Contrariado com mudança na economia, PT tenta emplacar agenda própria

01/12/2014 07:30 Atualizado: 01/12/2014 08:11

Reunido nesta sexta-feira (28) em Fortaleza para fazer um balanço das eleições e debater os rumos do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o diretório nacional do PT considerou “coisa feita” as nomeações de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Kátia Abreu para a Agricultura. Embora contrariadas, as principais correntes do partido não devem tornar públicas críticas às escolhas da presidente.

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Em troca, o partido vai pedir mais empenho do governo em questões caras à base petista, como o marco regulatório dos meios de comunicação, a revisão do fator previdenciário, reforma fiscal, questões trabalhistas e indígena. O PT também deve cobrar espaço mais qualificado no ministério.

A legenda já dá como certo que terá um número menor de ministérios no segundo mandato de Dilma. Conforme um importante dirigente petista, isso deve ser compensado com a indicação de “líderes capazes de fazer a disputa política nas suas áreas”. Ou seja, o PT quer um ministério mais político e menos burocrático e hermético do que o do primeiro mandato.

Na segunda-feira, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil fez uma reunião preparatória em São Paulo para elaborar o discurso. Embora nomes como Levy e Kátia Abreu não agradem setores do PT, eles dizem que “o que vai prevalecer” é o programa de governo do partido.
Para driblar as críticas, os dirigentes petistas fazem uma comparação com o primeiro mandato de Lula, quando Henrique Meirelles – na época um banqueiro filiado ao PSDB – foi escolhido para o Banco Central, o “petista conservador” Antonio Palocci para a Fazenda e Roberto Rodrigues, representante do agronegócio, para a Agricultura. “A área econômica não está à disposição para disputa partidária”, admitiu um dos vice-presidentes do partido, Alberto Cantalice. Segundo ele, o importante é que ministérios ligados diretamente às causas petistas fiquem com nomes vinculados à esquerda.

O PT vai lutar para manter seus espaços no governo e emplacar nomes como o do deputado estadual Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma, nos Esportes, e o governador da Bahia, Jaques Wagner, em alguma pasta política. Além disso o partido quer impor uma pauta ao segundo governo de Dilma.

Um dos itens principais é a criação de um marco regulatório para os meios de comunicação, reivindicação antiga do PT engavetada por Dilma no primeiro mandato. A presidente já disse que vai abrir o debate sobre o tema no segundo semestre do ano que vem e descartou qualquer medida de controle de conteúdo. O objetivo, segundo ela, será restringir “monopólios e oligopólios”.

O presidente do PT Rui Falcão afirmou que a regulação da mídia está na agenda do segundo mandato de Dilma. O partido quer ainda que o governo crie uma fórmula alternativa ao fator previdenciário, reivindicação histórica dos sindicatos ligados ao PT, uma reforma fiscal que desonere a nova classe C, que ascendeu durante os governo Lula, e a manutenção da política de valorização do salário mínimo.

Editado por Epoch Times