Conversa cibernética entre EUA e China vem em meio a planos de sanção

11/04/2015 05:15 Atualizado: 11/04/2015 05:15

Conversas de alto nível sobre segurança cibernética entre o regime chinês e o secretário do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Jeh Johnson, estão marcadas para abril.

Para falar sobre combate ao terrorismo e ao crime global, está sendo realizada em Pequim uma conferência, de três dias, com altas autoridades de ambos os países. Segurança cibernética é um dos temas-chave.

O encontro ocorre apenas uma semana depois de a administração Obama ter anunciado um novo programa de sanções que punirá hackers e empresas que lucram com acesso ilegal a informações (hacking). As sanções poderão afetar seriamente empresas estatais do regime chinês que se beneficiam do cibercrime.

Sanções dos EUA com relação à China é provavelmente um dos temas-chave e fará desse encontro um diálogo de segurança cibernética de alto nível entre os EUA a China, e, sobre isso, os EUA estão em situação de significativa vantagem.

Olhando para trás, cada vez que os EUA acusam o regime chinês de utilizar ciberataques para ganhos financeiros (ex. espionagem de segredos tecnológicos), os líderes chineses encontraram uma nova carta para jogar.

Em julho de 2013, o presidente Barack Obama tentou estabelecer com o líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, um encontro inovador sobre segurança cibernética.

Enquanto Obama voava para a Califórnia para o encontro, no entanto, um ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA), Edward Snowden, divulgou informações sobre os programas de espionagem da NSA. Snowden esvaziou de modo eficaz o diálogo sobre roubo cibernético que Obama teria com o regime chinês.

“Ao equiparar moralmente Pequim e Washington nessa área, Snowden obscureceu uma distinção crítica, dando à China argumentos político”, escreveu John Bolton, pesquisador do American Enterprise Institute. Na época, Bolton disse:”Agora, a China pode se posicionar como vítima, sitiada pelos Estados Unidos, e simplesmente se colocar na defensiva”.

Só foi em maio de 2014 que a administração Obama tentou novamente acabar com o uso pelo regime chinês de ciberataques visando a ganhos financeiros. Em 19 de maio, o Departamento de Justiça emitiu sentença contra cinco hackers militares chineses.

O regime chinês respondeu imediatamente a essa ação, atacando empresas norte-americanas. Em 20 de maio, no dia seguinte à sentença, o regime chinês proibiu o uso do Windows 8 nas empresas do governo. Logo na sequência, ações semelhantes foram tomadas contra empresas norte-americanas, incluindo a Apple, IBM e Cisco.

O regime chinês continua a usar as alegações de Snowden de que os EUA espionam tudo o que é de seu interesse. E as ameaças de litígio não dão aos Estados Unidos nenhuma carta adicional nesse jogo, uma vez que o regime chinês mostrou que pode atingir os interesses dos EUA muito duramente por meio de retaliações a empresas privadas americanas na China.

No entanto, para o encontro em Pequim, os EUA têm mais poder de fogo para fazer ameaças de sanções. A menos que o regime chinês possa produzir outro Snowden, o diálogo atual pode realmente ter resultados concretos.