O assassinato a tiros do opositor Boris Nemtsov despertou memórias da sociedade russa em relação aos adversários que têm desaparecido ou que tiveram um final trágico. Muitos deles morreram em circunstâncias misteriosas.
Nemtsov morreu enquanto caminhava com sua esposa perto do Kremlin, quando vários tiros tiraram a vida de um dos homens mais críticos à corrupção na Rússia, um dos poucos que se atreveu a criticar a intervenção de Putin na Ucrânia.
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Outros antes dele tiveram o mesmo destino, como no caso do espião Alexander Litvinenko ou da jornalista de origem russa Anna Politkovskaya.
Politkovskaya, jornalista nascida em Nova York mas de origem russa, foi baleado no elevador do prédio em que morava em Moscou, na época em que estava em uma investigação sobre a guerra na Chechênia. Anna Politkovskaya tornou-se famosa por escrever artigos sobre a Segunda Guerra Chechena e escreveu um livro polêmico contra a Rússia de Putin.
Imposição de uma ditadura soviética
“A Rússia de Putin: A vida em uma democracia falida”, é o título deste trabalho, que inclui uma crítica à presidência de Putin e como, de acordo com ela, os serviços secretos russos tentaram impor uma ditadura soviética no estilo da antiga União Soviética.
“Estamos caindo no abismo soviética, em um vácuo de informação que impede a morte de nossa ignorância”, diz um trecho de seu livro.
Litvinenko, ex-oficial do antigo Serviço de Segurança Federal da Rússia e da KGB, foi envenenado com uma dose de polônio-210 e morreu em 2006, semanas depois de ter dado entrado no hospital.
Litvinenko fugiu da perseguição russa e foi recebido no Reino Unido, onde recebeu asilo. Suas denúncias eram dirigidas principalmente ao governo de Putin, porque acusava seus serviços secretos de ter realizado atentados e outros atos terroristas para colocar Vladimir Putin no poder.
Stanislav Markelov e Anastasia Baburova, advogado e jornalista, também tiveram um fim trágico como resultado de suas críticas e de sua defesa das liberdades civis.
Markelov e Baburova foram mortos à tiros em 2009. No caso do advogado, ele era um conhecido crítico da barbárie que ocorreu nas guerras da Chechênia. Ativista de direitos humanos, assumiu a representação das vítimas chechenas.
Caso semelhante é o de Natalia Estemirova, ativista que trabalhava na investigação de abusos cometidos nas guerras da Chechênia, e que foi sequestrada em 2009. Poucos dias depois, ela foi encontrada morta em um bosque próximo a Moscou com ferimentos de bala na cabeça e no peito.