Conversas de novo estímulo na China alarmam especialistas

05/08/2012 11:00 Atualizado: 05/08/2012 11:00

Construção excessiva de arranha-céus pode indicar uma dura queda para a economia chinesa. (Mike Clarke/AFP/Getty Images)Uma nova rodada de estímulo com o objetivo de manter o crescimento econômico da China pode estar no horizonte, segundo observações recentes feitas por líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) numa reunião do Politburo em 31 de julho, mas especialistas no sistema político e econômico da China não acham que isso será útil em longo prazo.

O líder chinês Hu Jintao disse que o crescimento econômico é uma prioridade, devido às tensões sociais que podem resultar se o crescimento abrandar. Assim, novos investimentos públicos em grande escala estão sendo planejados.

No entanto, os analistas advertem que essa nova rodada de estímulo pode ser mais desastrosa do que o pacote de estímulo de 4 trilhões de yuanes (628 bilhões de dólares) em 2008 e que o custo da maioria dos investimentos improdutivos acabará sendo pago pelo povo na forma de inflação.

Durante a reunião, o primeiro-ministro Wen Jiabao disse que a economia chinesa enfrenta “pressões descendentes relativamente fortes” e que “a China dará maior prioridade à manutenção do crescimento econômico estável”, segundo a mídia estatal Xinhua.

Recentemente, os governos locais começaram a lançar planos de estímulo e alguns bancos pediram a suas filiais para aumentarem a concessão de empréstimos a veículos de financiamento dos governos locais, segundo um artigo do Diário da China.

As filiais dos bancos estão sendo instruídas a liberar empréstimos para financiar projetos de estradas, ferrovias, gás natural e energia limpa, diz o relatório.

Estímulo local

Alguns governos locais anunciaram recentemente uma série de projetos. Por exemplo, a cidade de Changsha na província de Hunan anunciou em 26 de julho que a cidade planeja investir 830 bilhões de yuanes (130 bilhões de dólares) em 195 projetos nos próximos cinco anos, segundo um artigo do ‘International Finance News’.

A província de Guizhou lançará o “Plano de desenvolvimento do turismo ecológico e cultural de Guizhou” em agosto e o governo provincial investirá 3 trilhões de yuanes (471 bilhões de dólares) em projetos selecionados dos 2.383 projetos apresentados por diferentes regiões, disse o artigo.

A mídia chinesa tem chamado este novo pacote de estímulo de “a versão do governo local” e parece que ele superará o pacote do governo central durante a crise econômica mundial de 2008. O anterior não promoveu o crescimento do PIB, mas, em última análise, resultou em inflação e contribuiu para a bolha imobiliária.

Saciando a sede bebendo veneno

Shi Cangshan, um especialista em China baseado em Washington DC, disse ao Epoch Times que as autoridades centrais do Partido Comunista Chinês (PCC) já estão sentindo a crise econômica iminente. Mas mudar a estrutura da economia é impossível, então, estimular o investimento é a única opção para gerar crescimento.

Lançar um pacote de estímulo maior é como matar a sede bebendo veneno e trará consequências ainda piores do que o pacote anterior, disse Shi, usando uma expressão chinesa.

O economista chinês Larry Lang ecoa esta opinião em seu blogue dizendo que, “[A economia] afundará numa crise ainda mais profunda após um breve momento de excitação.”

A crise reduziu a receita dos governos locais já que a receita da venda de terras diminuiu. Por exemplo, a cidade de Changsha, que investirá 130 bilhões em 195 projetos, registrou 10,8 bilhões de dólares em receitas em 2011; e a província de Guizhou, que pretende investir 471 bilhões em diversos projetos, reportou receita de apenas 20 bilhões de dólares em 2011, segundo o ‘International Finance News’.

De onde virá o dinheiro do estímulo então? Shi Cangshan disse que os governos locais obtêm financiamento emprestando dos bancos através de veículos de financiamento do governo local ou da emissão de títulos dos governos locais. Ele previu que o Banco Central em breve reduzirá os requisitos de reservas bancárias novamente para afrouxar a política monetária.

O povo paga o preço

Shi disse que os governos locais estão tão endividados que não serão capazes de pagar suas dívidas de forma alguma, assim, no final, o Banco Central terá de imprimir mais dinheiro. Isto resultará em desvalorização da moeda e, eventualmente, o povo terá de pagar através da inflação.

Mon-Chi Lio, professor-associado de Economia Política na Universidade Nacional Sun Yat-sen de Taiwan, disse à Rádio Som da Esperança que o regime recorreu ao uso de investimentos desnecessários para manter o crescimento estável antes da transferência de poder no próximo 18º Congresso do PCC. Em breve, vários projetos, especialmente aqueles que não foram devidamente avaliados ou revistos, competirão por financiamento bancário à custa do dinheiro do povo.