Com a recente nomeação de uma missão separada para a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a Índia está lentamente, mas com firmeza, começando a combater a influência da China na região.
A ASEAN é composta por Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Birmânia (também conhecida como Myanmar), Vietnã, Laos e Camboja. Japão, EUA, Austrália, Índia e China são países parceiros da ASEAN.
Numa visita de quatro dias à Brunei e Indonésia para participar das reuniões da ASEAN e do Sudeste Asiático no início de outubro, o primeiro-ministro indiano Manmohan Singh anunciou a criação de uma missão indiana para se dedicar exclusivamente a ASEAN com um embaixador em tempo integral.
Bibhu Prasad Routray, analista de segurança na Cingapura e ex-vice-diretor da Secretaria do Conselho Nacional de Segurança da Índia, disse em entrevista ao Epoch Times: “Para mim, a escolha do embaixador da Índia para Mianmar é uma demonstração da seriedade em defender os interesses em Mianmar. O embaixador Gautam Mukhopadhaya foi enviado a Yangon de Cabul onde realizou um trabalho excepcional.”
Desde 2003, a China ampliou suas parcerias com países da ASEAN em áreas de comércio, defesa e desenvolvimento, após a assinatura de um acordo estratégico com o corpo do Sudeste Asiático. A Índia assinou um acordo de Cooperação Econômica Abrangente com a ASEAN no mesmo ano e, posteriormente, em 2009, assinou o Acordo Índia-ASEAN de Comércio em Mercadorias, que aumentou substancialmente as exportações da Índia para os Estados da ASEAN. No entanto, a China continua a ser uma grande potência econômica regional e a maior fornecedora de armas para a região.
“A Índia está tentando emergir como um jogador de destaque [na região] principalmente por meio do fortalecimento de suas relações com a ASEAN, e também pela celebração de fortes relações bilaterais com muitos dos países do Sudeste Asiático”, disse Routray.
Por causa de suas crescentes necessidades energéticas, Índia e China também estão competindo cada vez mais por recursos energéticos no Sudeste Asiático. A conexão da China através do continente, do Oceano Índico, Bangladesh, Sri Lanka e Paquistão até o porto do Sudão tem sido uma preocupação de segurança e comercial para a Índia.
De acordo com Routray, os planejadores políticos percebem que a Índia não pode igualar a força militar da China ou mesmo sua dominação econômica. “Então, as alternativas são usar todas as outras opções, como o desenvolvimento de relações bilaterais com os países do Sudeste Asiático, tanto com os países que a Índia considera amigos como também com os países que estão igualmente apreensivos com o crescimento chinês.”
Numa palestra em 21 de agosto, intitulada ‘Entre olhar e se engajar com o Oriente: O engajamento crescente da Índia com a Tailândia e a ASEAN’, o embaixador da Índia para a Tailândia, Anil Wadhwa, disse: “O engajamento Índia-ASEAN começou com uma forte ênfase econômica, mas se tornou cada vez mais estratégico em seu conteúdo. Nosso diálogo político cresceu, nossas consultas em fóruns regionais têm se intensificado, e nossa cooperação de defesa e combate ao terrorismo têm se expandido.”
Durante a sua visita de quatro dias à Brunei e Indonésia, o primeiro-ministro indiano também manteve reuniões bilaterais com os primeiros-ministros do Japão e da Austrália.
“A Índia tem fortes relações estratégicas com o Japão e a Austrália. As reuniões foram parte desse quadro. Essas reuniões também foram utilizadas por Nova Déli para buscar maior cooperação econômica e investimento do Japão e para discutir um acordo de comércio nuclear com a Austrália sobre a venda de urânio à Índia e acelerar um Acordo de Cooperação Econômica Abrangente”, disse Routray.
De acordo com Routray, também foi um sinal para a China que “Nova Déli prosseguiria seriamente seus interesses estratégicos na região e não se coibiria de usar suas relações com outros países para lidar com os desafios impostos por Pequim”.
Wadhwa, por outro lado, expressou que a Índia continua convencida da relevância contínua da parceria estratégica Índia-ASEAN como uma âncora para a paz, a estabilidade e a prosperidade na região, bem como a nível mundial.
“À medida que a dinâmica de poder global se desloca cada vez mais para a Ásia, é importante entender a dinâmica no Oceano Índico e no Pacífico e trabalhar no sentido de uma estrutura de segurança que aproveite os vínculos civilizacionais para ampliar a cooperação e formar parcerias em todo o Indo-Pacífico. As estruturas políticas, econômicas e de segurança estão evoluindo a nível global e de uma forma mais acentuada no Sudeste Asiático. A ASEAN e a Índia são e continuarão sendo parceiras naturais na definição de suas perspectivas e abordando seus requisitos comuns de crescimento econômico e prosperidade”, concluiu ele.