Consequências da política de salário mínimo

06/05/2014 02:05 Atualizado: 06/05/2014 02:05

O salário mínimo por si só já é um malefício à sociedade, pois exclui do mercado de trabalho os indivíduos menos experientes e menos qualificados cuja mão de obra não vale o “mínimo”. Normalmente são os mais jovens e mais pobres que se encaixam nesse perfil e obrigados a partir para a informalidade; isso quando não se deixam atrair pela vida de crime, entrando para o tráfico, as organizações criminosas (como o PCC em São Paulo) e quadrilhas (sendo que essa vida é uma escolha do indivíduo que poderia tentar valorizar sua mão de obra com cursos profissionalizantes gratuitos existentes e “bicos” para ganhar experiência).

O aumento do salário mínimo agrava a situação, pois exclui ainda mais indivíduos e aumenta o custo das empresas via canetada de um burocrata, ou seja, sem que elas tenham feito qualquer programação para isso. Esse aumento de custo diminui o capital existente para investimentos, logo, os produtos e serviços ficam sucateados e a geração de postos de trabalho estagna; isso quando não há cortes de funcionários.

As empresas que pagam salário mínimo a funcionários cuja mão de obra não vale tal custo acabam por exigir muito mais desses indivíduos do que o normal dentro do mercado; uma maneira de compensar o investimento alto em algo que vale menos. Essas exigências muitas vezes (na maioria) estressam e desmotivam os funcionários, que prestam serviços inferiores.

Outro problema corrente é a desvalorização de profissionais que valem mais que o salário mínimo. Estes são contratados para receber o mínimo, pois como essas empresas tem um alto custo com quem vale pouco e é necessário estabilizar as contas, pagam menos para quem vale mais e/ou efetuam diversos cortes de custos, incluindo benefícios como cestas básicas, refeições pela empresa, café, etc. Para resolver esse problema e evitar a desmotivação desses profissionais melhor qualificados e/ou mais experientes, as empresas oferecem compensações como bonificações e comissões que dependerão do desempenho do funcionário e é possível visualizar essa situação claramente no setor de Call Center, onde há bonificações por metas atingidas como: número mínimo de ligações atendidas, casos resolvidos, notas de avaliação do atendimento, faltas, pontualidade, etc.

Foram desenvolvidos também os planos de carreira internos que visam identificar aqueles que desenvolvem melhor suas funções e estimulá-los a trabalhar com o máximo de qualidade em busca de posições melhores dentro da empresa. Bem, um grande problema gerado pelo salário mínimo é resolvido pelo próprio mercado com essas ações, contudo, isso não muda as demais implicações da existência desse e de seu aumento.

Mesmo o mercado resolvendo o problema da desvalorização de bons profissionais através da meritocracia e ações motivacionais, a exclusão da maioria (absoluta) dos menos qualificados e menos experientes do mercado de trabalho ainda é grave. Para essa questão, o Estado (que gerou o problema) oferece falsas soluções que levam ao agravo da situação, como concessão de diversos benefícios paliativos que incentivam os indivíduos a não trabalharem. Ora, se me matando de trabalhar eu terei menos renda e benefícios no curto prazo do que recebendo benesses estatais, por que trabalharei? Esse olhar no curto prazo (imediatista) comum aos menos esclarecidos resulta em diminuição da atividade econômica, aumento do gasto estatal com esses indivíduos e parasitismo.

Obviamente o salário mínimo não é a única causa desse fenômeno, porém, sem dúvida é um dos principais responsáveis. Se as empresas puderem contratar profissionais menos experientes e/ou menos qualificados pagando menos, elas o farão. Basta que lhes dêem o treinamento minimamente necessário para o desenvolvimento de suas funções e terão funcionários de menor custo para funções menores. Essas oportunidades possibilitam que essas pessoas adquiram experiência e qualifiquem-se ao longo do trabalho, valorizando sua mão de obra e aumentando seu poder aquisitivo no longo prazo obtendo empregos melhores ou com valorização interna nas próprias empresas.

A sobra de caixa mantém mais dinheiro nas empresas para investimentos em treinamento, estrutura, processos e qualidade de produtos e serviços, diminuindo custos com erros operacionais e administrativos, dinamizando a prestação e produção e melhorando a qualidade dos produtos e serviços. No longo prazo há o aumento sustentável do lucro dessas empresas e mais capital para novos investimentos que permitem o crescimento e desenvolvimento da atividade econômica.

A existência do salário mínimo também dá mais poder aos sindicatos, que se posicionam como “defensores” dos interesses de seus filiados que legitimam esse poder como meio de obter mais benefícios e renda e em menos tempo do que conseguiriam através da meritocracia. Havendo um salário mínimo, os sindicatos buscam legitimar suas campanhas por salários e benefícios maiores, aumentando o próprio poder. Essa atividade prejudica as empresas com perdas em greves e necessidade de aumentos fora do planejamento e que no longo prazo obrigam-nas a efetuarem diversos cortes, inclusive de funcionários. E para piorar, essas negociações estabelecem tetos mínimos acima do salário mínimo para contratação de novos funcionários agravando os danos já causados por este e maximizando-os.

Por causa dos pontos citados, é necessária a extinção do salário mínimo. Na atual conjuntura não haverá mais espaço para aumentos nos próximos anos. Mas não significa que o Estado não os concederá, o que poderá causar graves danos à economia, como aumento do desemprego, diminuição do poder aquisitivo do brasileiro (ao contrário do que pensam os esquerdistas) e recessão da atividade econômica.

Este artigo pode soar “alarmista”, contudo, expõe apenas a realidade das relações entre o salário mínimo e a economia e suas prováveis consequências para o trabalhador e a sociedade.

Roberto Barricelli é jornalista e assessor de imprensa do Instituto Liberal