Contaminação por mercúrio, nova preocupação nos medicamentos chineses

29/05/2013 17:20 Atualizado: 29/05/2013 17:20
Chineses saem da Tongrentang, uma drogaria famosa de medicina tradicional chinesa na área de Qianmen em Pequim em 16 de março de 2008 (Feng Li/Getty Images)
Chineses saem da Tongrentang, uma drogaria famosa de medicina tradicional chinesa na área de Qianmen em Pequim em 16 de março de 2008 (Feng Li/Getty Images)

Escândalos recorrentes estão manchando a marca Tongrentang, uma fabricante e varejista de remédios de medicina tradicional chinesa (MTC) de 360 anos, sediada em Pequim, que vende seus produtos em todo o mundo. As dificuldades da empresa refletem os problemas sistêmicos da produção de remédios tradicionais na China.

De acordo com um artigo de 9 de maio no jornal chinês Diário do Sul; em 7 de maio, o Departamento de Saúde de Hong Kong ordenou o recolhimento do remédio ‘Jian Ti Wu Bu Wan’ de todas as lojas de varejo, porque seu teor de mercúrio seria cinco vezes o limite permitido. E o medicamento não deveria sequer conter mercúrio, disse um porta-voz do Departamento de Saúde.

Após o ‘Jian Ti Wu Bu Wan’ ser recolhido em Hong Kong, fontes na indústria de MTC confirmaram ao Diário do Sul que dois outros produtos da empresa, o ‘Niu Huang Qian Jin San’ e o ‘Xiao Er Zhi Bao Wan’, conteriam 17,3% e 0,72% de sulfeto de mercúrio por peso, ultrapassando os limites internacionais de segurança.

A publicidade sobre os altos níveis de mercúrio nesses três remédios surgiu logo após a subsidiária da Tongrentang, a ‘Companhia de Medicina Chinesa Beijing Tongrentang Ltda.’ (8138: Hong Kong), lançar sua IPO (oferta pública inicial) na bolsa de Hong Kong em 6 de maio. Desde então, a notícia da contaminação por metais pesados recebeu nova atenção da mídia e do público.

A marca Tongrentang tem sido considerada um marco da MTC. A empresa foi criada em 1649 e serviu a corte imperial. Hoje, seu website divulga produtos vendidos em 40 países e regiões e o Diário do Povo, uma mídia porta-voz do regime chinês, se referiu a empresa como a maior produtora de MTC.

De acordo com fontes do setor citadas pelo Diário do Sul num artigo de 21 de maio, os problemas que envolvem a contaminação por mercúrio não estão limitados a alguns produtos da Tongrentang.

Fontes dizem que cerca de 40 medicamentos amplamente vendidos pela Tongrentang contêm sulfeto de mercúrio. Além disso, cerca de 30% de produtos medicinais da empresa para crianças também contêm sulfeto de mercúrio, segundo especialistas.

O Diário de Negócios de Chengdu informou num artigo de 22 de maio que o aditivo ilegal manitol foi identificado em janeiro deste ano no produto Pobifong produzido pela Tongrentang, o que viola as normas nacionais de segurança alimentar na China.

Em abril, outros produtos desidratados produzidos pela ‘Companhia de Medicina Chinesa em Fatias Beijing Tongrentang (Bozhou) Ltda.’ não atenderam às exigências sobre o conteúdo de cinzas totais, bem como o teor de cinzas insolúveis em ácido, segundo o Diário de Negócios de Chengdu.

O Dr. Wang Quansheng, vice-diretor de Terapia Integrada de Medicina Tradicional e Ocidental no Hospital Central de Wuhan, disse ao jornal Wen Wei Po de Hong Kong que, de acordo com a farmacopeia oficial chinesa, a ingestão diária de sulfeto de mercúrio não deve exceder 0,1-0,5 gramas por pessoa. A sobredosagem ou ingestão do composto em longo prazo pode resultar em danos ao fígado, rins e sistema nervoso.

A Tongrentang emitiu uma declaração em 22 de maio no website oficial, dizendo que o cinnabarite [ou sulfeto de mercúrio (II)] é um medicamento tradicional chinês com uma história de 2000 anos e, desde que os pacientes sigam as instruções do médico, é seguro seu uso.

As questões de controle de qualidade que vieram à tona não são particulares à Tongrentang.

Shi Lichen, cofundador da Unidade de Negócios de Medicina da ‘Aliança de Consultoria Administrativa PKU Ltda.’, uma empresa especializada na área e associada à Universidade de Pequim, disse que as empresas chinesas precisam adotar controles rigorosos para garantir que as matérias-primas que usam sejam isentas de contaminação por metais pesados e que fontes prováveis incluiriam ervas cultivadas em solo contaminado e intermediários que acrescentam secretamente metais pesados na produção para aumentar seu peso no mercado. As empresas também devem garantir que seus processos de fabricação não apresentem metais pesados em produtos de medicina.

No passado, o público demonstrou grande preocupação com a questão da contaminação por metais pesados e o incidente da Tongrentang tem provocado mais questionamentos.

O Sr. Wang Jingye, um famoso tenor chinês que agora vive na Cingapura, escreveu em seu Weibo, “Se até numa estabelecida marca de medicina como a Tongrentang eu não posso confiar, seria minha melhor esperar pela morte se eu adoecer?” E concluiu, “Meu Deus, se até mesmo a medicina é venenosa agora, por favor, vocês poderiam me dizer o que ainda é seguro comer [na China]?”

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