Espécies vegetais normalmente espalhadas por pássaros podem precisar da ajuda dos seres humanos devido à fragmentação do habitat das florestas, segundo um novo estudo publicado na edição de abril do periódico Ecologia.
O desmatamento cria fragmentos florestais que podem ser separados por grandes extensões de terras inóspitas. Alguns pássaros ajudam a propagar certos tipos de plantas comendo as sementes e defecando-as distante da planta originária. No entanto, se as sementes caem numa área que não promove o crescimento, a dispersão de longa distância das plantas é reduzida.
Uma equipe de cientistas investigou os efeitos da fragmentação na dispersão de sementes na floresta amazônica, a massa de terra mais rica em biodiversidade do mundo.
“Entender as consequências da fragmentação do habitat é uma grande área de pesquisa, porque é nisto que vários ecossistemas se transformaram – também, isto é tudo o que nos restou, ou é a direção para a qual caminhamos”, disse Emilio Bruna, da Universidade de Columbia, num comunicado à imprensa em Nova York. “Este é um problema que realmente pressiona o mundo todo.”
Os pesquisadores seguiram seis espécies de pássaros tropicais usando rádio telemetria, após alimentá-los com sementes da planta nativa Heliconia acuminata para entender seus hábitos digestivos e criar modelos estatísticos para estimar o quão longe os pássaros voam antes de defecar as sementes.
A equipe descobriu que apenas as espécies maiores, Turdus albicollis, de fato ingeriram as sementes, e voaram as maiores distâncias de todas as aves. As outras espécies geralmente pegavam a semente, mastigavam um pouco numa árvore próxima, e então as cuspiam.
“Muitas ecologias têm-se focado no movimento dos pássaros”, disse a autora principal Maria Uriarte, da Universidade de Columbia, segundo o comunicado. “Nós descobrimos que tudo está relacionado às grandes aves e onde elas gostam de estar.”
Os cientistas concluíram que os conservacionistas talvez precisem ajudar a dispersar as sementes quando os fragmentos florestais estiverem muito avançados, por exemplo, através da criação de corredores entre fragmentos de vegetação ou criando vegetações “trampolins”, onde pássaros e outros animais dispersores possam descansar enquanto se deslocam entre os fragmentos.
“Este estudo realmente destaca a importância, a palavra que é muito usada é ‘conectividade’, de descobrir maneiras de preservarmos fragmentos de habitats e mantê-los conectados uns aos outros”, disse Bruna.