Congresso do Partido Comunista Chinês produz resultado inútil

19/11/2012 06:30 Atualizado: 19/11/2012 06:30
Um equilíbrio de poder instável e temporário não salvará o PCC
Os antigos líderes do Partido Comunista Chinês aplaudem de pé durante o encerramento do 18º Congresso Nacional em Pequim em 14 de novembro (Lintao Zhang/Getty Images)

As facções que dominam o Partido Comunista Chinês (PCC) continuam a estrangular-se e um cuidadoso equilíbrio de poder tomou forma por trás dos altos muros vermelhos de Zhongnanhai, a central da liderança do PCC.

Em 15 de novembro, o primeiro plenário do 18º Congresso do PCC divulgou os nomes do novo Comitê Permanente do Politburo.

Xi Jinping, como esperado, tornou-se o secretário-geral do Partido Comunista e, para a surpresa de alguns, presidente do Comitê Militar Central, ou chefe das Forças Armadas da China, sucedendo Hu Jintao em ambos os postos. Li Keqiang se tornou o primeiro-ministro, sucedendo Wen Jiabao.

Os sete membros do Comitê Permanente são: Xi Jinping, Li Keqiang, Zhang Dejiang, Yu Zhengsheng, Liu Yunshan, Wang Qishan e Zhang Gaoli.

A nova composição do Comitê Permanente está longe de ser a vontade do público, mas os desejos do público não foram considerados. Como o resultado deste jogo de alto risco, o poder militar está nas mãos de subordinados próximos de Hu Jintao e Xi Jinping, enquanto o poder do PCC e do governo assumiu uma coloração característica da facção do ex-líder chinês Jiang Zemin. As forças reformistas se encolheram.

Este acordo proporciona um equilíbrio de poder no PCC, mas o equilíbrio está condenado a ter curta duração. As razões para o conflito permanecem à vista e uma grande tempestade se aproxima.

Protegendo o PCC

A situação atual está muito relacionada tanto com o temperamento do líder chinês Hu Jintao que deixa o cargo quanto com o desespero dos membros da facção de Jiang Zemin. Uma pessoa diferente de Hu Jintao teria aproveitado a chance dada a ele em fevereiro para resolver de uma vez por todas seu conflito de uma década com Jiang Zemin e colocar sua marca na China.

Depois que Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, Wang Lijun foi levado para Pequim. Lá, ele revelou o plano de Bo Xilai, Zhou Yongkang e outros para removerem Xi Jinping do poder após o 18º Congresso do PCC.

Hu Jintao e Wen Jiabao começaram a trabalhar metodicamente, dando passos cautelosos e graduais para desmantelar a facção de Jiang Zemin. Bo Xilai foi removido de seus cargos, submetido ao interrogatório abusivo do PCC chamado ‘shuanggui’, ameaçado com um julgamento e, em seguida, expulso do PCC e entregue à corte criminal. Os comparsas de Bo Xilai em Chongqing foram eliminados.

O chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang foi marginalizado, seu pessoal no Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) substituído e mudanças institucionais foram feitas no CAPL para limitar seu poder. Zhou Yongkang tinha um assento no Comitê Permanente, seu sucessor à frente do CAPL não terá.

Hu Jintao também mudou a lotação de muitos generais, certificando-se de que seu pessoal estivesse nas posições-chave.

O poder de Hu Jintao chegou a seu auge antes do 18º Congresso. Ele controlava os militares e até mesmo Jiang Zemin estava sob sua autoridade.

Mas depois de garantir que estava em posição superior, em vez de finalmente derrubar Zhou Yongkang e Jiang Zemin e destruir a facção de Jiang Zemin, Hu Jintao recuou. Ele quis proteger o PCC e o PCC não pode sobreviver uma luta até o fim com Jiang Zemin.

“A rede está rasgada”

A facção de Jiang Zemin não podia admitir tais cuidados.

O lema da resistência da facção de Jiang Zemin contra Hu Jintao foi involuntariamente dado por Wang Lijun, quando ele saiu do consulado dos EUA em Chengdu em 7 de fevereiro. Ele disse para a multidão que se reuniu, “o peixe morre e a rede está rasgada”, um provérbio chinês que ilustra uma imagem de destruição simultânea.

A facção de Jiang Zemin teme ser extinta se não detiver o poder. Somente permanecendo no controle pode esta facção evitar ser responsabilizada por seus inumeráveis crimes contra a humanidade.

Este temor levou às notícias que apareceram na Bloomberg e no New York Times reivindicando documentarem, respectivamente, a riqueza das famílias de Xi Jinping e de Wen Jiabao. Toda a liderança do PCC teme a exposição das enormes fortunas que os líderes principais fizeram. A grande maioria da China ainda é muito pobre e os chineses odeiam como a elite do PCC enriqueceu às custas do povo.

