O banco central da China anunciou mais cortes nos depósito de referência e nas taxas de empréstimo em 6 de julho, a segunda vez que isso é feito em cerca de um mês. Acredita-se que os cortes sejam feitos em resposta ao crescimento desacelerado do PIB da China. No entanto, alguns economistas não acreditam que isso dinamizará a economia chinesa como esperado, mas, ao invés disso, desencadeará uma nova onda de inflação.
O Banco Popular da China já havia reduzido as taxas de referência de empréstimos e de depósito em 25 pontos base para 6,31% e 3,25%, respectivamente, em 8 de junho.
Desde 6 de julho, as taxas foram ainda mais reduzidas em 31 e 25 pontos base, para 6% e 3%, respectivamente. O banco central também tem permitido que as taxas de empréstimo sejam reduzidas até 70% da taxa de referência, abaixo dos 80% anteriores.
Alguns analistas acreditam que isso tornará os empréstimos mais atraentes por serem mais acessíveis.
Frank Xie, um professor da Universidade da Carolina do Sul Aiken, acredita que a economia da China desacelerou severamente e agora está numa crise pior do que as autoridades anteciparam. “É por isso que as taxas de juros foram cortadas duas vezes num mês, porque eles tentam desesperadamente estimular o crescimento econômico”, disse Xie à Rádio Som da Esperança (SOH).
Ele também observou a assimetria óbvia nos cortes desta vez, com a redução das taxas de depósito menores do que a das taxas de empréstimo. Isto pode ser porque às autoridades temem uma corrida aos bancos, disse ele.
Cheng Xiaonong, um especialista em China baseado nos EUA e ex-assessor do ex-primeiro-ministro chinês Zhao Ziyang, disse à SOH que o último movimento é um sinal claro da atual recessão econômica da China e prova que a economia da China está agora muito pior do que as autoridades alegaram. “Portanto, as autoridades começaram a tomar uma série de medidas para combater a recessão”, disse ele.
Isso pode significar também que as alegações da China de ter um crescimento do PIB de 8% são falsas. “Se o crescimento do PIB da China fosse de fato de 8%, as autoridades deveriam ter elevado a taxa de juros ao invés de baixá-la”, disse Cheng.
No entanto, o banco central disse que a faixa de flutuação das taxas hipotecárias de empréstimo não mudaria e que “as instituições financeiras deverão continuar a cumprir rigorosamente a política diferenciada de empréstimo e coibir investimentos imobiliários especulativos”.
A tendência de queda de nove longos meses do mercado imobiliário da China terminou, com um ligeiro aquecimento do mercado de março a junho, segundo um relatório recente da mídia estatal.
Isso indica que os governos locais já começaram a empurrar para cima os preços dos imóveis, disse Cheng. “Evidentemente, o governo central fechou os olhos para isso e não tomou nenhuma ação para conter os preços dos imóveis.”
Cheng comentou que a China tem uma estrutura econômica muito distorcida e que os cortes de juros não estimulariam uma economia em contínua deterioração.
“Por exemplo, 5% da população chinesa controla a riqueza da China, enquanto outros 95% não tem poder de compra real. Uma vez que as exportações são obstruídas, os retornos em investimentos de infraestrutura básica serão zero e os empréstimos não poderão ser pagos. Consequentemente, a China não será capaz de manter seu crescimento econômico.”
O J.P. Morgan disse acreditar que o mecanismo direto de cortar a taxa de juros foi um “abrandamento significativo na pressão da inflação”, para menos de 3%, informou o Wall Street Journal.
No entanto, Cheng disse que a queda da inflação pode ser apenas um fenômeno temporário. “As autoridades chinesas começaram a implementar a mesma política monetária usada quatro anos atrás, o que resultou em inflação. Eles injetaram uma grande quantidade de dinheiro em circulação. Portanto, podemos ver a inflação subir novamente num período de quatro meses.”
Xie também disse que as autoridades chinesas podem continuar a imprimir mais dinheiro no futuro próximo, com efeito, implementando uma política monetária frouxa. “O regime chinês deixará a inflação corroer a riqueza de seus cidadãos, a fim de manter seus falsos números econômicos.”
“Na verdade, não há solução para os problemas econômicos da China de qualquer forma”, concluiu Xie.