Poucos especialistas esperam que o relatório preparado pela comissão da ONU possa alterar alguma coisa do que vem ocorrendo lá.
Na verdade, até hoje a ONU parece ter feito uma pressão sobre a Coréia do Norte muito burocrática, como que visando mais preencher formulários e ficar constando que também agia em defesa dos direitos humanos daquele sofrido povo.
“Lá, as pessoas são consideradas sub-humanas”, declarou Ji Seong-Ho, que perdeu uma mão e uma perna aos 14 anos, quando tentou roubar carvão para sobreviver. As pessoas com deficiência mental ou física são consideradas “inúteis” e eliminadas.
Durante a fome de 1994-98 cerca de um milhão de pessoas morreram – a população à época era de 20 milhões de habitantes – enquanto os ditadores marxistas empreendiam extravagantes projetos voltados para a glória do socialismo. Sem comida, os mais fracos – crianças, idosos e deficientes – foram os primeiros a morrer.
Kim Hyuk, hoje com 32 anos, mas aos 7 – quando sua mãe morreu – virou “menino de rua” pedindo esmola e roubando para comer, num país de miseráveis. Tudo mudou com a fome. As crianças morriam nas ruas.
A polícia recolhia os sobreviventes e os enviava a orfanatos para lá morrerem sem ser vistos por outros.
“Não havia nada para comer além de folhas de milho em pó. Comia lagartos, cobras, ratos e grama”, contou Kim. Ele conseguiu fugir para a China e depois passou para a Coréia do Sul.
No relatório final, a força das evidências se impôs. A Comissão da ONU acusou a Coréia do Norte de “violações disseminadas e sistemáticas” em prisões e campos de concentração.
Segundo o chefe do inquérito, Michael Kirby, Pyongyang não respondeu às solicitações de entrada ao país e não comentou sobre as entrevistas com os dissidentes.
“Pensamos no testemunho de um rapaz, aprisionado desde o nascimento e vivendo à base de roedores, lagartos e grama para sobreviver, e testemunhando a execução pública da sua mãe e do seu irmão”, disse Kirby.
Segundo ele, o inquérito buscará determinar quais instituições e funcionários são responsáveis. O chefe da missão ainda desafiou os norte-coreanos a apresentarem provas contrárias ao que chamou de “vastos indícios” apresentados pela comissão.
So Se Pyong, embaixador da Coréia do Norte na ONU, qualificou o inquérito de “falsificação difamatória que buscar derrubar o regime norte-coreano, que foi politicado pela União Européia e o Japão em aliança com a política hostil dos EUA”. Um ritornelo habitual na propaganda do regime marxista.
O ditador Kim Jong-un, como vem fazendo até agora, continuará com suas bravatas e intensificará os programas de foguetes e armas nucleares, aliás, com péssima tecnologia, a fim de ameaçar os países vizinhos.
Ele herdou a experiência de seus predecessores na arte de dissimulação e de crueldade e conta com poderosas atonias no mundo político e eclesiástico ocidental.
De fato, muitos clérigos e ativistas sob os holofotes da grande mídia pregam em defesa dos pobres e dos menos favorecidos…
Mas quem – nessas últimas décadas – ouviu uma dessas “vedetes” “pelos pobres” falar contra o universo de horrores do mundo socialista?
Esse conteúdo foi originalmente publicado pelo site Pesadelo Chinês