Consumidores chineses pressionados pela inflação

15/05/2013 14:13 Atualizado: 15/05/2013 15:38
Vendedor de vegetais num mercado em Shanghai em 18 de outubro de 2012 (Peter Parks/AFP/Getty Images)

A negação dos oficiais chineses sobre uma inflação perigosa não engana os consumidores, pressionados por todos os lados pelo aumento dos preços.

Embora a mídia controlada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) tente contrariar os rumores de aumentos de preços, os preços dos alimentos, energia, água e habitação estão inegavelmente em ascensão. Especialistas e estudiosos questionam se o PCC está publicando falsas estatísticas para fins políticos.

Os chineses estão se tornando extremamente prudentes em seus gastos e mais cínicos sobre a confiabilidade dos dados oficiais. Já em novembro de 2010, numa pesquisa online com quase 20 milhões de participantes, 86% votaram que sentiam que os dados da inflação dos preços ao consumidor não correspondem à sua percepção e que o custo de vida subiu muito mais do que os dados afirmam, segundo um artigo da Xinhua, uma mídia porta-voz do regime.

Chen Zhiwu, professor de finanças de Yale, escreveu num artigo de 12 de março que os números oficiais de inflação são difíceis de acreditar. Ele disse que “O regime chinês está criando prosperidade econômica superficial, mas a inflação causada pela impressão artificial de dinheiro está efetivamente tirando dinheiro das mãos das pessoas comuns. Isso é um tipo de pilhagem.”

Preço de itens essenciais cresce

O aumento do preço do combustível tem perturbado o setor de transporte na China, com taxistas reclamando e fazendo greve na província de Zhejiang em 1º de maio.

Assustados com os rumores de um aumento substancial dos preços, os consumidores correram para comprar gás natural antes que o preço subisse. Na noite de 27 de março, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do PCC negou os rumores de que o gás natural encareceria acentuadamente, mas logo os rumores se concretizaram repentinamente, chegando a 40% em algumas áreas.

O preço da água também tem previsão de subir. A mídia estatal informou que Wang Wenke, presidente da Companhia de Investimento Industrial em Água da China, estima um aumento de 10 vezes no valor atual da água ou 30-40 yuanes por tonelada. A Xinhua informou que as autoridades dizem que os consumidores devem esperar um aumento de 36%.

O reajuste do preço da água ocorreu em todo o país, segundo Fu Tao, diretor do Centro de Pesquisa Política da Água de Tsinghua, falando ao Time Weekly. Apesar das audiências públicas, as publicações oficiais não fazem sentido para o povo, disse ele.

Os preços dos alimentos, diretamente dependentes de combustível e água, aumentaram em conformidade. Em 9 de maio, a Secretaria de Estatística divulgou dados econômicos de abril que mostram aumento de preços de alimentos, sendo maiores para legumes, frutas e frutos do mar. Alguns legumes aumentaram mais de 24% no início de abril.

Preços não-alimentícios também continuam a subir. Novas restrições no mercado imobiliário podem levar alguns compradores a preferirem alugar um imóvel, o que elevaria o preço dos aluguéis, segundo dados recentes do Centro de Pesquisa Financeira Bancária.

Zhang Xu, pesquisador do mercado imobiliário, disse à imprensa chinesa que o rápido crescimento dos aluguéis desde 2009 levou o custo destes ao limite do que a maioria das famílias de baixa renda pode pagar. Em 2012, o aumento caiu para cerca de 10%, mas ele indicou que os aumentos anuais estabilizarão em torno desse patamar inflacionário.

O aperto da inflação

O aumento constante do custo de vida tem feito o cidadão médio orçar seus gastos cuidadosamente e sentir uma pressão sem precedentes, segundo entrevistados. Famílias de baixa renda são especialmente atingidas e estão no limite do que podem pagar.

O Sr. Lin, residente de Pequim, disse ao Epoch Times: “Meus pais vão ao supermercado todos os dias de manhã e à noite; às vezes, tomam um ônibus por uma hora apenas para comprar legumes e frutas.”

A Sra. Guo, residente antiga de Shanghai, expressou sua frustração: “Nestes últimos anos, os preços da habitação subiram muito rápido para comprar e os aluguéis dobraram. Mês que vem, sairei da cidade para viver ainda mais longe; isso me fará gastar mais tempo para chegar ao trabalho, embora o aluguel seja mais barato.”

“Os salários definitivamente não estão subindo tão rápido quanto os preços ao consumidor. Às vezes, eu vou ao shopping para observar, mas não posso comprar nada. Após pagar pelas necessidades, não resta muito dinheiro e, ocasionalmente, tenho de pedir dinheiro emprestado”, disse Shen, um designer de Suzhou, ao Epoch Times.

O Sr. Liu e sua esposa, da cidade de Fushan, têm um bebê de quatro meses. Ele disse numa entrevista por telefone: “A vida não é mais fácil nas cidades menores. Por exemplo, o leite em pó na China não é seguro, por isso, compramos uma marca japonesa que custa 298 yuanes (US$ 48,52) por lata.” Ele diz que mais da metade da renda mensal familiar é gasta em despesas do bebê.

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