O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve o aperto monetário indicado na última reunião, no final de outubro, e elevou a taxa Selic a 11,75% ao ano. A decisão é válida até o próximo encontro, em 20 e 21 de janeiro. Trata-se da maior taxa de juros desde agosto de 2011.
O Banco Central iniciou a trajetória de alta em abril do ano passado, quando a taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011. A perspectiva de maior aperto monetário se dá em um ambiente de preocupação com a inflação.
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Para ancorar as expectativas, porta-vozes do Banco Central têm sinalizado que poderão atuar de forma mais forte. No comunicado divulgado na noite desta quarta-feira (3), o Banco Central sinaliza que novos ajustes serão feitos com “parcimônia”. “O Copom decidiu, por unanimidade, intensificar, neste momento, o ajuste da taxa Selic e elevá-la em 0,50 p.p., para 11,75% a.a., sem viés.
Considerando os efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros fatores, o Comitê avalia que o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia”, informa o texto. A decisão foi unânime e teve votos do presidente do Banco Central, Alexandre Antonio Tombini, e dos diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
Muitos economistas ficaram ressabiados com a surpreendente elevação de 0,25 p.p. da Selic em outubro, para atuais 11,25%, e passaram a considerar toda e qualquer manifestação do Banco Central para não errar novamente. O primeiro sinal de que outra dose de 0,25 p.p. não é certa, veio do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, quando participava de evento em Florianópolis (SC). “O Copom não será complacente (com a inflação) e, se for adequado, irá recalibrar a política monetária”, afirmou.
O Comitê afirmou, em sua última ata, que a aceleração da inflação havia motivado a elevação da taxa, enquanto o mercado aguardava manutenção. “Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante, para garantir que pressões (inflacionárias) detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos”, informou o documento.
Na semana passada, quando confirmado à frente do Banco Central no novo mandato de Dilma Rousseff (PT), o presidente Alexandre Tombini reforçou o recado. Ele admitiu que a inflação acumulada em doze meses ainda seguia elevada e que, nessas circunstâncias, a política monetária deve se manter “especialmente vigilante” para evitar que ajustes de preço se espalhem para o resto da economia. A expectativa do mercado é de que o ano de 2015 seja diferente para as contas públicas.
O ministro indicado para a Fazenda, Joaquim Levy, prometeu certa dose de austeridade para os próximos três anos, o que é um ganho e tanto para os efeitos da política monetária. E, é bom lembrar, qualquer ação tomada pelo Copom só terá efeito mesmo em meados de 2015.