Uso de buscadores de internet para difamar adversários reforça acusações de golpe
Uma fonte confiável em Pequim revelou recentemente que a saída do Google da China foi orquestrada pelo chefe da segurança doméstica chinesa Zhou Yongkang e por Bo Xilai, ex-secretário do Partido de Chongqing recentemente deposto. Li Changchun, chefe de propaganda da China, também desempenhou um papel. O principal objetivo era dar ao Baidu o controle sobre o mercado de busca da internet chinesa e usar suas pesquisas na batalha política.
As revelações são parcialmente corroboradas por um informe do Departamento de Estado publicado pelo WikiLeaks, que disse que, “Um contato bem situado alega que o governo chinês coordenou as invasões recentes dos sistemas do Google. De acordo com nosso contato, as operações sigilosas foram dirigidas pelo nível do Comitê Permanente do Politburo.” Essa revelação confirma uma série de fatos.
A revelação confirma que o governo dos EUA sabia há muito tempo que a saída do Google da China estava ligada ao governo chinês. No entanto, o governo dos EUA tendia a acreditar que o ataque se devia ao Partido Comunista Chinês (PCC) temer a liberdade de expressão. Em março de 2010, Departamento de Estado dos EUA disse que a saída do Google da China foi uma decisão comercial, eles não interviriam, mas continuariam a discutir a questão da liberdade na internet com a China. A Casa Branca reiterou sua posição de apoiar a liberdade de expressão na internet.
No entanto, ao dizer isto, os EUA perderam um dos pontos principais associados com o escândalo do Google, isto é, que o propósito de livrar a China do Google era reforçar o controle do Baidu do mercado de busca na internet, o que poderia então ser usado para enfraquecer a posição da atual liderança do PCC.
As pessoas que conduziram a trama eram oficiais profundamente envolvidos na perseguição ao Falun Gong, uma prática espiritual cujos adeptos foram brutalmente alvo de tortura e “reeducação” em campos de trabalho forçado. Zhou Yongkang e Bo Xilai precisavam assumir o controle do PCC para não serem responsabilizados por seus crimes, e eles pretendiam usar o Baidu como um reforço em sua campanha. Assim, a necessidade de esconder a perseguição do Falun Gong foi a causa das maquinações do Google-Baidu.
A notícia também demonstra que o PCC mentiu para o mundo. Em 23 de março de 2010, um oficial da seção de internet do Gabinete de Informação do Conselho de Estado disse, “Nós resolutamente nos opomos à politização de problemas comerciais, e expressamos insatisfação e indignação às ações e críticas injustificadas do Google.” Que os porta-vozes do Partido Comunista mentem, não é novo, embora seja importante observar.
As revelações também corroboram, mas não confirmam, a história que Zhou Yongkang e Bo Xilai tramavam um golpe contra a atual liderança. Uma versão da história do golpe foi contada por Wang Lijun a diplomatas norte-americanos quando ele tentou desertar no consulado americano em Chengdu no início de fevereiro, de acordo com Bill Gertz, um repórter da segurança nacional. Wang era braço direito de Bo Xilai. As revelações do Google-Baidu adicionam credibilidade a esse vazamento, porque mostram que Zhou e Bo estavam tomando medidas para deslegitimar o atual presidente Hu Jintao, o primeiro-ministro Wen Jiabao, e o suposto próximo presidente chinês Xi Jinping.
Paralelamente a isto estão os fatos públicos do que Bo Xilai fez em Chongqing com o apoio de Zhou Yongkang: ele iniciou o julgamento da “máfia” de Chongqing e reviveu a “cultura vermelha” da era da Revolução Cultural, ele também monitorou os líderes do governo central, foi conivente com as forças armadas locais, comprou armas, treinou soldados, e pagou especialistas e estudiosos para aclamarem seu “modelo de Chongqing”.
As revelações recentes mostram que forçar o Google fora da China foi parte dessa trama maior. Mas tudo sofreu uma brusca parada quando Wang Lijun tentou desertar no início de fevereiro. Os oficiais em questão estão agora sendo erradicados enquanto o sistema político chinês enfrenta uma enorme crise.