Conheça o estúdio de arte de 100 mil anos localizado na África do Sul

19/04/2014 14:19 Atualizado: 19/04/2014 14:19

Uma oficina pré-histórica de processamento de ocre com dois kits de ferramentas in situ veem sendo estudada desde sua descoberta em 2008 na caverna de Blombos, situada a sudeste na África do Sul.

Este é o estúdio de arte mais antigo do mundo, e tudo indica que foi utilizado para produzir ocre liquefeito para o uso em pintura, decoração e proteção da pele.

Os kits de ferramentas eram constituídos de conchas de abalone (Haliotis midae), uma delas com uma pedra de quartzo arredondada cobrindo-a. Os kits incluem uma mistura de ocre, assim como carvão, pedras de mó e martelo (usadas para afiar e moer). A pedra de quartzo arredondada tinha marcas de desgaste, manchas de ocre vermelho, e estava incrustrada com fragmentos de ossos.

A antiga oficina foi descoberta por uma equipe internacional sob a orientação de Christopher Henshilwood, professor e pesquisador da Universidade de Witwatersrand, em Johannesburg, além de diretor do Projeto Caverna de Blombos.

“O ocre pode ter sido aplicado com a intenção simbólica de decoração, em corpos e roupas durante a Idade da Pedra Média”, disse Henshilwood, num comunicado de imprensa.

A oficina era utilizada para moer, raspar e armazenar o ocre vermelho, o que se acredita ter sido uma prática comum na África e no Oriente Médio há 100 mil anos.

“Acreditamos que o processo de fabricação envolveu a fricção das peças de ocre em placas de quartzito para a produção de um fino pó vermelho”, explicou Henshilwood.

“Lascas de ocre foram esmagadas com quartzo, quartzito e pedras de mó, e depois combinadas com lascas aquecidas e esmagadas de ossos de mamíferos, carvão, lascas de pedra e um líquido, que era introduzido nas conchas de abalone e depois agitado suavemente.”

“Um osso foi provavelmente utilizado para agitar a mistura e transferir um pouco dela para fora da concha.”

O osso, identificado como uma escápula, foi provavelmente utilizado para extrair gordura e medula para serem misturados com o pigmento, produzindo assim uma liga.

Henshilwood disse que a descoberta fornece evidências dos “conhecimentos de química e da capacidade de planejamento em longo prazo” dos seres humanos que utilizaram o local há 100 mil anos.

Os kits de ferramentas estão exibidos no Museu Iziko, na Cidade do Cabo.