Contaminação por botulismo em leite em pó e bebidas esportivas afeta vários países

27/08/2013 13:46 Atualizado: 27/08/2013 13:46
China, Rússia, Nova Zelândia e outros países estão retirando milhares de toneladas ou mais de produtos industrializados contendo soro do leite WPC80 da empresa neozelandesa Fonterra. A variedade de alimentos é grande, incluindo biscoitos e bolachas
Leite em pó contaminado provoca botulismo em bebês; mãe e seu bebê esperam em hospital de Pequim para serem atendidos (PETER PARKS/AFP/Getty Images)
Leite em pó contaminado provoca botulismo em bebês; mãe e seu bebê esperam em hospital de Pequim para serem atendidos (PETER PARKS/AFP/Getty Images)

A empresa Fonterra anunciou na primeira semana de agosto que três itens de seus produtos à base de soro de leite tipo WPC80, produzido em sua fábrica na Nova Zelândia, contêm a cepa do vírus Clostridium, causador do botulismo, que pode ser fatal especialmente em crianças.

Austrália, China e outros países estão retirando das prateleiras todos os alimentos produzidos com a fórmula afetada. Os produtos são utilizados em leite em pó, bebidas esportivas, bebidas energéticas ou misturados em alimentos de padaria e até mesmo em ração animal.

“A proteína do soro concentrado que nos interessa especialmente (WPC80) é utilizada pelos clientes da Fonterra em uma vasta gama de produtos, incluindo a fórmula infantil em pó (leite em pó) e bebidas esportivas, disse Gary Romano, diretor geral da divisão de produtos lácteos da Nova Zelândia, segundo um comunicado da Fonterra.

Acredita-se que cerca de 870 toneladas de produtos contaminados estão circulando atualmente, segundo o canal de TV Sairy, da Nova Zelândia. A empresa Fonterrra não informou quais empresas da cadeia serão afetadas pelo recall.

“Nós entramos imediatamente em contato com nossos clientes e as autoridades competentes, de modo que qualquer produto potencialmente afetado seja retirado do mercado”, comunicou a Fonterra.

O Ministério da Indústria da Nova Zelândia informou que os produtos afetados foram exportados para a Austrália, China, Malásia, Vietnã, Tailândia e Arábia Saudita. No entanto, estes derivam em outros produtos que podem seguir outros caminhos antes de chegar ao destino final. Na Austrália, o ministro Tim Groser anunciou uma investigação completa do caso, informou a ABC.

A hina pediu aos importadores para localizar e remover todos os produtos distribuídos no país. Uma rádio chinesa informou que três empresas de alimentos, duas de bebidas e três de produtos para animais foram afetadas. A Rússia suspendeu suas importações, de acordo com a agência ITAR TASS, conforme anunciou a ABC.

Entre os produtos de leite em pó da Nova Zelândia, as fórmulas infantis afetadas foram a Karicare Formula Stage 1, para crianças de 0-6 meses, e a Karicare Ouro, para crianças de 6-12 meses.

A mídia australiana afirma ser a segunda vez em 2013 que a Fonterra relata contaminação em seus produtos alimentícios.

Numa conferência de imprensa, um representante da empresa admitiu que as investigações tinham descoberto a causa da contaminação em um pedaço de tubo que não foi devidamente esterilizado e que é utilizado durante a produção dos três lotes de proteína de soro de leite concentrado. O equipamento foi limpo posteriormente, conforme relatado na TV na Nova Zelândia. A mídia local ABC acrescenta que isso aconteceu em 2012, o que provocou uma série de perguntas quanto ao tempo gasto para informar a contaminação.

Fonterra anunciou recentemente que em princípio identificou um potencial problema de qualidade em março deste ano, quando um produto testado revelou a existência do Clostridium. “Há centenas de diferentes cepas de Clostridium, a maioria inofensiva”, disse a empresa.

Apesar das reclamações, a Fonterra anunciou que “estamos agindo rapidamente. Nosso objetivo é obter informações sobre o produto potencialmente afetado o mais rápido possível para que ele possa ser retirado das prateleiras dos supermercados e, quanto aos que já foram comprados, que possam ser devolvidos”, em declaração.

“Amostras do produto foram submetidas a testes exaustivos durante os meses seguintes. Em 31 de julho de 2013, as evidências indicaram a possível presença de uma cepa de Clostridium (Clostridium botulinum) em uma amostra, o que pode causar botulismo”, acrescentou a Fonterra.