Parceria com empresário de Taiwan facilita corrupção
Depois de oficiais bem conectados na China transformarem sua influência em dinheiro, eles precisam descobrir como mover o dinheiro para fora do país. Ninguém está melhor conectado do que Zeng Qinghong, e, com a ajuda de uma empresária de Taiwan, Zeng e sua família criaram empresas que lhes permitem movimentar grandes somas para o exterior.
Zeng há muito tempo tem a reputação de ser um dos corretores mais influentes do Partido Comunista Chinês (PCC). Atualmente, ele é chefe do Congresso Nacional Popular, ele atingiu o auge de seu poder oficial nos anos de 2002-2007, quando era um membro tomador de decisão do Comitê Permanente do Politburo e vice-presidente da China.
Nos bastidores, Zeng foi creditado por salvar a carreira política do ex-líder chinês Jiang Zemin, quando Deng Xiaoping pensava em substituí-lo no início de 1990, e ajudou Jiang novamente, orquestrando o afastamento do cargo do prefeito de Pequim, Chen Xitong, em 1995.
De acordo com uma fonte familiarizada com os negócios de Zeng Qinghong, Zeng começou a trabalhar com uma empresária de Taiwan quando a China Eastern Airlines enfrentou forte turbulência econômica em 2002.
A empresária de Taiwan injetou dinheiro, salvando a companhia aérea. Zeng Qinghong e seu filho, Zeng Wei, foram muito gratos. Zeng Wei era o chefe da China Eastern por trás dos bastidores.
O novo relacionamento provar-se-ia mutuamente benéfico. A benfeitora dos Zengs era CEO de duas companhias financeiras em Taiwan e bem conectada nos círculos políticos de Taiwan.
Negócio de Hong Kong
Zeng Qinghong e a empresária começaram a trabalhar imediatamente para ativar conexões políticas de Zeng para sua vantagem.
Zeng era o homem de frente de Jiang Zemin nos assuntos de Hong Kong e foi nomeado chefe do PCC em Hong Kong e do Grupo de Coordenação do Projeto de Macau.
Uma das principais tarefas de Zeng era colocar em prática o Acordo de Estrita Parceria Econômica (AEPE), uma espécie de acordo de livre comércio entre Hong Kong e a República Popular da China (RPC).
Na superfície, o AEPE parecia envolver investimentos atraentes, mas as famílias de Zeng e Jiang tinham segundas intenções para quererem o acordo.
A empresária de Taiwan comprou um banco em Hong Kong a um preço baixo. Depois que o AEPE foi assinado em 2003, esse banco tem sido usado para canalizar fundos de Taiwan através de Hong Kong para o continente, e para as famílias de Jiang e Zeng começarem a lavagem de dinheiro e o envio para fora da China.
Uma empresa de seguros de propriedade da empresária de Taiwan entrou no mercado chinês e sua parceira de negócios era a China Eastern Airlines. A partir de então, Zeng Wei em conjunto com a família de Jiang começou a lavagem de dinheiro e o envio para o exterior através da China Eastern Airlines.
Em 2006, o Grupo Shandong Luneng, uma empresa estatal gigante, foi privatizado e, com canais estabelecidos para movimentar o dinheiro diretamente para fora do país, a família de Zeng estava pronta para tirar proveito. Cerca de 70 bilhões de yuanes (11 bilhões de dólares) em ativos estatais foram perdidos no negócio, e a maior parte desse dinheiro foi transferida para o estrangeiro.
Influência política comprada
Um político sênior de Taiwan, que é um amigo próximo da empresária, tinha seus olhos em Jiang e Zeng. Ele colocou seu dinheiro no banco da empresária, e de lá o político sênior subornou as famílias de Zeng e Jiang.
Este político comprou de Zeng e Jiang uma promessa de “executar uma política de compromisso sobre a questão de Taiwan para os próximos anos”. Para aqueles poucos anos, durante o momento crítico, sempre havia alguém do lado da RPC que podia aparecer e expressar opiniões sobre Taiwan que atendiam as necessidades deste político de Taiwan.
A família de Zeng teve forte influência na Administração Aeronáutica Civil da China (AACC). Em 2005, Pu Zhaozhou, o diretor do escritório da AACC de Taiwan, Hong Kong e Macau, fez uma conferência de imprensa em nome do Escritório dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China, para anunciar a expansão das rotas de voo através do Estreito.
Isso foi feito sem notificar primeiro o Escritório dos Assuntos de Taiwan, o escritório da RPC que tem autoridade sobre os assuntos de Taiwan. Este anúncio era um retorno político para o político de Taiwan por subornar Zeng.
Casa na Austrália e aposentadoria
Oficiais do PCC não só procuram tirar seu dinheiro da China, onde eles acreditam que estará a salvo mesmo que o PCC caia. Eles também procuram mover suas famílias para fora da China pela mesma razão.
Zeng havia aconselhado seu filho a imigrar para a Austrália e, em 2008, Zeng Wei concluiu a compra da Craig-y-Mor em Point Piper por 32 milhões de dólares australianos, a terceira casa mais cara já vendida na Austrália.
Zeng se aposentaria do Comitê Permanente do Politburo em outubro de 2007 no 17º Congresso Nacional, mas tentava se agarrar a sua posição no comitê.
No 16º Congresso do Partido em 2002, Zeng e Jiang criaram uma regra que qualquer um que tivesse 68 anos ou mais teria de se retirar do Comitê Permanente. Eles fizeram isso para forçar o amplamente admirado Li Ruihuan para fora do corpo principal.
Zeng tinha agora 68 anos, mas ele e Jiang alegaram antes do 17º Congresso do Partido que a norma não se aplicava ao caso de Zeng. Zeng disse que pretendia ficar para “continuar orientando os novos membros”.
Enquanto isso, alguns ex-oficiais e membros do Politburo que apoiavam o líder do PCC, Hu Jintao, pediram persistentemente que Zeng Qinghong explicasse de forma clara por que seu filho havia emigrado para a Austrália.
Cada verão altos oficiais do PCC se reúnem no balneário de Beidaihe. Na reunião de 2007, um oficial aposentado criticou como o filho do vice-presidente emigrou secretamente para outro país e, em seguida, foi divulgado pela mídia estrangeira. “Isso é muito vergonhoso, indecente, ultrajante”, disse o ex-oficial.
Enfrentando acusações de muitas pessoas, Zeng Qinghong ficou furioso e gritou numa reunião que ele não sabia sobre a imigração e não podia controlar seu filho.
Hu Jintao, porque Zeng havia “traído o país por dinheiro”, usou um artigo no Diário do Povo para lhe dar um aviso. Zeng Qinghong entendeu o aviso de Hu e foi forçado a se aposentar.
Quando Zeng saiu, ele tentou salvar as aparências da melhor forma, alegando que tinha se sacrificado para ajudar Xi Jinping, que entrou no Comitê Permanente e, em seguida, foi nomeado sucessor de Hu Jintao.