Corrupção leva veterano do Partido Comunista Chinês a renunciar

28/10/2013 15:00 Atualizado: 07/11/2013 21:17

Após 33 anos de luta tentando fazer algo de bom como um oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), o vice-secretário do Congresso Popular Municipal de Changsha renunciou, deixando para trás o que ele chama de “a escuridão do sistema”.

A mídia da China continental entrevistou Liu Yun sobre sua saída e carreira. Liu tinha aspirações de realizar grandes mudanças, mas, em retrospecto, ele não entendeu o sistema do regime.

Seu primeiro trabalho, obtido com 23 anos, logo após se formar na Universidade Normal de Nanjing, foi na Secretaria Estatal de Cartas e Apelações. Liu avançou para sua próxima posição em 1987, na Secretaria Municipal de Relações Exteriores de Shenzhen e, mais tarde, tornou-se secretário municipal do PCC.

Nesse tempo, Liu sentiu que o ambiente social e de trabalho em geral estava em declínio. “Extravagância, suborno e corrupção sem limites eram bastante comuns”, disse Liu. Então, ele tentou seu melhor para evitar essas situações e apenas “tornar-se insensível a tudo”.

Espinho no caminho

Em julho de 1992, Liu recebeu seu doutorado e avançou para uma posição na Zona Econômica Especial, onde percebeu que não tinha as habilidades básicas necessárias para ser um funcionário bem-sucedido do governo. Assim, ele proativamente se esforçou para ser contratado como um membro do comitê municipal de Hunan.

Após conseguir aquela posição, Liu definiu metas para tornar o município um lugar melhor para se viver, com política transparente, desenvolvimento econômico e atmosfera social adequada e decente. Ele considerou essas metas como a base do desenvolvimento futuro. Ele estava sozinho nessas buscas e, para seus colegas, ele era um espinho no caminho.

Liu foi acusado de prejudicar o ambiente econômico local e de destruir a reputação de empresas por deter proprietários de empresas de jogos de azar, por confiscar automóveis de luxo e por não aceitar subornos.

Depois de anos trabalhando para melhorar o sistema político; em 2000, Liu percebeu que, sem subornos ou presentes, a sobrevivência no sistema é praticamente impossível. “Se você se recusar a entrar no círculo, dando presentes, é praticamente impossível que você obtenha uma posição, para não mencionar qualquer promoção. Se sua posição é boa, como você pode esperar mantê-la?”

Política nas escolas

Em 2001, Liu foi transferido de outra posição, do Comitê Municipal Econômico e Comercial, para a Universidade de Changsha, onde serviu como secretário do PCC. Ele pensou que, em relação ao círculo político, as escolas seriam relativamente simples. Ele logo aprendeu que as escolas também estavam infectadas pelo mesmo sistema obscuro.

A ligação entre as escolas e o regime comunista chinês foi uma revelação decepcionante para Liu. Numa ocasião, Liu e um reitor voaram para a Alemanha para participar de um seminário. O reitor comentou casualmente: “De acordo com o padrão alemão, nós somos criminosos.”

“Por exemplo, tente obter mais reconhecimento ou recursos para seu objeto de pesquisa”, disse Liu. “Você pode evitar contato com os líderes de projeto ou de pesquisa? Absolutamente não. Você pode contatar alguém com as mãos vazias? Não, você não pode. Você ficará bem se ninguém criar problemas para você. Mas, se alguém quiser lhe atormentar, eles podem acusá-lo de corrupção.”

Em janeiro de 2013, após 12 anos na Universidade de Changsha, ele saiu e assumiu o cargo de vice-secretário do Congresso Popular Municipal de Changsha.

Escapando do chiqueiro

Liu lembrou um ditado que ouvi uma vez: “Embora o chiqueiro seja sujo, os porcos gostam de estar lá. Se você não pode tolerar a sujeira, é melhor você não entrar neste ambiente. E, uma vez que você entre, não tente limpá-lo, ou os porcos irão mordê-lo.”

Primeiramente, Liu não levou este dizer muito a sério, mas, ao longo do tempo, ele aceitou-o como verdade. Eventualmente, ele decidiu desistir e ir embora.

Um número significante de membros do PCC que compreenderam a escuridão no regime do PCC tem se afastado desse sistema sinistro. De acordo com reportagens do Epoch Times, mais de 147 milhões de chineses já renunciaram ao PCC e suas organizações afiliadas.