Em agosto, representantes de mais de 150 grupos agrícola e alimentício se reuniram com o Secretário do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) Tom Vilsack. Produtores de Trigo, criadores de plantas, companhias de sementes e agricultores sem fins lucrativos pediram uma melhor fiscalização e mais transparência sobre os testes com alimentos geneticamente modificados.
De acordo com Michael Sligh, co-organizador da reunião e diretor da fazenda sem fins lucrativos EUA RAFI (Fundação Internacional de Avanço Rural), o objetivo da reunião foi apresentar uma perspectiva bem desenvolvida, para que reguladores possam entender as reais preocupações do mundo com a contaminação das culturas.
“Eu acho que estamos chegando à conclusão que esta tecnologia (de modificar geneticamente alimentos) é porosa, sendo extremamente difícil a mesma ficar parada em culturas como trigo e milho, que são polinizadas pelo vento e amplamente plantadas”, disse Sligh.
A ameaça de contaminação genética tem grande peso sobre o trigo americano, do qual metade é cultivado para clientes no exterior. Porém, tais clientes afirmaram que vão comprar o trigo em outro lugar se a América não puder proteger a pureza dos grãos. Quando foram encontrados talos de trigo geneticamente modificados por um antigo teste experimental da Monsanto em Oregon (um estado onde 90 por cento do trigo é exportado), vários países rejeitaram as importações norte-americanas.
Exemplos desastrosos da contaminação genética, incluindo um teste de arroz geneticamente modificado feito em 2006, que gerou prejuízo de um bilhão de dólares americanos, contribuíram para um mercado tenso. Especialmente em países onde organismos geneticamente modificados (OGM) são rotulados, garantir a pureza do produto é essencial para manter o comércio de trigo em alta.
Os reguladores federais aprovaram mais de 400 testes de trigos geneticamente modificados nas últimas duas décadas, e os grupos estão pedindo uma moratória sobre os ensaios até que a segurança melhore.
“É fundamental que tenhamos sistemas em ação de modo que diversos mercados possam ter justiça, possam prosperar, e este é o coração da nossa preocupação. Nós sentimos que é preciso haver mais fiscalização, e também acreditamos que é preciso haver mais responsabilidade por parte dos proprietários da tecnologia. Se minhas ovelhas saírem de minha fazenda e comerem o milho do meu vizinho, eu sou responsável por isso”, disse Sligh.
Melhorando o Protocolo de Contaminação
Ambos os lados acharam a reunião produtiva, e os reguladores prometeram abordar as questões e preocupações dos grupos. Porém, como o USDA vai mudar a política, e se vai mudar, não ficou claro.
Em uma entrevista com o Reuters, o USDA observou medidas tomadas nos últimos anos para melhorar a supervisão dos ensaios de OGM. Visitas fiscalizadoras em plantações de testes aumentaram significativamente desde 2007, e o treinamento para monitorar o cumprimento do protocolo melhorou.
Matt Paul, diretor do escritório de comunicações da USDA, minimizou preocupações de segurança sobre os OGM. Ele declarou em 14 de Junho, que “a detecção desta variedade de trigo não apresenta nenhuma preocupação à saúde publica ou à segurança alimentar. A Monsanto trabalhou com a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) em 2004 para completar uma consulta voluntária sobre a segurança alimentar. A conclusão do processo de consultas da FDA significa que esta variedade é tão segura quanto um trigo normal no mercado”.
No entanto, os grupos disseram que, com tantos caminhos e oportunidades para a mistura genética e um protocolo “tristemente inadequado” para enfrentar o desafio, os reguladores ainda não dão a atenção que o assunto merece. Em 2012, o Comitê consultor da Biotecnologia da USDA (AC21), que é uma comissão encarregada de examinar os impactos a longo prazo dos OGM na agricultura dos EUA, foi direcionado para deixar o assunto de culturas não autorizadas fora das discussões e recomendações políticas.
O incidente em Oregon traz a questão de volta à mesa. Em Maio, o USDA lançou uma investigação para determinar a disseminação e o alcance da amostra de trigo achada em Oregon, que são resquícios de uma espécie experimental de trigo geneticamente modificado plantado em mais de 100 campos, em 16 estados. Os principais mercados, como o Japão, Korea e Taiwan, adiaram as importações de trigo branco dos EUA, até que os campos de trigo americanos estejam livres de transgênicos.