Corrigir a poluição do ar é como andar: fácil até o chão começar a se mover

22/07/2013 12:53 Atualizado: 22/07/2013 13:50
O distrito comercial de Pudong em Shanghai, China, cercado por densa poluição atmosférica (Mark Ralston/AFP/Getty Images)
O distrito comercial de Pudong em Shanghai, China, cercado por densa poluição atmosférica (Mark Ralston/AFP/Getty Images)

Há uma espécie de dissonância sensorial nas cidades modernas. Apesar do glamour que aparentam, o ar nas cidades contemporâneas fede. Um estudo recente publicado na revista Environmental Research Letters descobriu que dois milhões de mortes prematuras ocorrem em todo o mundo por ano associadas com a poluição do ar.

Em junho, o prefeito de Londres publicou um relatório mostrando que a poluição do ar, mesmo em países ricos, não é uma coisa do passado. Usando uma aritmética diferente de Silva e al., o ‘Comitê sobre os Efeitos Médicos da Poluição do Ar’ do governo do Reino Unido estimou em 2010 que a redução da concentração média dessas partículas microscópicas em uma unidade (de uma carga atmosférica de cerca de 20 unidades) salvaria cerca de quatro milhões de anos de vida para os nascidos em 2008.

A maneira mais simples e eficaz de melhorar a situação da qualidade do ar urbano é reduzir as emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis. Controles de emissão têm sido efetivamente implementados para grandes complexos industriais, mas ainda há muito a fazer, especialmente em economias dependentes da energia do carvão.

A poluição mais problemática é a do tráfego, especialmente do congestionamento do tráfego em ruas estreitas. Melhorias nos projetos de motores resultaram em menos emissões por veículo, mas melhorias na poluição do ar urbano do Reino Unido, por exemplo, estão paralisadas há quase uma década. Aparentemente, como uma sociedade, temos conseguido desfazer o bom trabalho dos engenheiros automotivos dirigindo carros maiores com mais frequência.

Os formuladores de políticas falam de “retorno linear” da poluição que deveria resultar do controle de emissões. Coletivamente, fomos convidados a seguir esta linha reta, mas ninguém nos disse que o terreno – o complicado sistema sócio-econômico-ecológico das cidades – estava se movendo sob nossos pés.

Uma maneira de intervir para tornar os sistemas das cidades mais sustentáveis é utilizar vegetação como “infraestrutura verde”. A vegetação nas cidades pode oferecer muitos e variados benefícios: diminuir os efeitos da ilha de calor urbano, melhorar a qualidade do ar, aumentar a biodiversidade, melhorar a qualidade da água, oferecer resistência a inundações e melhorar o bem-estar.

Perceber esses benefícios requer um planejamento cuidadoso e engenharia proativa: “a árvore certa no lugar certo“. Fazer isso impropriamente e com árvores inadequadas – como ruas de árvores – pode até piorar as coisas, evitando que a poluição do ar se disperse e saia da estrada, por exemplo. Agir com cautela fará as cidades terem melhor qualidade do ar e mais biodiversidade do que as pradarias agrícolas em torno delas, incrementando significativamente o bem-estar, a felicidade e a produtividade. E, o melhor de tudo, grande parte desse planejamento pode ser popular, com os habitantes locais, em vez dos burocratas, decidindo como querem que sejam as ruas.

Com toda a probabilidade este planeta terá mais alguns bilhões de pessoas em algum momento deste século. As cidades são nossa melhor esperança para acomodar tantas pessoas, mas as cidades falharão em última instância, se não investigarmos como esses supersistemas funcionam, se não valorizarmos os serviços prestados a nós pela parte não-humana do organismo urbano e se não reconhecermos a vulnerabilidade de todos os sistemas complexos humanos e não-humanos. As cidades não devem apenas explorar o potencial oferecido pelas pessoas e pelos finitos recursos naturais, mas devem melhorar a experiência de todos aqueles que vivem nelas.

Rob MacKenzie é professor de Ciência Atmosférica na Universidade de Birmingham, Reino Unido. Este artigo foi originalmente publicado no The Conversation

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