Crescimento dramático do suprimento de dinheiro na China

21/10/2012 20:08 Atualizado: 30/10/2012 20:11
O distrito central de negócios de Pequim feito com notas de Yuan chinês em 2007. (Teh Eng Koon/AFP/Getty Images)

Uma medida para o abastecimento de dinheiro chinês ultrapassou 94,37 trilhões de yuanes (15 trilhões de dólares), duas vezes o produto interno bruto (PIB) do país este ano. Devido ao crescimento agressivo, especialistas começaram a suspeitar que isso terá um impacto na inflação e outras consequências econômicas.

Os últimos dados divulgados pelo Banco Popular da China (BPC) – o banco central do país – indicam que a ampla oferta de dinheiro (conhecido como M2) é de 94,37 trilhões de yuanes, o que mostra um crescimento superior a 14% pela primeira vez este ano, segundo a Caijing, uma conhecida publicação financeira. A M2 é medida levando-se em conta as notas e moedas em circulação, bem como instrumentos financeiros, tais como contas correntes e depósitos.

Os economistas em geral entendem que altos níveis de crescimento de crédito indicam uma política monetária frouxa que pode levar à inflação.

Ao mesmo tempo, outra medida (M1) mais estreita de oferta de dinheiro envolve 28,68 trilhões de yuanes, que é 7,3% do crescimento ano-a-ano e um aumento de 2,8% em relação ao final do mês passado.

Os economistas às vezes julgam se há muito dinheiro num sistema usando a relação entre oferta de moeda e PIB. Nas economias desenvolvidas do Ocidente, a relação entre M2 e PIB é inferior a um. Em países emergentes, M2 normalmente é de 1 a 1,5 vezes o PIB.

A M2 da China no final de setembro deste ano foi o dobro do PIB, com base num valor de PIB de 47 trilhões de yuanes (7,5 trilhões de dólares) em 2011, segundo a Secretaria de Estatísticas da China.

Mesmo se for comparada à M2 recorde de 10,12 trilhões de dólares dos Estados Unidos, a M2 chinesa é 1,5 vezes maior do que a dos Estados Unidos. No entanto, o PIB chinês é apenas metade do dos Estados Unidos, com base em números de 2011 do FMI.

No entanto, Zhou Xiaochuan, presidente do Banco Popular da China acredita que a quantidade de moeda em circulação não é adequada. Nona edição do Jornal de Pesquisa Financeira, Zhou Xiaochuan afirma que a China não imprimiu e colocou em circulação moeda excessiva, conforme amplamente divulgado pela mídia chinesa.

A moeda em circulação representa notas e moedas e é uma parte das reservas dos bancos comerciais. É o chamado dinheiro de alta potência, sem a qual não pode haver crescimento do crédito e M2.

Frank Xie, que escreve regularmente sobre economia chinesa, disse em entrevista ao Epoch Times que o argumento de Zhou Xiaochuan empurra a responsabilidade de imprimir dinheiro para longe do regime chinês.

“Observe as estatísticas reais de inflação na China, não os números publicados pelo Partido Comunista. Veja os números fornecidos por instituições independentes de pesquisa fora da China. Na realidade, as estatísticas oficiais de inflação nos últimos dois anos só poderiam ser causadas pela impressão excessiva de dinheiro, não há outra causa.”

Frank Xie disse que uma vez que a economia da China está atualmente em declínio, reduzir as taxas de juros tem efeito limitado para estimular a economia, porque o país não é ainda uma economia de mercado funcional: o Partido Comunista Chinês (PCC) depende principalmente de imprimir dinheiro para estimular a economia, disse ele.

“As pessoas estão realmente sentindo os efeitos do aumento dos preços, mas as estatísticas publicadas pelo IPC [índice de preços ao consumidor] do PCC continuam a cair e o mundo exterior não pode compreender como estas estatísticas são produzidas”, disse Frank Xie. Esconder o verdadeiro quadro de inflação por trás de estatísticas manipuladas é uma cobertura útil para a impressão de dinheiro, argumentou ele.

Outra medida frequentemente ignorada que sinaliza perigo inflacionário é o tamanho da folha de balanço do banco central. A folha de balanço do BPC no final de junho de 2012 foi de 28,6 trilhões de yuanes (4,6 trilhões de dólares). Isso é maior do que os balanços do Federal Reserve (2,8 trilhões de dólares) e do Banco Central Europeu (4 trilhões de dólares), mas o PIB da China é menos da metade de qualquer um deles.

Como resultado, nos últimos anos, os preços na China subiram rapidamente. Segundo dados estatísticos, o preço da carne triplicou ou mesmo quintuplicou em algumas áreas em um ano.

O preço do óleo de cozinha enfrentou três ondas de aumento de preços este ano, com um aumento de mais de 20% em setembro, segundo a mídia estatal China News.

O aluguel em Pequim aumentou 20% este ano, segundo a Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês. A bolha imobiliária da China tem sido um ponto convergente para os céticos sobre a economia do país e muitos chineses ricos regularmente procuram propriedades no exterior.

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