O tráfico ilegal de órgãos foi um dos temas do debate no Congresso de 2014 da Sociedade Italiana de Transplante de Órgãos (SITO). Os participantes condenaram a extração forçada de órgãos que ocorre na China.
Foi colocado o tema “um banco de órgãos vivos”, em particular no contexto da extração sistemática de órgãos de prisioneiros de consciência.
Segundo a SITO, existem pelo menos 10.000 transplantes ilegais por ano com preços surpreendentes: na China, onde o regime controla os hospitais e a comunidade médica, um rim pode valer 70.000 dólares. A extração de órgãos de presos condenados a morte é uma prática que vai contra as normas da ética médica. Em outubro de 2013, a Associação Médica Mundial determinou expressamente que “nas jurisdições onde se pratica a pena de morte, os presos executados não podem ser considerados como doadores de órgãos ou tecidos”.
“Nós conhecemos a situação da China”, disse o professor Franco Citterio, presidente da SITO. “[Esse país] tem sido sancionado pela Sociedade Internacional de Transplantes. O governo chinês fez algumas declarações dizendo que isso não voltaria a acontecer. Mas parece que não é o que ocorreu e que continuam com a extração ilegal”.
Em novembro de 2013, a China firmou a resolução de Hangzhou, que recebeu elogios por parte da comunidade médica internacional, declarando a intenção de por fim à extração de órgãos de presos executados.
No entanto, somente alguns meses mais tarde, em março de 2014, as autoridades chinesas declararam que a China continuava utilizando órgãos de presos e que seus corpos seriam incluídos num novo sistema informatizado para classificação de órgãos.
“Na China, os doadores são assassinados”, disse a dra. Katerina Angelakopoulou, porta-voz da Associação DAFOH (Médicos Contra a Extração Forçada de Órgãos) da Itália. Essa associação tem como objetivo proteger a ética médica e foi fundada em 2007. DAFOH contou com um estande no Congresso.
DAFOH está liderando uma campanha internacional contra a extração forçada de órgãos na China. Um grupo de médicos decidiu estabelecer esta organização depois da investigação realizada em 2006 pelo advogado de direitos humanos David Matas e o ex-secretário do Canadá David Kilgour.
Eles publicaram o documento “Colheita Sangrenta”, em que afirmaram que entre 2000 e 2005 foi extraído de maneira forçada pelo menos 41.500 órgãos, dos praticantes do Falun Gong enquanto ainda estavam vivos. Falun Gong é uma disciplina meditativa perseguida pelo regime chinês.
“Creio que a comunidade internacional deve condenar ativamente e exercer pressão contra isto”, sugeriu Citterio, e acrescentou que, por exemplo, na Itália por um rim, há uma espera de pelo menos dois anos, enquanto que na China a espera é de aproximadamente 1 a 4 semanas.
Em março de 2013, o comitê de Direitos Humanos do Senado italiano aprovou uma resolução contra a extração forçada de órgãos na China. Em seguida, no prazo de dois meses lançou uma coalisão de membros do Parlamento italiano.
“Existe uns 12 deputados que tem o desejo de cooperar a nível internacional, com o objetivo de por fim a esta prática pouco ética na China”, disse a dra. Angelakopoulou.
O congresso ocorreu em Siena no final de setembro.