Conheça a história de Laocoonte e do cavalo de Troia

27/08/2014 12:25 Atualizado: 27/08/2014 12:25

“A estrada para o inferno está pavimentada com boas intenções”, é uma expressão comum. No entanto, ter boas intenções é melhor do que abrigar más intenções, mas quem não causou confusão em algum momento de sua vida, apesar das boas intenções? Boas intenções nem sempre produzem bons resultados, nem são necessariamente boas.

Qual é a história por trás dessa escultura? Depois de anos de guerra, os gregos tiveram o plano astuto de esconder suas tropas num enorme cavalo de madeira do lado de fora da cidade de Troia, e Sinon, um espião grego, convenceu os troianos de que o cavalo tinha poderes mágicos.

Entretanto, o desconfiado sacerdote troiano Laocoonte tentou tudo que pôde para convencer seus concidadãos a queimarem o cavalo. Subitamente, ele foi acometido de cegueira, enquanto continuava tentando persuadir seus irmãos. Então, um dos deuses gregos (de acordo com diferentes versões da história, a divindade poderia ser Atena, Apolo ou Poseidon) convocou serpentes marinhas mortais para devorar Laocoonte e seus dois filhos.

Entre aspas: “A estátua não apenas agarra nossa atenção, mas também tem uma aura emocional para permitir-nos contemplar o tema por trás da imagem.”

Os troianos interpretaram o evento como um castigo dos deuses sobre Laocoonte por este ter atirado uma lança no cavalo de madeira. Então, eles prontamente decidiram transportar o cavalo para a cidade.

Assim, a vontade do céu decretou que os troianos fossem derrotados. O que parecia a coisa certa a fazer para Laocoonte, não era o que a história queria ou precisava que ocorresse, apesar de suas boas intenções.

Esta grande estátua representando Laocoonte e seus filhos remonta ao século I a.C. e foi escavada em Roma em 1506. O autor romano Plínio, o sábio, atribui a estátua a três escultores da ilha de Rhodes: Agesandro, Atenodoro e Polidoro. A obra foi copiada inúmeras vezes e tem estado na posse do Museu do Vaticano desde 1816.

Olhando o trio impotente em sua agonia pela sobrevivência, lutando com os tentáculos de sua desgraça, eu acho essa cena um tanto perturbadora, embora, sem ultrapassar os limites do bom gosto.

O ritmo rodopiante dos membros e corpo da serpente faz nossos olhos dançarem pela cena, o que contrasta agradavelmente com as linhas verticais dos reposteiros, o cortinado símbolo de sua cegueira e queda.

Laocoonte é dolorosamente exposto num trono de seu destino autoinfligido, enquanto seus dois filhos, vítimas das ações do pai, olham para ele por ajuda, mas é tarde demais.

Um tema de debate sobre esta escultura é o fato de que, enquanto a literatura grega compara “os gritos horríveis” de Laocoonte com “o berrar de um touro ferido”, aqui ele parece estar gemendo ao invés de gritar de terror.

A explicação mais provável é de G. E. Lessing, escritor do século XVIII, filósofo e crítico de arte, que argumentou que retratar Laocoonte com uma grande boca aberta, realmente berrando, teria feito a escultura simplesmente dolorosa demais para apreciar.

Além disso, tal representação teria tornado difícil para o espectador experimentar qualquer coisa além do horror na superfície. Desta forma, a estátua não apenas agarra nossa atenção, mas também tem uma aura emocional que nos permite contemplar o tema por trás da imagem: como somos às vezes derrotados ou até mesmo causamos dano a outrem por uma desnecessária ou indevida “boa intenção”.

Agindo inoportunamente por boas intenções é um padrão que a humanidade, iludida como sempre, ainda não conseguiu superar, apesar de seu progresso científico deslumbrante.

Wim Van Aalst tem mestrado em publicidade e design gráfico e é pintor autodidata que ensina técnicas tradicionais de pintura a óleo