Conheça história do trágico sistema de transplantes forçados de órgãos na China

03/09/2015 12:08 Atualizado: 03/09/2015 12:08

Durante o mês de agosto, em Guangzhou, China, várias organizações médicas do ocidente indicaram que reconhecerão os avanços do sistema de transplantes de órgãos chinês. Os críticos dizem que agora é só esperar o desastre acontecer, pois se está reconhecendo um sistema abusivo e antiético de aquisição de órgãos que depende de prisioneiros, o que inclui prisioneiros de consciência. No contexto deste debate, o Epoch Times publica uma pequena linha do tempo sobre a história dos abusivos transplantes de órgãos na China.

Começo dos Transplantes

Depois de um início falho na década de setenta, a indústria de transplantes na China começou em 1980 com os órgãos de prisioneiros executados. Os receptores dos órgãos eram quase exclusivamente os altos funcionários do Partido Comunista.

Os Presos condenados à morte

Em 1984, o Ministério da Segurança Pública e outras agências estipularam uma norma para o transplante de órgão de prisioneiros: “O uso dos corpos ou órgãos de criminosos executados devem ser mantidos em estrito sigilo”. Até hoje esta norma não foi abolida.

Os prisioneiros Uigures

Durante os anos noventa, presos políticos, especificamente os pertencentes ao grupo étnico Uigur, começaram a ser o principal alvo de transplantes de órgãos. De acordo com o depoimento de ex-policiais e cirurgiões em Xinjiang, terra do povo Uigur, os órgãos eram removidos antes do coração dos presos ter parado de bater. Pelo que é conhecido, foi aqui que começou a prática de colheita de órgãos de prisioneiros que estavam vivos.

Falun Gong

Em 1999, o ex-líder do Partido Comunista, Jiang Zemin, começou uma perseguição em nível nacional da prática espiritual Falun Gong. Entre 70 e 100 milhões de chineses praticavam a disciplina no final dos anos noventa, de acordo com as estimativas oficiais do regime e do Falun Gong. Essas pessoas posteriormente se tornaram a principal fonte de extração de órgãos, devido aos benefícios que a prática gerava à saúde de seus adaptos.

Aumento do número de Transplantes

Em 2000, os números de transplantes de órgãos na China dispararam. Centros de transplante foram estabelecidos, novos cirurgiões foram treinados e os hospitais chineses começaram a anunciar que o tempo de espera por órgãos vitais seria de apenas algumas semanas.

Os Receptores de transplante cardíaco eram informados do tempo exato de espera pelo órgão. O que seria impossível se as execuções não estivessem marcadas. A nova grande fonte de órgãos era um mistério.

A fonte dos órgãos é exposta

A partir de 2006, chamadas telefônicas secretas e relatórios de investigação começaram a aparecer indicando que os praticantes de Falun Gong haviam se tornado a nova grande fonte de órgãos para transplante na China. Grupos como cristãos, tibetanos, uigures e ativistas de direitos humanos também foram mencionados, mas em escala comparativamente menor.

Refugiados do Falun Gong relataram que foram sujeitos a exames de sangue e das funções dos órgãos, que não eram comuns aos outros prisioneiros. Alguns também relataram ter sofrido ameaça de que, caso não renunciasse a sua fé, teriam seus órgãos retirados.

Revelações mais profundas

Com o passar dos anos, um quadro mais completo começou a surgir: especialistas – como David Kilgour, David Mattas e Ethan gutmann -, estimaram que mais de 60 mil prisioneiros de consciência do Falun Gong haviam sido mortos por seus órgãos, ou pior, tiveram seus órgãos retirados enquanto eles ainda estavam vivos.

Acobertamento

Em 2015, Huang Jiefu, Chefe do Departamento de Transplantes da China, acusou o poderoso ex-chefe de segurança, Zhou Yongkang, pela execução de um “imundo” sistema de colheita de órgãos de prisioneiros de consciência.

Jiang Yanyong, médico que expôs o surto de SARS em 2003, culpou Xu Caihou, um comandante militar superior, por permitir a colheita dos órgãos das pessoas vivas. Tudo foi visto pela crítica como uma tentativa de tirar a culpa da liderança da época. Enquanto isso, Huang Jiefu fez promessas ao Ocidente de eliminar progressivamente o uso de órgãos de prisioneiros.

Aceitação do Ocidente

As principais instituições médicas ocidentais parecem estar inclinadas a reconhecerem o sistema de transplantes da China como ético. Essa ação tem como objetivo incentivar a China a desenvolver leis que efetivamente impeçam as práticas antiéticas. Entretanto, muitos temem que isso possa apenas “entrincheirar” a abusiva e criminosa indústria de transplante de órgãos, deixando esquecidas as dezenas de milhares de pessoas que foram injustamente assassinadas e tiverem seus corpos vendidos.