Corrupção e subornos protegem produtos falsificados na China

22/07/2012 11:00 Atualizado: 22/07/2012 11:00

Uma infinidade de produtos falsificados está disponível na China, incluindo camisetas de futebol falsificadas, muitas vezes através da conivência de oficiais locais do PCC. (Philippe Lopez/AFP/Getty Images)A última entrada no desagradável desfile de produtos falsos chineses? Asas de frango não cozinháveis. Um blogueiro na província de Zhejiang, no sul da China, recentemente descreveu como sua mãe tentou preparar um pacote de asas e percebeu que elas ainda estavam rosa e aparentemente crus após uma tentativa de fritura. Ainda mais problemático, as asas também tinham gosto estranho. O blogueiro postou fotos das asas preparadas com coloração rosa e das asas congeladas que não foram utilizadas.

A postagem se difundiu amplamente com especialistas citados em artigos da mídia especulando que elas eram asas de frango reais que foram injetadas com água e uma substância gelatinosa.

Este foi a última, mas não a mais estranha história de produtos falsificados da China, uma indústria que persiste no país, dizem analistas, devido às propinas muitas vezes dispensadas aos oficiais por empresas corruptas, a uma população desmoralizada e às tentativas do regime de encobrir escândalos.

Em 2009, relatos de ovos falsos feitos de produtos químicos, gelatina e parafina alarmaram o país; em 2008, o Partido Comunista decidiu suprimir a história do leite em pó contaminado com melamina que adoeceu e matou crianças por medo de deixá-la ofuscar os preparativos olímpicos.

Versões falsificadas de quase tudo podem ser encontradas em mercados na China: artigos de luxo falsos, eletrônicos, utensílios domésticos, alimentos e bebidas, certificados, documentos oficiais, recibos, camisas de futebol e até mesmo lojas da Apple falsas.

Em vez de ajudar a combater esses crimes, os oficiais locais do Partido Comunista são conhecidos por darem cobertura aos criminosos.

A mídia estatal chinesa informou em 2010 que os trabalhadores numa empresa de vinhos na cidade de Qinhuangdao, cerca de 170 quilômetros a leste de Pequim, injetaram álcool, sabores e cores artificiais em garrafas de marcas conhecidas de vinhos. Câmeras de vigilância monitoradas pelas autoridades do controle de qualidade local registraram o comportamento. O proprietário da empresa e os trabalhadores não mostraram medo de ficar em apuros, aparentemente contando com a proteção oficial local.

Em fevereiro de 2010, a mídia chinesa informou que a polícia deteve uma repórter do Diário Guangzhou quando ela buscava entrevistas numa cidade na província de Hebei que seria fonte dos ovos falsificados. A polícia manteve a repórter em sua delegacia por cerca de sete horas para “ajudar a investigação policial”. O artigo acusa a polícia de proteger negócios ilegais.

Embora o regime muitas vezes declare que reprimirá os produtos falsificados, os cidadãos permanecem céticos.

Simplesmente manter as empresas funcionando, sejam falsificadoras ou não, também contribui para o PIB local, uma medida fundamental usada para avaliar os oficiais que buscam ser promovidos. Os governos locais também estão frequentemente satisfeitos com os falsificadores que pagam seus impostos.

“O protecionismo se tornou o guarda-chuva de proteção dos produtos falsificados e dos comportamentos comerciais desonestos”, disse um artigo na imprensa estatal. “O protecionismo tem de ser resolvido antes que a falsificação possa ser eliminada.”