Os Estados Unidos admitiram hoje que não haverá uma normalização “completa” das relações com Cuba até que termine o embargo comercial à ilha, algo que só pode ser resolvido “a longo prazo”, e que espera que na rodada de negociações desta semana sejam eliminados os últimos obstáculos para abrir uma embaixada americana em Cuba
Um alto funcionário norte-americano, que pediu anonimato, falou hoje (21) aos jornalistas sobre as perspectivas para a quarta rodada de negociações entre os EUA e Cuba, que terá lugar esta semana em Washington. Ele ressaltou que “a restauração das relações diplomáticas é o primeiro passo”, seguido da “nomeação de embaixadores”, e recordou que o presidente Barack Obama já pediu ao Congresso para retirar o embargo a Cuba.
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Raul Castro disse na semana passada que quando nomear um embaixador cubano nos Estados Unidos o que estará fazendo é “alargar” as relações, mas para chegar à fase de normalização “o bloqueio deve ser removido por completo e a base de Guantánamo deve ser devolvida”.
“Há provavelmente uma diferença na forma como nós interpretamos as coisas, mas a diferença não é tão grande como alguns acreditam”, disse o funcionário em uma entrevista coletiva por telefone. “É verdade que relações totalmente normais não incluem um embargo econômico, não incluem sanções econômicas. Essas não são relações políticas e econômicas normais. Nesse sentido, em parte (Castro) está certo, mas isso faz parte de uma normalização (de relações) de longo prazo”, disse ele.
No entanto, o funcionário reiterou que o estado da base naval dos EUA em Guantánamo “não faz parte das negociações” para restaurar as relações e não será discutido esta semana.
“O presidente (Obama) deixou claro que não tem interesse em ter esta conversa. O que nós concordamos com o presidente Castro é a restauração das relações. Eu não posso dizer o que vai acontecer no futuro sobre isso, mas digo que não está em discussão neste momento”, declarou.
A preocupação de Castro sobre as aulas para jornalistas independentes dadas pela Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana, o funcionário respondeu que “não é segredo que os cubanos não gostam de nossos programas sobre democracia.” Ele disse que, por enquanto, não há nenhuma intenção de alterar ou cancelar este programa e sublinhou que diplomatas dos EUA não ensinam, eles são acadêmicos e são os jornalistas que o fazem.
O funcionário confirmou que o próximo dia 29 de maio é o prazo para que o Congresso se pronuncie sobre a decisão de Obama de excluir Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo, embora pudesse demorar “um dia ou dois” para entrar em vigor porque ficará faltando sua publicação no Registro Federal dos Estados Unidos.
“Até onde eu sei, não há nenhum esforço por parte do Congresso para bloquear a retirada de Cuba dessa lista”, disse ele.
Ele também explicou que, a fim de abrir uma embaixada em Cuba, os Estados Unidos devem enviar um aviso ao Congresso com 15 dias de antecedência, mas os legisladores não têm o poder para impedir que isso seja feito.
Ela acrescentou que o aviso poderia ser enviados até mesmo “antes de chegarem a um acordo” com Cuba sobre a abertura de embaixadas a fim de agilizar o processo, e isso não significa “necessariamente” que dentro de 15 dias a embaixada será aberta.
A fonte disse que estava “bastante otimista” de que pode-se chegar a um acordo, se possível nesta rodada de negociações, que satisfaça as “exigências” dos Estados Unidos para abrir uma embaixada em Havana, e sublinhou que já resolveu alguns dos pontos chave.