Há poucos dias, o governo chinês divulgou um relatório ambiental mostrando as estatísticas sobre a contaminação de terras aráveis em território nacional e em que medida esse problema traz distúrbios à saúde pública. Ao mostrar dados preocupantes, o relatório trouxe à tona novamente um debate que perdura por anos, acerca da escolha conflitante entre progresso industrial e conservação do meio ambiente.
O relatório indicou três causas principais para a contaminação do solo: contaminação por metais pesados, por agrotóxicos e por expansão desenfreada da urbanização, manifestada, sobretudo, nas obras de construção civil. Segundo especialistas da área, o mais preocupante não é o prejuízo à qualidade do solo em si, mas na ressonância do fenômeno na saúde pública, pois os produtos agrícolas cultivados em terrenos contaminados podem trazer sérias complicações ao organismo de quem os consome, com o agravante de que a fiscalização alimentícia da China é bastante ineficiente.
O estudo aponta que o tipo de contaminação mais grave é a por metais pesados, cujos elementos são absorvidos pelo solo devido ao tratamento inadequado dos resíduos industriais. Amostras de solo de diversas localidades do país mostraram concentrações significativamente altas de metais pesados como chumbo, cádmio, mercúrio e arsênio, e, que em plantações localizadas em locais próximos a polos de indústria pesada, um percentual muito mais elevado de camponeses apresenta problemas crônicos de saúde devido ao maior grau de exposição e essas substâncias tóxicas.
O relatório declarou que o problema da contaminação das terras aráveis na China chegou a um patamar “nada otimista”, porém não atualizou os dados relativos a áreas efetivamente contaminadas. A última estatística divulgada é de 2006, que indicou 185 milhões de hectares de terra contaminados; estudiosos acreditam que esse número refletiria a situação dos anos 1990 e que já em 2006 a área contaminada seria bem maior. Assim, especula-se em cerca de 400 milhões de hectares estejam afetados pela poluição, o equivalente a mais de 30% de toda a terra cultivável na China.
Sobre perspectivas futuras acerca do problema, o geólogo Pan Genxing acredita que a poluição do solo deva aumentar nos próximos 30 anos, o que, além de prejudicar seriamente a saúde pública, ocasionará uma queda da produtividade agrícola e grandes perdas econômicas em longo prazo. Pan Genxing defende que as autoridades governamentais não tem sido competentes no sentido de conter a poluição, pois o governo incentiva as províncias e os municípios a incrementarem sua produção bruta, deixando de lado a questão do descarte de resíduos tóxicos provenientes da atividade industrial; assim, esses resíduos são descartados irresponsavelmente, comprometendo a qualidade do solo arável.
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