Zhou Yongkang deixou claro que o próximo passo seria publicar informações semelhantes sobre a riqueza de Hu Jintao, Li Keqiang, Li Yuanchao e outros. Isso equivaleria a derrubar o edifício do PCC sobre suas cabeças.

Acordo firmado

A chantagem funcionou. A fim de preservar o PCC, Hu Jintao sentiu que não tinha escolha, a não ser fazer um acordo. Nenhum membro do CAPL entraria no Comitê Permanente do Politburo, mas três indivíduos associados a Jiang Zemin – Zheng Dejiang, Liu Yuanshan e Zhang Gaoli – entrariam a bordo. Eles tomariam lugares originalmente destinados a membros-chave da facção de Hu Jintao, incluindo Wang Yang e Li Yuanchao, que são conhecidos como reformadores.

Enquanto isso, para dar mais liberdade a Xi Jinping e Li Keqiang, Hu Jintao decidiu se aposentar completamente, a fim de romper com a regra silenciosa que veteranos que se aposentam do PCC podem interferir com a administração do país. Jiang Zemin se aposentou em 2004, mas tem se intrometido regularmente nas questões de Estado, seguindo um precedente estabelecido por Deng Xiaoping. Hu Jintao, que poderia ter ficado como chefe dos militares por mais dois anos, tentou com sua desistência desvalidar este precedente de qualquer autoridade.

No entanto, não importa o quão firmemente Hu Jintao tente proteger o PCC, na melhor das hipóteses, ele só poderá conseguir um equilíbrio de curta duração. O regime comunista chinês há muito tempo vive uma existência precária, mas agora mais do que nunca.

Ilusões de dissolução

Todos na China têm sofrido com o PCC. Isso causou a morte de mais de 80 milhões de cidadãos chineses, a perseguição de centenas de milhões de pessoas e crimes hediondos contra a humanidade. Mais recentemente, o PCC tem perseguido 100 milhões de praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong.

As esperanças de que o PCC poderia adotar o Estado de Direito foram arruinadas. A moral da sociedade está em colapso. As finanças do Estado estão em crise.

O PCC perdeu o apoio popular: mais de cento e vinte milhões de pessoas já renunciaram toda associação com o PCC e suas organizações afiliadas. O número de incidentes de massa – protestos ou tumultos em grande escala – continuam a crescer, com fontes oficiais do Estado dizendo que houve 80 mil desses eventos em 2007. Fontes não oficiais dizem que o número anual de incidentes de massa agora ultrapassa 100 mil.

No centro do poder estão indivíduos com interesses particulares, que estão destinados a não fazer qualquer reforma real. Seus interesses produzirão intensos conflitos com o público. Além disso, os membros da facção de Jiang Zemin, que foram anunciados para o Comitê Permanente têm péssima reputação. Nomeá-los é uma espécie de insulto e equivale a uma declaração de guerra contra o povo chinês. Mais incidentes de massa e revoltas se seguirão, com as pessoas abandonando o PCC em ritmo acelerado.

Enquanto isso, o equilíbrio temporário alcançado por Hu Jintao não fará nada para parar a luta de poder nos níveis mais altos do PCC.

O poder militar controlado pela facção de Hu Jintao e Xi Jinping inevitavelmente entrará em conflito com o poder do Comitê Permanente do Politburo. Os membros da facção de Jiang Zemin não ficarão satisfeitos com sua porção de poder e exigirão mais, ainda em busca de sua segurança. Pode-se prever que não só que as lutas recentes continuarão, mas inclusive se tornarão mais graves.

O acordo de Hu Jintao também não fez nada para resolver os problemas fundamentais do PCC: seus inúmeros crimes, intermináveis mentiras e segredos. No mês passado, os líderes do PCC tremeram de pavor com um artigo que detalhou a riqueza da família do premiê Wen Jiabao. Em seguida, podem vir informações sobre dados econômicos falsos que o PCC usa para se promover. Ou o público pode descobrir a verdadeira extensão da perseguição ao Falun Gong. Ou, talvez, informações sobre as atrocidades em massa cometidas por meio da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas podem ser reveladas.

Então, os esforços de Hu Jintao para prolongar a vida do PCC foram inúteis.

O povo chinês, porém, ganhou de certa forma com os esforços de Hu Jintao. Ao olhar para os novos candidatos do Comitê Permanente do Politburo, o povo chinês pode ver claramente e mais uma vez que tudo o que o PCC faz é exclusivamente para proteger seu poder. A esperança e a ilusão da reforma do PCC estão acabadas.

Enquanto o povo chinês vê relado diante de si a natureza do Partido Comunista Chinês, este espírito ocidental, que causou destruição sobre os povos do mundo por quase uma centena de anos se desintegrará e a China terá suas esperanças renovadas.

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