O Conselho de Segurança das Nações Unidas pondera a imposição de sanções econômicas em ambos o Sudão e o Sudão do Sul, depois que o mediador de paz da União Africana instou que se fizesse algo para impedir a escalada da violência ao longo das áreas de fronteira em disputa.
Somando-se a urgência, o presidente sudanês Omar al-Bashir, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade em Darfur, prometeu “liberar” o Sudão do Sul na quarta-feira durante uma manifestação em Cartum, capital sudanesa.
A região de fronteira, rica em petróleo, tem sido a causa de atritos desde que o Sudão do Sul se separou em julho passado, mas o aumento da violência nas últimas semanas tem preocupado muitos observadores do Sudão com a possibilidade de outro banho de sangue como aconteceu em Darfur.
Houve movimento de tropas recente de ambos os lados em torno de Abyei. Lutas na terça-feira e quarta-feira terminaram com a morte de sete soldados sul-sudaneses e 15 soldados sudaneses.
No início deste mês, houve intensos combates em torno da área rica em petróleo de Heglig, dentro das fronteiras do Sudão. O Exército da Liberação Popular do Sudão do Sul (ELPS) ocupou Heglig clamando um acerto de contas com o Sudão por bombardear campos de petróleo a 100 milhas de distância na União dos Estados do Sudão do Sul algumas semanas antes.
Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU, disse a jornalistas na terça-feira que os membros do Conselho de Segurança, “reiteram sua demanda pelo fim completo, imediato e incondicional de todas as lutas”.
Na terça-feira, Haile Menkerios, um enviado especial da ONU, e Thabo Mbeki, representante da União Africana e ex-presidente da África do Sul, informaram o Conselho de Segurança. Posteriormente, Susan Rice disse a jornalistas que os enviados haviam “descrito uma situação preocupante em que ambas as partes estão travadas em […] ‘uma lógica de guerra'”.
O Júri de Intervenção Maior da União Africana, que atua como mediador entre Cartum e Juba, reforçou ainda mais que os países “ajam responsavelmente no espírito de cooperação em busca do estabelecimento de dois Estados viáveis”.
O Sudão do Sul se separou do Sudão em julho passado, mas muitas questões pendentes entre os dois países não foram resolvidas, principalmente como compartilhar as receitas do petróleo e a demarcação da fronteira, onde estão as mais ricas reservas.
O conflito atual é uma continuação de duas sangrentas guerras civis, em 1955-1972 e 1983-2005. A última reivindicou 2 milhões de vidas, principalmente em Darfur. A guerra terminou com um acordo de paz que enunciou os termos da separação do Sudão do Sul.