitas vezes encarados com algum cepticismo por analistas, e como de costume se conformam em estreita colaboração com as declarações de altos oficiais chineses sobre para onde eles esperam que o crescimento econômico se dirija este ano.
A taxa de crescimento de 7,4% numa base anual é o mais lento ritmo anunciado de crescimento desde 2012. A taxa de crescimento trimestral desacelerou de 1,7% para 1,4%, entre setembro e dezembro do ano passado.
“Isso significa que o investimento em ativos fixos desacelerou mais um degrau”, disse Qu Hongbin, economista-chefe sobre China e copresidente de Economia Asiática do HSBC, que fez uma análise no Weibo. “A retomada fundamental da construção não poderia sequer compensar o impacto da queda no setor imobiliário, e o investimento na indústria manufatureira também foi baixo, mas estável. O futuro ritmo de crescimento do investimento ainda é bastante fraco.”
Ao mesmo tempo em que os números oficiais foram publicados, as autoridades chinesas apareceram na mídia para explicar alguns dos problemas na economia. “A qualidade do PIB é relativamente baixa, e o efeito da transferência de riqueza foi relativamente pobre”, disse a manchete da mídia Economic Reference.
Tudo se resume ao custo do crescimento econômico. Promover crescimento com dívida acaba sendo insustentável, disse Han Wenxiu, o vice-diretor do escritório de pesquisa do Conselho de Estado. “Os empréstimos estão aumentando a cada ano, e em algum momento a dívida será grande demais”, disse ele.
O PIB não retrata toda a imagem da saúde da economia, disse ele. “A construção de uma ponte aumenta o PIB. Derrubá-la também contribui para o PIB. Construir outra também eleva o PIB. Construa-a três vezes e você desperdiçou enorme capital, mas a riqueza criada é muito pequena.”
Como um pesquisador governamental, ele evitou usar o termo “crise”, coisa que a economia chinesa enfrentaria se continuar a confiar na expansão da dívida para sustentar seu crescimento. Mas muitos economistas estrangeiros têm associado uma crise fiscal perigosa com o insustentável acúmulo da dívida chinesa. Desde a crise financeira global em 2007-2008, os líderes chineses têm empurrado a economia por meio desse crescimento, permitindo que os bancos estatais emprestem grandes somas para projetos de infraestrutura que trazem retorno econômico insuficiente ou nenhum sobre o capital investido.
Uma das tarefas no âmbito da nova liderança de Xi Jinping tem sido prevalecer sobre essas práticas e tentar permitir que o crescimento seja criado organicamente, por meio de gastos dos consumidores. Os obstáculos para essa transição são altos, no entanto, e isso ainda tem de ser realizado.
Os líderes chineses se comprometeram em tornar a economia mais aberta para a indústria privada e empresas estrangeiras, e anunciaram uma série de medidas fragmentadas para esse efeito. É mais fácil registrar negócios agora, por exemplo, e as empresas de internet estão sendo licenciadas para recorrer aos bancos. Mas as questões estruturais mais profundas – como o contínuo controle do Estado sobre setores-chave, incluindo serviços bancários –, cuja resolução permitiria uma economia mais dinâmica, está intimamente vinculado ao sistema político, e pode levar muitos anos para mudar, se é que essas mudanças são possíveis.