Construção de arranha-céus são um presságio a crise financeira na China, segundo analistas

13/08/2013 12:56 Atualizado: 14/08/2013 07:59
A Torre Jin Mao no distrito financeiro de Pudong em Shanghai
A Torre Jin Mao no distrito financeiro de Pudong em Shanghai (Peter Parks/AFP/Getty Images)

Será que os arranha-céus superaltos na China são novos presságios de desgraça, os presságios inevitáveis ​​de uma bolha econômica prestes a estourar? A China parece pensar assim.

Se a recessão econômica em que o Índice de Arranha-céus, que conecta a construção de edifícios ultra-altos com o colapso econômico, constrói sua situação é o resultado de um ciclo econômico previsível, uma espécie de maldição moderna da múmia ou a natureza punindo a arrogância, o regime chinês parece estar nervoso.

Apenas alguns dias depois da CNN dizer que o boom de construção de arranha-céus na China pode ser “o arauto da ruptura da bolha econômica” e sugerir um colapso econômico iminente, o regime chinês emitiu uma repreensão severa na mídia estatal para as cidades envolvidas em competições de arranha-céus.

Advertindo que, embora o Índice de Arranha-céus não seja considerado um conceito científico, a mídia estatal admite que o frenesi de construção de arranha-céus na China de fato faz o alarme soar. Há 470 arranha-céus existentes não residenciais, 332 arranha-céus em construção e outros 516 programados para serem construídos no país, com uma competição de arranha-céus em Wuhan (com planos para fazer o mais alto do país), um de 660 metros em Shenzhen e outro de 700 metros em Qingdao, Shandong, segundo o WantchinaTimes.

Advertindo as cidades a manterem a cabeça fria e lembrando-lhes que um número excessivo de arranha-céus pode exacerbar a bolha imobiliária, a mídia porta-voz estatal Global Times acusou as cidades chinesas de “interpretação superficial da urbanização”, embora admitindo que alguma correlação entre os arranha-céus e ciclos econômicos possa de fato existir.

As autoridades inesperadamente bloquearam a construção do próximo arranha-céu recordista mundial, o Sky City em Changsha, logo após o impaciente Grupo Broad iniciar as obras sem a aprovação oficial no final de julho.

Quando o Financial Times perguntou ao desenvolvedor do Sky City, Zhang Yue, no ano passado, se ele esperava obter aprovação para prosseguir o projeto, ele respondeu: “Sem dúvida conseguiremos aprovação. É apenas uma questão de tempo”, mas as autoridades ordenaram a interrupção dos trabalhos, quando ele prosseguiu independentemente.

Índice de Arranha-céus

Analistas já tensos sobre a desaceleração econômica da China têm observado ansiosamente o Índice de Arranha-céus e a bolha imobiliária da China por mais de um ano, desde que o banco de investimentos internacional Barclays Capital apontou a China e a Índia em janeiro de 2012, alertando que “nosso índice de arranha-céus continua a mostrar uma correlação não saudável entre a construção de arranha-céus e a iminente crise financeira – Nova York 1930; Chicago 1974; Kuala Lumpur 1997 e Dubai 2010”, informou a AFP.

Cada um destes lugares construiu ou começou a construir o edifício mais alto do mundo pouco antes de um colapso econômico.

O Barclays Capital concluiu: “Por que a história prova-se correta, este boom de construção na China e na Índia poderia simplesmente ser um reflexo de uma má alocação de capital, o que pode resultar numa correção econômica para duas das maiores economias da Ásia nos próximos cinco anos.”

Com uma precisão inquietante, o Índice de Arranha-céus “tem uma boa correlação de 150 anos entre os edifícios mais altos do mundo e as desacelerações econômicas e recessões”, disse o economista Andrew Lawrence, do Grupo CIMB, que inventou o índice.

“Para a China, não há razão por que a correlação mudaria”, disse ele à CNN no início deste mês.

A mídia estatal chinesa assegurou a seus leitores que não há motivo para preocupação, salientando que a conclusão em 1931 do edifício mais alto do mundo, o Empire State Building, ocorreu quando os Estados Unidos estavam em ascensão (ao invés de nas profundezas da Grande Depressão) e não resultou no colapso do país.

A mídia estatal esqueceu de dizer aos leitores chineses que os planos para o Empire State Building foram lançados apenas dois meses antes da grande quebra do mercado de ações em 1929, quando começou a Grande Depressão nos Estados Unidos.

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